O Eufrates não é um rio manso e amistoso como o Nilo, com uma inundação de fim de verão,
regular como um relógio, que prepara a terra para o plantio do trigo no inverno. [...] Ele
transborda de suas margens, de forma errática e imprevisível, durante a primavera, quando a
semente já no chão tem de ser protegida, primeiro para não se afogar sob as águas da
enchente; segundo, para não secar sob o sol escaldante, que faz evaporar mais da metade do
fluxo do rio antes que ele chegue ao mar.
(Paul Kriwaczek. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização, 2018.)
O excerto faz uma comparação entre a sociedade da Suméria e a do Egito da Antiguidade,
acentuando, entre elas,
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: a questão trata da relação entre ambiente natural e organização social nas primeiras civilizações (Suméria/Mesopotâmia vs Egito). É preciso entender como características dos rios (Eufrates imprevisível; Nilo regular) condicionavam técnicas agrícolas, obras hidráulicas e formas de cooperação e poder.
Resumo teórico: sociedades fluviais dependiam da gestão da água. No Egito, a cheia anual e previsível do Nilo favoreceu um calendário agrícola regular e um poder estatal centralizado. Na Mesopotâmia, as cheias erráticas exigiram sistemas de canais, diques e coordenação entre comunidades — fatores que impulsionaram esforços contínuos de controle ambiental. (Ver: Paul Kriwaczek; teorias sobre sociedades hidráulicas de Karl Wittfogel; sínteses em Encyclopaedia Britannica e obras de Marc Van De Mieroop.)
Por que a alternativa C é correta: o excerto descreve problemas práticos — enchentes imprevisíveis e evaporação — e a necessidade de proteger a semente. Isso enfatiza os esforços humanos para aproveitar e controlar condições naturais (irrigação, obras e gestão coletiva/organizacional). A alternativa C resume exatamente essa ideia.
Análise das alternativas incorretas:
A — "aspectos divergentes do ponto de vista da natureza das atividades econômicas": incorreta, pois ambos eram sociedades agrárias; a diferença é na gestão da água, não no tipo básico de atividade econômica.
B — "ausência de organização militar": o texto não aborda forças militares; além disso, Mesopotâmia teve conflitos pelo controle da água e terras, logo não há indicação de ausência militar.
D — "padrões distintos de submissão da mão de obra capturada nas guerras": o trecho trata de ecologia e técnicas agrárias, não de tratamento de prisioneiros ou escravização.
E — "existência de sociedades sustentadas pela propriedade coletiva das terras": também não é tema do excerto; a questão foca em adaptações técnicas e organizativas para lidar com a água.
Dica de interpretação: procure no enunciado palavras-chave que indiquem causa/efeito (ex.: "transborda", "imprevisível", "proteger a semente"). Elas mostram que o foco é ação humana diante do meio, não aspectos militares, jurídicos ou puramente econômicos.
Fontes sugeridas: Paul Kriwaczek, Marc Van De Mieroop, Encyclopaedia Britannica; leitura complementar sobre a "hipótese hidráulica" de Karl Wittfogel.
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