Leia o texto a seguir.
Árabes, Turcos, Mongóis, que sucessivamente invadiram a Índia, cedo ficaram indianizados, uma vez que,
segundo uma lei eterna da história, os conquistadores bárbaros são eles próprios conquistados pela superior
civilização dos seus súditos. Os Britânicos foram os primeiros conquistadores superiores e, por conseguinte,
inacessíveis à civilização hindu. Destruíram-na, rebentando com as comunidades nativas, arrancando pela raiz a
indústria nativa e nivelando tudo o que era grande e elevado na sociedade nativa.
Karl Marx. In. PRAXEDES, Walter. Eurocentrismo e racismo nos clássicos da filosofia e das ciências sociais. Revista Espaço Acadêmico. n. 83.
Abril de 2008. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/083/83praxedes.html>. Acesso em: 02 set. 2016.
O autor do texto citado foi Karl Marx (1818-1883), um dos mais destacados intelectuais da segunda metade do
século XIX. Como documento histórico de uma época, o texto revela que
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: análise de discurso colonial/eurocêntrico nas ciências sociais. A questão exige reconhecer, a partir do trecho, uma postura de superioridade cultural atribuída pelos europeus (aqui, Marx descrevendo o papel britânico na Índia) — habilidade frequente em provas sobre Política, Poder e Estado.
Resumo teórico rápido: Eurocentrismo é a perspectiva que coloca a Europa como referência civilizacional superior, explicando e hierarquizando outras culturas. Obras-chave: Edward Said, Orientalism (1978) — sobre construção discursiva do “Oriente” — e debates sobre colonialismo e capitalismo em Marx (textos sobre a Índia, anos 1850). No enunciado, a ideia de “conquistadores superiores” que não são “indianizados” revela visão eurocêntrica.
Por que a alternativa D está correta: o enunciado mostra claramente que o autor enfatiza a superioridade cultural britânica frente à civilização hindu (britânicos “inacessíveis à civilização hindu”, destruição da indústria nativa). Essa ênfase é típica do eurocentrismo — logo, D identifica corretamente a concepção do autor como produto de seu tempo.
Análise das alternativas incorretas:
A — Afirma que o marxismo foi criado para defender interesses colonialistas: incorreto. Marx criticou o capitalismo e o colonialismo; embora contenha passagens eurocêntricas, não criou a teoria para defender o colonialismo.
B — Diz que o hinduísmo garantiu manutenção cultural frente a todos os conquistadores: o trecho afirma o oposto para os britânicos (eles foram “inacessíveis”, destruíram instituições e indústria nativa), logo B é inválida.
C — Alega que a “lei eterna” coaduna a conquista de Roma pelos bárbaros e a invasão britânica: o texto afirma que árabes, turcos, mongóis foram “indianizados” (conquistadores vencidos culturalmente), mas os britânicos foram diferentes — superiores e não indianizados. Assim, C erra ao tratar as duas situações como equivalentes.
E — Afirma que a dominação britânica não conseguiu se desenvolver por causa da debilidade da indústria nativa: o texto diz que os britânicos arrancaram a indústria nativa, possibilitando domínio econômico; portanto E contradiz o sentido do trecho.
Dica de interpretação para provas: busque termos-chave (ex.: “superiores”, “inacessíveis”, “destruíram”) e ligue-os a conceitos (eurocentrismo, colonialismo). Desconfie de alternativas que invertam a relação de causa/efeito explícita no texto.
Fontes sugeridas: Edward Said, Orientalism; artigos de Marx sobre a Índia (década de 1850); material de revisão sobre eurocentrismo em sociologia.
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