O raciocínio indutivo, a partir de dados e fatos,
constitui um procedimento eficiente para a
elaboração de hipóteses e teorias científicas.
Parte do prestígio de que goza a ciência nos dias
atuais explica-se pelo método de investigação do
qual ela lança mão. Explorando aspectos desse
método, um filósofo da ciência contemporânea
afirma: “o preceito de que os dados devem ser
reunidos sem a guia de uma hipótese preliminar
sobre as conexões entre os fatos em estudo é
autodestruidor e, certamente, não é seguido na
investigação científica. Ao contrário, é necessário
tentar hipóteses que deem uma direção à
investigação científica. Essas hipóteses é que
determinam, entre outras coisas, quais dados
devem ser coligidos a um certo momento da
investigação” (HEMPEL, C. G. Filosofia da Ciência
Natural. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1974, p. 25). Com base nas teses defendidas no
texto acima e no método de investigação da
ciência, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: trata-se do papel da indução e das hipóteses no método científico — se a ciência se baseia simplesmente em induzir leis a partir de dados ou se as hipóteses orientam a coleta e o teste dos dados (modelo hipotético-dedutivo defendido por Hempel).
Resumo teórico: o indutivismo clássico (Bacon, Mill) sustenta que leis gerais decorrem da acumulação de fatos. Críticas importantes — Hume (problema da indução) e filósofos da ciência contemporâneos (por exemplo, Popper e Hempel) — mostram que a indução não justifica logicamente a passagem do particular ao universal. Hempel enfatiza que os cientistas costumam formular hipóteses preliminares que direcionam quais dados coletar; portanto, reunir dados “às cegas” é impraticável e autodestrutivo.
Por que a alternativa está correta (E — a afirmação é errada): a sentença afirma que o raciocínio indutivo é um procedimento eficiente para elaborar hipóteses e teorias. Isso é falso segundo a posição defendida no texto de Hempel e por grande parte da filosofia da ciência moderna. A formação de hipóteses envolve criação, pressupostos teóricos e direcionamento — não é mera generalização automática a partir de dados. Indução pode sugerir padrões, mas não garante que uma teoria seja verdadeira nem explica como hipóteses inovadoras surgem.
Exemplo prático: observar muitos cisnes brancos e inferir por indução que “todos os cisnes são brancos” pode levar a erro quando se encontra um cisne negro (problema clássico do raciocínio indutivo).
Dica para provas: atenção a termos absolutos como “constitui um procedimento eficiente”. Relacione a frase ao trecho citado (Hempel) — a alternativa que ignora o papel das hipóteses prévias está em desacordo com a visão hipotético-dedutiva e com as críticas ao indutivismo.
Fontes rápidas: Hempel, C. G., Filosofia da Ciência Natural (1974); Popper, K., The Logic of Scientific Discovery; Hume, Enquiry Concerning Human Understanding.
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