O Texto 6 relata uma situação polêmica sobre o
beijo na boca entre dois homens. Sobre o beijo, até onde
se tem notícia, o primeiro beijo entre pessoas do mesmo
sexo na história do cinema foi no ano de 1927, no filme
Wings (Asas). Os astros Buddy Rogers e Richard Arlen
interpretam dois pilotos de combate que disputam a afeição de uma mesma mulher (Clara Bow). Essa é a trama
do filme. Nenhum dos dois “mostra tanto amor por ela...
como demonstra um pelo outro.” O beijo foi bastante tímido. No ano de 2014, uma cena se destacou nas novelas
da Globo. O beijo gay entre Felix (Mateus Solano) e Niko
(Thiago Fragoso) que foi ao ar no último capítulo da novela
Amor à vida. Na verdade, a quebra de determinados
preconceitos ou mudança de comportamento geralmente
ocorre porque a sociedade constituída de homens está
em constante mudança. Há os que defendem a quebra
de paradigmas e lutam por sua liberdade e autonomia.
Dentre as correntes filosóficas citadas a seguir, marque a
alternativa que apresenta a corrente que contribuiu para
a valorização da autonomia e liberdade do indivíduo.
TEXTO 6
[…]
Amado (na sua euforia profissional) – Cunha,
escuta. Vi um caso agora. Ali, na praça da
Bandeira. Um caso que. Cunha, ouve. Esse caso
pode ser a tua salvação!
Cunha (num lamento) – Estou mais sujo do que pau
de galinheiro!
Amado (incisivo e jocundo) – Porque você é uma
besta, Cunha. Você é o delegado mais burro do
Rio de Janeiro.
(Cunha ergue-se.)
Cunha (entre ameaçador e suplicante) – Não pense
que. Você não se ofende, mas eu me ofendo.
Amado (jocundo) – Senta!
(Cunha obedece novamente.)
Cunha (com um esgar de choro) – Te dou um tiro!
Amado – Você não é de nada. Então, dá. Dá!
Quedê?
Cunha – Qual é o caso?
Amado – Olha. Agorinha, na praça da Bandeira.
Um rapaz foi atropelado. Estava juntinho
de mim. Nessa distância. O fato é que caiu.
Vinha um lotação raspando. Rente ao meio-fio.
Apanha o cara. Em cheio. Joga longe. Há aquele
bafafá. Corre pra cá, pra lá. O sujeito estava lá,
estendido, morrendo.
Cunha (que parece beber as palavras do repórter) –
E daí?
Amado (valorizando o efeito culminante) – De
repente, um outro cara aparece, ajoelha-se
no asfalto, ajoelha-se. Apanha a cabeça do
atropelado e dá-lhe um beijo na boca.
CUNHA (confuso e insatisfeito) – Que mais?
Amado (rindo) – Só.
Cunha (desorientado) – Quer dizer que. Um sujeito
beija outro na boca e. Não houve mais nada. Só
isso?
(Amado ergue-se. Anda de um lado para outro.
Estaca, alarga o peito.)
Amado – Só isso!
Cunha – Não entendo.
Amado (abrindo os braços para o teto) – Sujeito
burro! (para o delegado) Escuta, escuta! Você não
quer se limpar? Hein? Não quer se limpar?
Cunha – Quero!
Amado – Pois esse caso.
Cunha – Mas ...
Amado – Não interrompe! Ou você não percebe?
Escuta […]
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 12/13.)
TEXTO 6
[…]
Amado (na sua euforia profissional) – Cunha,
escuta. Vi um caso agora. Ali, na praça da Bandeira. Um caso que. Cunha, ouve. Esse caso pode ser a tua salvação!
Cunha (num lamento) – Estou mais sujo do que pau de galinheiro!
Amado (incisivo e jocundo) – Porque você é uma besta, Cunha. Você é o delegado mais burro do Rio de Janeiro.
(Cunha ergue-se.)
Cunha (entre ameaçador e suplicante) – Não pense que. Você não se ofende, mas eu me ofendo.
Amado (jocundo) – Senta!
(Cunha obedece novamente.)
Cunha (com um esgar de choro) – Te dou um tiro!
Amado – Você não é de nada. Então, dá. Dá!
Quedê?
Cunha – Qual é o caso?
Amado – Olha. Agorinha, na praça da Bandeira. Um rapaz foi atropelado. Estava juntinho de mim. Nessa distância. O fato é que caiu. Vinha um lotação raspando. Rente ao meio-fio. Apanha o cara. Em cheio. Joga longe. Há aquele bafafá. Corre pra cá, pra lá. O sujeito estava lá, estendido, morrendo.
Cunha (que parece beber as palavras do repórter) – E daí?
Amado (valorizando o efeito culminante) – De repente, um outro cara aparece, ajoelha-se no asfalto, ajoelha-se. Apanha a cabeça do atropelado e dá-lhe um beijo na boca.
CUNHA (confuso e insatisfeito) – Que mais?
Amado (rindo) – Só.
Cunha (desorientado) – Quer dizer que. Um sujeito beija outro na boca e. Não houve mais nada. Só isso?
(Amado ergue-se. Anda de um lado para outro. Estaca, alarga o peito.)
Amado – Só isso!
Cunha – Não entendo.
Amado (abrindo os braços para o teto) – Sujeito burro! (para o delegado) Escuta, escuta! Você não quer se limpar? Hein? Não quer se limpar?
Cunha – Quero!
Amado – Pois esse caso.
Cunha – Mas ...
Amado – Não interrompe! Ou você não percebe?
Escuta […]
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 12/13.)
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B — Iluminismo
1. Tema central
Questão sobre qual corrente filosófica contribuiu para a valorização da autonomia e da liberdade individual. É preciso identificar a tradição histórica que enfatiza razão, direitos naturais e contrato social — pistas que apontam para o Iluminismo.
2. Resumo teórico
Iluminismo: movimento intelectual dos séculos XVII–XVIII que valorizou a razão, a ciência e a crítica às autoridades tradicionais. Defensores como John Locke (direitos naturais, governo por consentimento), Rousseau (contrato social) e Kant (autonomia racional) estabeleceram bases para a ideia de indivíduos livres e autônomos e para direitos civis e políticos. Fontes clássicas: Locke, Two Treatises of Government (1689); Rousseau, Du contrat social (1762); Kant, "Was ist Aufklärung?" (1784). A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) é expressão política dessas ideias.
3. Justificativa da alternativa correta
O enunciado trata de mudança de paradigmas sociais e valorização da liberdade individual — exatamente o núcleo do Iluminismo. Foi essa corrente que legitimou a ideia de autonomia moral e política do indivíduo frente a autoridades religiosas e tradicionais, gerando direitos e liberdades reconhecidos na modernidade.
4. Por que as outras alternativas estão incorretas
A — Positivismo: enfatiza método científico, ordem e progresso (Auguste Comte). Valoriza conhecimento empírico e organização social, não a defesa normativa da autonomia individual como princípio político fundador.
C — Estoicismo: filosofia antiga que prega virtude, autocontrole e liberdade interior. Há uma noção de autonomia moral (domínio das paixões), mas não é a origem histórica das concepções modernas de direitos individuais e contrato social presentes na questão.
D — Epicurismo: busca ataraxia (tranquilidade) e prazer moderado. Foca bem‑estar pessoal, não a formulação política da autonomia como fundamento da cidadania e das liberdades públicas.
5. Estratégia de interpretação
Palavras‑chave: "autonomia", "liberdade do indivíduo", "quebra de paradigmas", "direitos" → pensar em Iluminismo/contrato social. Evite confundir autonomia interior (estoicismo) com autonomia política moderna (Iluminismo).
Referências rápidas: Locke (1689), Rousseau (1762), Kant (1784), Declaração dos Direitos do Homem (1789).
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