Questão cafa9edb-b0
Prova:UFU-MG 2011
Disciplina:Filosofia
Assunto:Filosofia e a Grécia Antiga

A filosofia grega se expandiu para além das fronteiras do mundo helênico e influenciou outros povos e culturas. Com o cristianismo não foi diferente e, aos poucos, a filosofia foi absorvida. Conforme Chalita, um dos motivos dessa absorção foi: [...] a necessidade de organizar os ensinamentos cristãos, de reunir os fatos e conceitos do cristianismo sob a forma de uma doutrina e elaborar uma teologia rigorosa. (CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p. 94.)

Uma das características da patrística é a busca da conciliação entre a fé e a filosofia, e Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.), influenciado pelo neoplatonismo, tornou-se uma referência para a filosofia cristã. Em relação ao desenvolvimento das ciências naturais, porém, o pensamento de Agostinho não deu grande impulso uma vez que sua filosofia – tal como a do mestre Platão – não adotava os fenômenos naturais como objeto de reflexão.

Com base nos textos acima e em seus conhecimentos sobre a obra de Agostinho de Hipona, assinale a alternativa INCORRETA.

A
Agostinho de Hipona criou a doutrina da iluminação divina baseado na teoria da reminiscência de Platão, conciliando de modo original a fé cristã e o pensamento filosófico.
B
A observação, a experimentação e a aplicação dos princípios da geometria sobre os fenômenos naturais foi uma das principais características da filosofia de Santo Agostinho.
C
Conforme Agostinho de Hipona, a filosofia grega é um instrumento útil para a fé cristã.
D
As verdades eternas e imutáveis, que têm sua sede em Deus, só podem ser alcançadas pela iluminação divina.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a questão trata da relação entre a filosofia grega (especialmente o platonismo/neoplatonismo) e a patrística, focalizando Santo Agostinho. É preciso saber que Agostinho valorizou a iluminação divina, assimilou elementos platônicos e não fez da investigação empírica dos fenômenos naturais o centro de sua filosofia.

Resumo teórico essencial: Agostinho adapta o platonismo à fé cristã. Para ele, as verdades eternas existem em Deus (Cf. Confissões, Livro VII; Cidade de Deus). O conhecimento humano depende da iluminação divina, que torna possível apreender verdades universais. Ao contrário de Aristóteles, Agostinho não coloca a observação e a experimentação dos fenômenos naturais como método privilegiado para alcançar o conhecimento metafísico ou teológico (ver De Doctrina Christiana).

Justificativa da alternativa correta (por que B é a INCORRETA indicada): A alternativa B afirma que a observação, experimentação e aplicação da geometria aos fenômenos naturais foram características centrais da filosofia de Agostinho. Isso é falso. Agostinho não promoveu um método científico empírico como fundamento do saber; sua ênfase é na interioridade, na memória e na iluminação divina para alcançar verdades universais. Logo, afirmar que a experimentação e o uso geométrico dos fenômenos naturais foram "uma das principais características" de seu pensamento é incorreto — por isso B é a alternativa que deve ser assinalada.

Análise das demais alternativas:

  • A (correta): Agostinho desenvolve a noção de iluminação divina e dialoga com a teoria da reminiscência platônica, reinterpretando-a à luz do cristianismo — portanto, essa afirmação é aceitável.
  • C (correta): Para Agostinho, a filosofia grega funciona como instrumento útil para a fé (a filosofia prepara a mente para a verdade cristã); isso está em consonância com a patrística.
  • D (correta): A ideia de que as verdades eternas residem em Deus e são acessíveis por iluminação divina é central em Agostinho (Confissões VII), logo a afirmação é verdadeira.

Dica de prova: ao ler enunciados que mencionam "fenômenos naturais" ou "observação/experiência", contraste imediatamente com autores platônicos/neoplatônicos (incluindo Agostinho) e aristotélicos. Essa diferença metodológica costuma ser a armadilha em questões.

Fontes rápidas: Agostinho, Confissões (Livro VII); De Doctrina Christiana; Cidade de Deus. Chalita, G., Vivendo a Filosofia (cit. no enunciado).

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