Questão b3846a50-06
Prova:SÃO CAMILO 2019
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Antiguidade Oriental (Egípcios, Mesopotâmicos, Persas, Indianos e Chineses)

Os egípcios viam a criação do mundo como uma espécie de ilha de ordem cercada pelas forças do caos, que a ameaçavam constantemente de aniquilação, da mesma forma como o Delta e o Vale férteis e organizados estavam cercados pelos desertos hostis e anárquicos.

(Ciro F. S. Cardoso. O Egito Antigo, 1982. Adaptado.)

O texto ajuda compreender o motivo de, no Egito Antigo, as práticas religiosas

A
estarem desconectadas da experiência cotidiana, pois se acreditava que as divindades pouco interferiam nos movimentos da natureza e nos destinos humanos.
B
dependerem da intermediação de sacerdotes, que condenavam atitudes dos fiéis, como o ócio, a busca da riqueza ou a prática sexual não voltada à procriação.
C
serem utilizadas pelos governantes como forma de iludir e enganar a população pobre, que passou a acreditar que os faraós eram representantes dos deuses na Terra.
D
penetrarem todos os aspectos da vida pública e privada, como nas cerimônias para garantir a chegada da inundação, agradecer a colheita ou procriar.
E
restringirem-se à nobreza e aos sacerdotes, uma vez que a maior parte da população era analfabeta e não tinha acesso aos textos míticos e às obras religiosas.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D

Tema central: a questão trata da função social e cultural da religião no Egito Antigo — como a cosmologia (Ma'at versus caos) e a dependência da inundação do Nilo tornavam as práticas religiosas presentes em toda a vida pública e privada.

Resumo teórico (essencial): no pensamento egípcio a ordem (Ma'at) era frágil e precisava ser renovada por rituais e práticas constantes. Isso vinculava a religião a fenômenos naturais (inundação, colheita), ao poder real (o faraó como mediador) e à vida doméstica (ofertas, amuletos, cultos de divindades protetoras). A religião não era apenas doutrina abstrata, mas prática cotidiana (ver Jan Assmann, The Mind of Egypt; Ian Shaw, The Oxford History of Ancient Egypt).

Justificativa da alternativa D: afirmar que a religião "penetra todos os aspectos da vida pública e privada" resume corretamente a realidade egípcia: havia cerimônias oficiais para garantir a inundação (culto a Hapi, rituais reais), festivais públicos e rituais domésticos (ofertas familiares, amuletos, orações), além de práticas vinculadas à fertilidade e à colheita. Assim, a religião funcionava como mecanismo de manutenção da ordem cósmica e social — princípio central do texto de apoio.

Análise das alternativas incorretas:

A — incorreta: contraria evidências; a religião era muito conectada ao cotidiano e à natureza, não alheia a eles.

B — incorreta: embora houvesse sacerdócio influente, a alternativa exagera ao caracterizar sacerdotes como censores morais de atitudes privadas (ócio, riqueza, sexo). A religião egípcia priorizava rituais de ordem e justiça, não um código ascético com proibições marcadas como descritas.

C — incorreta: reduz a religião a um artifício de dominação. O faraó tinha estatuto divino, mas a crença era ampla e integrada culturalmente; não se trata de mera ilusão imposta exclusivamente à população pobre.

E — incorreta: há ampla evidência arqueológica e textual de práticas religiosas populares (santuários domésticos, amuletos, textos funerários acessíveis), portanto a religião não se restringia à elite letrada.

Dica prática para provas: ao ver enunciados sobre religião e antigas sociedades, ligue palavras-chave (ordem/caos, inundação, cultos públicos/privados) ao papel social da religião. Desconfie de alternativas que simplifiquem excessivamente (somente elite, ou somente manipulação).

Fontes recomendadas: Jan Assmann, The Mind of Egypt; Ian Shaw, The Oxford History of Ancient Egypt.

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