Em relação aos elementos negritados no texto, é possível afirmar que:
Deuses e Demônios.
A possessão constituía um fenômeno familiar no mundo grego. Gente de todas as camadas
sociais consultava o oráculo de Apolo, em Delfos, onde a pitonisa, em transe, oferecia respostas – por vezes enigmáticas e ambíguas – às questões apresentadas. O domínio dos corpos
pela divindade era habitual nos rituais sagrados, como o de Dionísio, (a)que deu origem ao
teatro. Por sua vez, Platão chegou a afirmar (b)que muitos poetas criavam sob o domínio das
Musas e de outras deidades, sem controle sobre as palavras proferidas.
Milênios depois, os principais estudiosos do psiquismo empreenderam o exame da possessão. Jung, por exemplo, abordou o fenômeno já na sua tese de doutoramento, focalizando o
caso de uma adolescente (c)que dizia “receber” o espírito do avô já falecido. Mais tarde, o
criador da psicologia analítica desenvolveria o conceito de arquétipos – representações
inatas e específicas da humanidade (d)que são o correspondente psíquico dos instintos –, que
se revelaria de enorme valor no estudo das mais diversas manifestações culturais. O culto a
Dionísio, por exemplo, foi considerado um arquétipo da fertilidade humana. O pensador suíço
também escreveu sobre o oráculo de Delfos, relacionando a obscuridade das respostas com as
mensagens ambíguas do inconsciente.
O cenário da possessão esteve igualmente presente no desenvolvimento de outro conceito
junguiano fundamental: os complexos, “ilhas de fantasia” psíquicas (e)que atuam sobre o eu e
chegam a dominá-lo. Tornam-se nocivos quando ganham autonomia, sem se integrar à estrutura do psiquismo; Jung chegou a comparar o controle do eu pelos complexos autônomos com
a noção medieval de possessão demoníaca (Mente, Cérebro e Filosofia, nº1, Duetto)
Deuses e Demônios.
A possessão constituía um fenômeno familiar no mundo grego. Gente de todas as camadas sociais consultava o oráculo de Apolo, em Delfos, onde a pitonisa, em transe, oferecia respostas – por vezes enigmáticas e ambíguas – às questões apresentadas. O domínio dos corpos pela divindade era habitual nos rituais sagrados, como o de Dionísio, (a)que deu origem ao teatro. Por sua vez, Platão chegou a afirmar (b)que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas e de outras deidades, sem controle sobre as palavras proferidas.
Milênios depois, os principais estudiosos do psiquismo empreenderam o exame da possessão. Jung, por exemplo, abordou o fenômeno já na sua tese de doutoramento, focalizando o caso de uma adolescente (c)que dizia “receber” o espírito do avô já falecido. Mais tarde, o criador da psicologia analítica desenvolveria o conceito de arquétipos – representações inatas e específicas da humanidade (d)que são o correspondente psíquico dos instintos –, que se revelaria de enorme valor no estudo das mais diversas manifestações culturais. O culto a Dionísio, por exemplo, foi considerado um arquétipo da fertilidade humana. O pensador suíço também escreveu sobre o oráculo de Delfos, relacionando a obscuridade das respostas com as mensagens ambíguas do inconsciente.
O cenário da possessão esteve igualmente presente no desenvolvimento de outro conceito junguiano fundamental: os complexos, “ilhas de fantasia” psíquicas (e)que atuam sobre o eu e chegam a dominá-lo. Tornam-se nocivos quando ganham autonomia, sem se integrar à estrutura do psiquismo; Jung chegou a comparar o controle do eu pelos complexos autônomos com a noção medieval de possessão demoníaca (Mente, Cérebro e Filosofia, nº1, Duetto)
Gabarito comentado
Gabarito: Letra A
Tema central: Coesão textual e uso de expressões referenciais. A questão exige que o aluno reconheça como o texto constrói a continuidade e evita repetições, recorrendo a diferentes expressões para retomar a mesma ideia ou personagem.
Justificativa da alternativa correta: Letra A
As expressões "o criador da psicologia analítica" e "o pensador suíço" pautam a coesão textual ao retomar o mesmo referente: Carl Jung. Esse recurso, chamado de anáfora nominal, contribui para a clareza e evita a repetição desnecessária do nome próprio. Conforme Bechara e Cunha & Cintra, tal estratégia coesiva reforça a articulação interna do texto, fundamental em produções de alta qualidade exigidas em concursos.
Análise das alternativas incorretas:
B) As palavras "possessão", "transe" e "domínio" não designam comportamentos diferentes, mas diferentes aspectos de um mesmo fenômeno: o estado em que o indivíduo é 'tomado' por forças externas.
Estratégia: Desconfie de alternativas que tentam diferenciar termos próximos, quando o contexto indica semelhança ou gradação de significados.
C) O pronome relativo "onde" só deve retomar palavras com sentido de lugar. No texto ("onde a pitonisa..."), refere-se a "Delfos" (lugar). No exemplo da alternativa, "onde" retoma "dica" (não locativo), o que desrespeita a norma-padrão.
Dica: De acordo com Bechara, o uso inadequado de pronomes pode comprometer a coesão.
D) As expressões destacadas não têm equivalência sintática: "por vezes enigmáticas e ambíguas" é adjunto adverbial, modulando o sentido de "respostas". Já "com a noção medieval de possessão demoníaca" é locução prepositiva, exprimindo comparação.
Fique atento: Pegadinhas sintáticas são comuns: examine a função de cada termo na frase!
Estratégia de prova:
Leia com atenção os elementos referenciais do texto e relacione sempre o sentido e a função das expressões negritadas. Nas provas, procure identificar quem ou o quê está sendo retomado pelas expressões e se há sentido de lugar, modo, comparação ou explicação.
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