Não deliberamos sobre as estações do ano, o movimento dos astros, a forma dos minerais ou dos
vegetais. Não deliberamos e nem decidimos sobre aquilo que é regido pela Natureza, isto é, pela
necessidade. Mas deliberamos e decidimos sobre tudo aquilo que, para ser e acontecer, depende
de nossa vontade e de nossa ação. Não deliberamos e não decidimos sobre o necessário, pois o
necessário é o que é e o que será sempre, independentemente de nós. Deliberamos e decidimos
sobre o possível, isto é, sobre aquilo que pode ser ou deixar de ser, porque para ser e acontecer
depende de nós, de nossa vontade e de nossa ação.
Marilena Chauí, Convite à Filosofia
O texto acima define um importante campo da ação humana, denominado
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Ética
Tema central: o texto distingue o que é regido pela necessidade (não depende de nós) do que depende da vontade e da ação humanas — ou seja, do campo em que deliberamos e decidimos. Essa oposição entre necessário e possível é típica do discurso ético/prático: trata da ação humana livre e da responsabilidade.
Resumo teórico (claro e progressivo): - Ética (filosofia prática) investiga os princípios que orientam nossas escolhas e ações, o que devemos fazer e por quê. Envolve juízos sobre o possível e o obrigatório à luz da vontade e da responsabilidade (ver Marilena Chauí, Convite à Filosofia; também tradição aristotélica em Ética a Nicômaco). - Diferencia-se da explicação causal das ciências naturais (que tratam do necessário) e de outras formas culturais (arte, religião) pelo foco na ação deliberada e na justificação racional das escolhas.
Justificativa da alternativa correta: O enunciado usa termos-chaves: deliberamos, decidimos, vontade, ação, possível. Esses indicam diretamente o campo da ética, que trata do agir humano e das decisões morais/práticas. Portanto, a resposta E é a mais adequada.
Análise das alternativas incorretas: - A — Filosofia: muito ampla. Embora a ética seja um ramo da filosofia, o texto aponta um campo específico (ação deliberada), não a filosofia como um todo. - B — Ciência: descreve e explica fenômenos regidos por leis/natureza (necessário), não o espaço da decisão voluntária. - C — Religião: envolve crenças e normas, mas o trecho enfatiza deliberação racional sobre possibilidades (vontade/ação), característica da ética filosófica; religião pode orientar, mas não é o foco conceitual do texto. - D — Arte: refere-se à criação estética; não trata, em geral, da tomada de decisões morais sobre o agir humano como campo teórico central.
Estratégia de prova (dicas práticas): procure por palavras-chave do enunciado — "deliberar", "decidir", "vontade", "ação", "possível" — que indicam filosofia prática/ética; ao eliminar alternativas, compare escopo (geral x específico) e função (descrever fenômenos vs orientar escolhas).
Fontes úteis: Marilena Chauí, Convite à Filosofia; Aristóteles, Ética a Nicômaco (para a ideia do agir deliberado).
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