Questão d1597d45-04
Prova:FGV 2020
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Antiguidade Oriental (Egípcios, Mesopotâmicos, Persas, Indianos e Chineses)

O Eufrates não é um rio manso e amistoso como o Nilo, com uma inundação de fim de verão, regular como um relógio, que prepara a terra para o plantio do trigo no inverno. [...] Ele transborda de suas margens, de forma errática e imprevisível, durante a primavera, quando a semente já no chão tem de ser protegida, primeiro para não se afogar sob as águas da enchente; segundo, para não secar sob o sol escaldante, que faz evaporar mais da metade do fluxo do rio antes que ele chegue ao mar.

(Paul Kriwaczek. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização, 2018.)

O excerto faz uma comparação entre a sociedade da Suméria e a do Egito da Antiguidade, acentuando, entre elas,

A
os aspectos divergentes do ponto de vista da natureza das atividades econômicas.
B
a ausência de organização militar para a defesa dos terrenos férteis.
C
os esforços para o aproveitamento de condições naturais de sobrevivência social.
D
os padrões distintos de submissão da mão de obra capturada nas guerras.
E
a existência de sociedades sustentadas pela propriedade coletiva das terras.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: C

Tema central: a questão trata da relação entre ambiente natural e organização social nas primeiras civilizações (Suméria/Mesopotâmia vs Egito). É preciso entender como características dos rios (Eufrates imprevisível; Nilo regular) condicionavam técnicas agrícolas, obras hidráulicas e formas de cooperação e poder.

Resumo teórico: sociedades fluviais dependiam da gestão da água. No Egito, a cheia anual e previsível do Nilo favoreceu um calendário agrícola regular e um poder estatal centralizado. Na Mesopotâmia, as cheias erráticas exigiram sistemas de canais, diques e coordenação entre comunidades — fatores que impulsionaram esforços contínuos de controle ambiental. (Ver: Paul Kriwaczek; teorias sobre sociedades hidráulicas de Karl Wittfogel; sínteses em Encyclopaedia Britannica e obras de Marc Van De Mieroop.)

Por que a alternativa C é correta: o excerto descreve problemas práticos — enchentes imprevisíveis e evaporação — e a necessidade de proteger a semente. Isso enfatiza os esforços humanos para aproveitar e controlar condições naturais (irrigação, obras e gestão coletiva/organizacional). A alternativa C resume exatamente essa ideia.

Análise das alternativas incorretas:

A — "aspectos divergentes do ponto de vista da natureza das atividades econômicas": incorreta, pois ambos eram sociedades agrárias; a diferença é na gestão da água, não no tipo básico de atividade econômica.

B — "ausência de organização militar": o texto não aborda forças militares; além disso, Mesopotâmia teve conflitos pelo controle da água e terras, logo não há indicação de ausência militar.

D — "padrões distintos de submissão da mão de obra capturada nas guerras": o trecho trata de ecologia e técnicas agrárias, não de tratamento de prisioneiros ou escravização.

E — "existência de sociedades sustentadas pela propriedade coletiva das terras": também não é tema do excerto; a questão foca em adaptações técnicas e organizativas para lidar com a água.

Dica de interpretação: procure no enunciado palavras-chave que indiquem causa/efeito (ex.: "transborda", "imprevisível", "proteger a semente"). Elas mostram que o foco é ação humana diante do meio, não aspectos militares, jurídicos ou puramente econômicos.

Fontes sugeridas: Paul Kriwaczek, Marc Van De Mieroop, Encyclopaedia Britannica; leitura complementar sobre a "hipótese hidráulica" de Karl Wittfogel.

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