Leia o fragmento da obra Lógica para principiantes, de Pedro Abelardo.
Uma palavra universal, entretanto, é aquela que é apta pela sua descoberta para ser
predicada singularmente de muitos seres, tal como este nome homem, que se pode ligar
com os nomes particulares dos homens segundo a natureza das coisas sujeitas
(substâncias) às quais foi imposto.
ABELARDO, P. Lógica para principiantes. Tradução de Ruy Afonso da Costa Nunes. São Paulo: Nova Cultural,
1988, p. 230. Coleção “Os pensadores” – grifos do autor.
Para Abelardo, a palavra universal
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: a questão trata do problema dos universais — isto é, do status ontológico e do significado de termos como “homem”, que se aplicam a muitos indivíduos. Esse é um tema clássico da metafísica e da lógica medieval (realismo vs. nominalismo vs. conceptualismo).
Resumo teórico progressivo:
- Realismo platônico: universais existem independentemente (mundo das Formas).
- Realismo aristotélico: universais existem, mas em imitação, vinculados às coisas particulares.
- Nominalismo: universais são apenas nomes/sons sem realidade além dos indivíduos.
- Conceptualismo (Abelardo): os universais não existem por si mesmos no mundo, mas são conceitos (construções mentais) que se referem a uma pluralidade de indivíduos semelhantes; há vínculo com a realidade: os conceitos representam semelhanças existentes nas coisas.
Por que a alternativa D é correta: ela expressa o conceptualismo abelardiano: o universal “por si mesmo, não existe” enquanto ente independente, porém refere-se a seres reais e designa uma multiplicidade de indivíduos semelhantes — exatamente a posição que Abelardo defende.
Análise das alternativas incorretas:
- A: descreve um realismo platônico extremo (universais como realidades separadas); não é a posição de Abelardo.
- B: reduz o universal a mero som/voz e a uma lista criada por Deus; mistura nominalismo com teologia de forma imprecisa e não capta o papel do conceito mental em Abelardo.
- C: afirma que o universal é uma “mera ideia abstrata, sem vínculo” com o mundo corpóreo — isso contradiz Abelardo, que mantém que os conceitos representam características reais nas coisas.
Estratégia para provas: procure nos enunciados palavras-chave: “por si mesma não existe”, “designa pluralidade”, “refere-se a seres reais” apontam para conceptualismo; termos como “existe separadamente” → realismo platônico; “mero nome/voz” → nominalismo. Elimine alternativas que extremem a independência ontológica ou a completa ausência de vínculo com a realidade.
Fontes sugeridas: Abelardo (obras lógicas); Stanford Encyclopedia of Philosophy — verbete “Universals” (para panorama histórico).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






