Os conflitos entre os humanos acompanham a história da
humanidade, desde seus primórdios, podendo-se inferir que
Antes da domesticação, as fronteiras eram fluidas.
A liberdade de abandonar um bando por outro
fazia parte integral da vida do coletor-caçador. A
integração mais ou menos obrigatória exigida
pelas sociedades complexas prepara o terreno
propício para a violência organizada. Em muitos
lugares, as chefias nasceram da supressão da
independência das comunidades menores. A
centralização proto-política nas Américas foi com
frequência impulsionada pelas tribos que
tentavam desesperadamente confederar-se para
combater ao invasor europeu. As civilizações
antigas foram criadas em função da guerra e se
pode dizer que a guerra é, ao mesmo tempo, a
causa e o resultado deste estado.
Não mudou grande coisa desde que a guerra foi
instituída pela primeira vez, enraizada no ritual e
encontrando terra fértil na domesticação.
Marshall Sahlins primeiramente apontou que o
crescimento do trabalho segue o desenvolvimento
da cultura simbólica. Pode se dizer que a cultura
gera a guerra, apesar das declarações contrárias.
Depois de tudo, o caráter impessoal da civilização
se desenvolve com o surgimento do simbólico.
Os símbolos (por exemplo, as bandeiras
nacionais) permitem a nossa espécie desumanizar
os nossos semelhantes, o que possibilita a
carnificina sistemática dentro da espécie. (ANTES
DA DOMESTICAÇÃO... 2017)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D
Tema central: o enunciado aborda a relação entre guerra, formação de poderes centralizados e os processos sociopolíticos que moldaram Estados e nações. Para resolver a questão é preciso identificar qual alternativa descreve corretamente um processo histórico do século XIX: o surgimento do nacionalismo como força política contra a restauração do Antigo Regime após o Congresso de Viena (1815).
Resumo teórico rápido: Após as guerras napoleônicas, o Congresso de Viena tentou restaurar a ordem conservadora. Em reação, ideais liberais e nacionalistas cresceram — especialmente entre a burguesia — culminando em ondas revolucionárias em 1820, 1830 e 1848. Essas revoltas buscaram liberdades políticas, constituições e autodeterminação nacional. (Ver: Congresso de Viena, 1815; Eric Hobsbawm, "Nations and Nationalism since 1780".)
Justificativa da alternativa D: A alternativa D aponta corretamente que o nacionalismo do século XIX articulou-se como reação da burguesia às tentativas de restauração conservadora impostas pelo Congresso de Viena. As revoluções citadas (1820, 1830, 1848) são episódios clássicos dessa reação liberal‑nacional. Logo, D está historicamente alinhada com a bibliografia especializada.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: centralizações no Egito e Mesopotâmia explicam‑se por fatores como irrigação, administração de excedentes e lógica de controle territorial e religioso, não por “proteção de coletores-caçadores contra concorrência comercial externa”.
B — Incorreta: civilizações americanas e Estados centralizados surgiram muito antes do contato europeu; afirmar que resultaram da união contra invasores europeus confunde cronologia e processo.
C — Incorreta: a formação dos Estados modernos ocorreu num processo longo (Baixa Idade Média e Época Moderna) e não se explica primariamente por invasões de normandos/magyares/muçulmanos no sentido apresentado; a aliança entre rei, burguesia e nobreza é uma leitura anacrônica e imprecisa.
E — Incorreta: após a Segunda Guerra Mundial houve descolonização. A afirmação sobre protecionismo imposto pelas metrópoles às colônias recém‑independentes simplifica e distorce a realidade do pós‑guerra e da Guerra Fria.
Dica de prova: cheque coerência temporal e causal entre enunciado e alternativas; prefira opções que respeitem cronologia e fatores sociais/econômicos reconhecidos pela historiografia.
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