Questão ab603a66-b3
Prova:IF-PR 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Análise sintática, Coesão e coerência, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação aos elementos negritados no texto, é possível afirmar que:

Deuses e Demônios.

A possessão constituía um fenômeno familiar no mundo grego. Gente de todas as camadas sociais consultava o oráculo de Apolo, em Delfos, onde a pitonisa, em transe, oferecia respostas – por vezes enigmáticas e ambíguas – às questões apresentadas. O domínio dos corpos pela divindade era habitual nos rituais sagrados, como o de Dionísio, (a)que deu origem ao teatro. Por sua vez, Platão chegou a afirmar (b)que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas e de outras deidades, sem controle sobre as palavras proferidas.

Milênios depois, os principais estudiosos do psiquismo empreenderam o exame da possessão. Jung, por exemplo, abordou o fenômeno já na sua tese de doutoramento, focalizando o caso de uma adolescente (c)que dizia “receber” o espírito do avô já falecido. Mais tarde, o criador da psicologia analítica desenvolveria o conceito de arquétipos – representações inatas e específicas da humanidade (d)que são o correspondente psíquico dos instintos –, que se revelaria de enorme valor no estudo das mais diversas manifestações culturais. O culto a Dionísio, por exemplo, foi considerado um arquétipo da fertilidade humana. O pensador suíço também escreveu sobre o oráculo de Delfos, relacionando a obscuridade das respostas com as mensagens ambíguas do inconsciente.

O cenário da possessão esteve igualmente presente no desenvolvimento de outro conceito junguiano fundamental: os complexos, “ilhas de fantasia” psíquicas (e)que atuam sobre o eu e chegam a dominá-lo. Tornam-se nocivos quando ganham autonomia, sem se integrar à estrutura do psiquismo; Jung chegou a comparar o controle do eu pelos complexos autônomos com a noção medieval de possessão demoníaca (Mente, Cérebro e Filosofia, nº1, Duetto)

A
as expressões “o criador da psicologia analítica” e “o pensador suíço” (2o parágrafo) são referenciais para um mesmo termo, utilizados na coesão do texto.
B
as palavras “possessão”, “transe” e “domínio” (1o parágrafo) são empregadas para designar diferentes comportamentos humanos diante de entidades.
C
a palavra “onde”, na expressão “onde a pitonisa, em transe” (1o parágrafo), foi utilizada da mesma forma que em: “A principal dica, onde se está próximo ao mercado produtor, é tentar adquirir peixe direto do pescador, voltar à cultura das feiras e parar a cultura do supermercado”, recomenda (Gazeta do povo, 13/09/2016).
D
as expressões: “por vezes enigmáticas e ambíguas” (1o parágrafo) e “com a noção medieval de possessão demoníaca” (3o parágrafo) se equivalem, sintaticamente.

Gabarito comentado

P
pedrocostamentorqc@mailinator.comMonitor do Qconcursos

Gabarito: Letra A

Tema central: Coesão textual e uso de expressões referenciais. A questão exige que o aluno reconheça como o texto constrói a continuidade e evita repetições, recorrendo a diferentes expressões para retomar a mesma ideia ou personagem.

Justificativa da alternativa correta: Letra A

As expressões "o criador da psicologia analítica" e "o pensador suíço" pautam a coesão textual ao retomar o mesmo referente: Carl Jung. Esse recurso, chamado de anáfora nominal, contribui para a clareza e evita a repetição desnecessária do nome próprio. Conforme Bechara e Cunha & Cintra, tal estratégia coesiva reforça a articulação interna do texto, fundamental em produções de alta qualidade exigidas em concursos.

Análise das alternativas incorretas:

B) As palavras "possessão", "transe" e "domínio" não designam comportamentos diferentes, mas diferentes aspectos de um mesmo fenômeno: o estado em que o indivíduo é 'tomado' por forças externas.
Estratégia: Desconfie de alternativas que tentam diferenciar termos próximos, quando o contexto indica semelhança ou gradação de significados.

C) O pronome relativo "onde" só deve retomar palavras com sentido de lugar. No texto ("onde a pitonisa..."), refere-se a "Delfos" (lugar). No exemplo da alternativa, "onde" retoma "dica" (não locativo), o que desrespeita a norma-padrão.
Dica: De acordo com Bechara, o uso inadequado de pronomes pode comprometer a coesão.

D) As expressões destacadas não têm equivalência sintática: "por vezes enigmáticas e ambíguas" é adjunto adverbial, modulando o sentido de "respostas". Já "com a noção medieval de possessão demoníaca" é locução prepositiva, exprimindo comparação.
Fique atento: Pegadinhas sintáticas são comuns: examine a função de cada termo na frase!

Estratégia de prova:
Leia com atenção os elementos referenciais do texto e relacione sempre o sentido e a função das expressões negritadas. Nas provas, procure identificar quem ou o quê está sendo retomado pelas expressões e se há sentido de lugar, modo, comparação ou explicação.

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