Questõessobre Análise sintática

1
1
Foram encontradas 500 questões
61d49332-7a
ENEM 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando-se as operações de retomada de informações na estruturação do texto, há interdependência entre as expressões

    Os velhos papéis, quando não são consumidos pelo fogo, às vezes acordam de seu sono para contar notícias do passado.

    É assim que se descobre algo novo de um nome antigo, sobre o qual já se julgava saber tudo, como Machado de Assis.

    Por exemplo, você provavelmente não sabe que o autor carioca, morto em 1908, escreveu uma letra do hino nacional em 1867 — e não poderia saber mesmo, porque os versos seguiam inéditos. Até hoje.

    Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal antigo de Florianópolis, pelo pesquisador independente Felipe Rissato.

     “Das florestas em que habito/ Solto um canto varonil:/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”, diz o começo do hino, composto de sete estrofes em redondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas poéticas. O trecho também é o refrão da música.

      O Pedro mencionado é o imperador Dom Pedro II. O bruxo do Cosme Velho compôs a letra para o aniversário de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro daquele ano — o hino seria apresentado naquele dia no teatro da cidade de Desterro, antigo nome de Florianópolis.


Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).
A
“Os velhos papéis” e “É assim”.
B
“algo novo” e “sobre o qual”.
C
“um nome antigo” e “Por exemplo”.
D
“O gigante do Brasil” e “O Pedro mencionado”.
E
o imperador Dom Pedro II” e “O bruxo do Cosme Velho”.
3e953d28-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “Entro no elevador e já apalpo o bolso à procura do celular, para que me acompanhe por um minuto até que a porta se abra” (linhas 07-10), a relação sintático-semântica que se estabelece entre as orações expressa 

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
causa.
B
adversidade.
C
finalidade.
D
adição.
3e902be5-75
UECE 2021 - Português - Orações subordinadas adjetivas: Restritivas, Explicativas, Análise sintática, Sintaxe, Orações subordinadas adverbiais: Causal, Comparativa, Consecutiva, Concessiva, Condicional..., Orações subordinadas substantivas: Subjetivas, Objetivas diretas, Objetivas indiretas...

Atente para as orações destacadas nos seguintes trechos:


Se a notícia é forte, se a conversa é enfática, caminho pela rua dividindo o olhar entre a tela e a calçada” (linhas 10-12);

“Guardo consciência de que tudo isso não está me preenchendo de nada” (linhas 47-48);

“Hoje a dor desse homem se converteu num tédio que já não suportamos” (linhas 78-80);

“Quando o pensamento se emancipa do vício, o passado é vasto” (linhas 102-103).


As orações acima destacadas são respectivamente classificadas como

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
subordinada adverbial concessiva, subordinada adjetiva restritiva, subordinada substantiva reduzida de infinitivo e principal.
B
subordinada adverbial condicional, principal, subordinada adjetiva restritiva e subordinada substantiva reduzida de infinitivo. 
C
subordinada adverbial condicional, subordinada substantiva completiva nominal, subordinada adjetiva restritiva e principal.
D
principal, subordinada adjetiva restritiva, subordinada substantiva reduzida de infinitivo e subordinada substantiva subjetiva.
d8306d1c-73
USP 2021 - Português - Análise sintática, Sintaxe

Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em “o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é: 

    No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.

    Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa e determinante para a nossa saúde orgânica como um todo, podendo ser considerada o “coração” de um treinamento consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista.

Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. Adaptado.

A
um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
B
o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
C
a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.
D
muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
E
todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
c71ba15b-74
CEDERJ 2021 - Português - Análise sintática, Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe

A tirinha a seguir comemora 100 anos de Paulo Freire e cita um dos ideais do Educador. 


Disponível em https://www.facebook.com/tirasarmandinho/photos/a. 488361671209144/467697292 2347977 Acesso em: 11 out 2021.


Sobre o enunciado “Pessoas transformam o mundo”, é correto afirmar que

A
“transformam” é uma ação relacionada a um sujeito indeterminado.
B
“o mundo” é objeto da transformação operada pelo sujeito, “pessoas”.
C
“o” é o determinante de “mundo” na expressão adverbial de lugar “o mundo”.
D
“pessoas” é sujeito passivo da ação expressa pelo verbo “transformar”.
a030dcd1-67
UFPR 2021 - Português - Uso dos conectivos, Análise sintática, Sintaxe

Considere o seguinte excerto do texto:

De fato, se definirmos globalização como um processo de contatos cada vez mais intensos – sejam econômicos, políticos ou culturais – entre diferentes partes do mundo, então é necessário admitir que esse processo vem se desenvolvendo há milhares de anos...

Assinale a alternativa que apresenta a relação que se estabelece entre as orações cujos inícios estão assinalados em negrito e sublinhados.

O texto a seguir é referência para a questão. 


(Peter Burke. Quando foi a globalização? In: O historiador como colunista: ensaios da Folha. RJ: Civilização Brasileira, 2009. Adaptado.)

A
Condição e temporalidade.
B
Causa e consequência.
C
Hipótese e conclusão.
D
Explicação e finalidade.
E
Comparação e explicação.
ac317605-57
ENEM 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

    Os velhos papéis, quando não são consumidos pelo fogo, às vezes acordam de seu sono para contar notícias do passado.

    É assim que se descobre algo novo de um nome antigo, sobre o qual já se julgava saber tudo, como Machado de Assis.

    Por exemplo, você provavelmente não sabe que o autor carioca, morto em 1908, escreveu uma letra do hino nacional em 1867 — e não poderia saber mesmo, porque os versos seguiam inéditos. Até hoje.

    Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal antigo de Florianópolis, pelo pesquisador independente Felipe Rissato.

    “Das florestas em que habito/ Solto um canto varonil:/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”, diz o começo do hino, composto de sete estrofes em redondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas poéticas. O trecho também é o refrão da música.

    O Pedro mencionado é o imperador Dom Pedro II. O bruxo do Cosme Velho compôs a letra para o aniversário de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro daquele ano— o hino seria apresentado naquele dia no teatro da cidade de Desterro, antigo nome de Florianópolis.

Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso em: 4 dez. 2018 (adaptado).

Considerando-se as operações de retomada de informações na estruturação do texto, há interdependência entre as expressões

A
“Os velhos papéis” e “É assim”.
B
“algo novo” e “sobre o qual”.
C
“um nome antigo” e “Por exemplo”.
D
“O gigante do Brasil” e “O Pedro mencionado”.
E
“o imperador Dom Pedro II” e “O bruxo do Cosme Velho”.
3e769a39-0b
UFMS 2018 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Pontuação, Uso da Vírgula, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A questão refere ao seguinte fragmento de texto:


Em termos muito simples, podemos dizer que o amor é um horizonte de compreensão que tem em vista a real dimensão do outro, que não o inventa em uma projeção, que permanece aberto ao seu mistério. Se o amor é aberto ao outro, o ódio é fechado a ele. Tendemos a não querer ver o ódio que nos fecha porque ele nos diminui. “Não querer ver” é uma armadilha, pois todos somos afetados pelo ódio e contribuímos com a nossa parte para a sua persistência (TIBURI, Marcia. Odiar, verbo intransitivo. Revista Cult, n. 20, ano 18, p. 59, set. 2015. Fragmento).


A alternativa correta com relação à estrutura sintática e de significação dos enunciados é:


A
as três últimas orações do primeiro período são subordinadas à oração principal (“Em termos muito simples, podemos dizer”), funcionando como complementos do verbo “dizer”.
B
as três últimas orações do primeiro período são de valor restritivo e, entre elas, há relação de adição.
C
das três últimas orações do primeiro período, a primeira é de valor restritivo; as demais são explicativas, conforme se pode confirmar pela presença da vírgula que as antecede.
D
a oração “Se o amor é aberto ao outro” indica a condição para o fato expresso em “o ódio é fechado a ele”, enquanto em “porque ele nos diminui” temos a causa de “que nos fecha”.
E
as orações “porque ele nos diminui” e “pois todos somos afetados pelo ódio” indicam a causa dos processos expressos nas orações a que se vinculam nos respectivos períodos.
60e7b09b-09
UEA 2018 - Português - Uso dos conectivos, Análise sintática, Sintaxe

“Mas essa realidade atual, por mais evidente que seja para nós, não deveria nos levar à crença enganosa de que terá sido sempre assim” (1º parágrafo)

No contexto em que se encontra, a locução sublinhada indica uma

Considere o texto de Rodrigo Duarte para responder à questão.


    Um dos aspectos mais óbvios de nossa realidade – amplamente difundido em todo o mundo contemporâneo – é a divisão do tempo de cada um numa parte dedicada ao trabalho e noutra dedicada ao lazer. Mas essa realidade atual, por mais evidente que seja para nós, não deveria nos levar à crença enganosa de que terá sido sempre assim: a divisão entre tempo de trabalho e tempo livre – inexistente na Idade Média e no período que a sucedeu imediatamente – se consolidou apenas com o amadurecimento do modo de produção capitalista, isto é, após a chamada Revolução Industrial, que eliminou o trabalho produtivo realizado nas próprias casas dos trabalhadores (quase sempre com o auxílio de suas famílias), limitando as atividades à grande indústria: um estabelecimento exclusivamente dedicado à produção por meio de maquinário pesado, concentrando massas de operários em turnos de trabalhos previamente estabelecidos.

    Na Idade Média, por um lado, a aristocracia, mesmo não tendo necessidade de se dedicar a qualquer trabalho produtivo, reservava para si atividades que, não obstante seu caráter socialmente obrigatório, eram também consideradas prazerosas. Os bailes e jantares, as festas e os concertos, as caçadas e a frequência às óperas eram parte integrante da vida cortesã e nobre.

    Por outro lado, o horizonte vital das classes servis – e possivelmente também da burguesia em sua fase inicial – era dado pelo trabalho de sol a sol, com pouquíssimo tempo que extrapolasse a produção material. Esse exíguo período antes do sono preparador para a próxima jornada de trabalho, embora não deva ser entendido como tempo de lazer no sentido moderno do termo, provavelmente constituía o momento coletivo de se cantar e narrar, tempo que servia, ao mesmo tempo, como pretexto e elemento aglutinador para a comida e a bebida em comum.


(Indústria cultural: uma introdução, 2010.)

A
consequência.
B
concessão.
C
condição.
D
explicação.
E
causa.
495c6c31-0b
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As relações estabelecidas entre enunciados podem ser, segundo KOCH e ELIAS (2011) de cunho lógico-semântico ou discursivo-argumentativo. Como exemplo de relações lógico-semânticas estão a causalidade, mediação, condicionalidade, temporalidade, conformidade, disjunção e modo. Assinale a opção em que a oração destacada exerce relação de temporalidade.


A
Se antes os grandes culpados eram os ensaios fotográficos e as campanhas publicitárias estampados nas revistas femininas, hoje somos bombardeadas por centenas de imagens.” (linhas 184-188)
B
“Começamos a perseguir uma vida que vemos em nosso feed, mas cujos bastidores não conhecemos.” (linhas 212-214)
C
“Esse momento pode ser o mais perigoso porque gera muitas frustrações.” (linhas 202-203)
D
“Sabemos que estamos falando de um assunto delicado. No entanto, insistimos: escolha cuidar de você, da sua saúde mental e da sua qualidade de vida em primeiro lugar.” (linhas 228-232)
afa13cad-0a
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A relação sintático-semântica estabelecida entre os períodos do enunciado “No contexto da primeira metade do século XX, enquanto mulheres brancas lutavam pelos direitos sufragistas e de trabalharem fora de casa, mulheres negras trabalhavam nas casas destas tomando conta dos seus filhos e filhas”, (linhas 45-51) é de

 

A
conclusão.
B
alternância.
C
proporção.
D
adição.
78c70af1-06
SÃO CAMILO 2019 - Português - Análise sintática, Sintaxe

Um, dois, três lampiões, acende e continua”
Outros mais a acender imperturbavelmente,” (2a estrofe)

O trecho sublinhado

Leia o poema de Jorge de Lima (1895-1953) para responder à questão. 

O acendedor de lampiões 

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente! 

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!

(Antologia poética: Jorge de Lima, 2014.)
A
indica o agente das ações expressas pelas formas verbais “acende” e “continua”.
B
indica o agente da ação expressa pelas formas verbais “continua” e “a acender”.
C
indica o agente da ação expressa pela forma verbal “acende”, apenas.
D
completa o sentido da forma verbal “acende”, apenas.
E
completa o sentido das formas verbais “acende” e “continua”.
662350d5-05
FGV 2020 - Português - Análise sintática, Sintaxe, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia

"E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao parque ou andar nessas tais lanchas que fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los, trancado em casa" (1° parágrafo).

No contexto em que está inserida, a conjunção sublinhada introduz uma oração com sentido de

Considere o trecho inicial do conto "Uns sábados, uns agostos", de Caio Fernando Abreu, para responder à questão.

      Eles vinham aos sábados, sem telefonar. Não lembro desde quando criou-se o hábito de virem aos sábados, sem telefonar – e de vez em quando isso me irritava, pensando que se quisesse sair para, por exemplo, passear pelo parque ou tomar uma dessas lanchas de turismo que fazem excursões pelas ilhas, não poderia porque eles bateriam com as caras na porta fechada e ficariam ofendidos (eles eram sensíveis) e talvez não voltassem nunca mais. E como, aos sábados, eu jamais faria coisas como ir ao parque ou andar nessas tais lanchas que fazem excursões pelas ilhas, era obrigado a esperá-los, trancado em casa. Certamente os odiava um pouco enquanto não chegavam: um ódio de ter meus sábados totalmente dependentes deles, que não eram eu, e que não viveriam a minha vida por mim – embora eu nunca tivesse conseguido aprender como se vive aos sábados, se é que existe uma maneira específica de atravessá-los.  
[...]
     E afinal, chovesse ou fizesse sol, sagradamente lá estavam eles, aos sábados. Naturalmente chovesse-ou-fizesse-sol é apenas isso que se convencionou chamar força de expressão, já que há muito tempo não fazia sol, talvez por ser agosto − mas de certa forma é sempre agosto nesta cidade, principalmente aos sábados.
      Não é que fossem chatos. Na verdade, eu nunca soube que critérios de julgamento se pode usar para julgar alguém definitivamente chato, irremediavelmente burro ou irrecuperavelmente desinteressante. Sempre tive uma dificuldade absurda para arrumar prateleiras. Acontece que não tínhamos nada em comum, não que isso tenha importância, mas nossas famílias não se conheciam, então não podíamos falar sobre os meus pais ou os avós deles, sobre os meus tios ou os seus sobrinhos ou qualquer outra dessas combinações genealógicas. Também não sabia que tipo de trabalho faziam, se é que faziam alguma coisa, nem sequer se liam, se estudavam, iam ao cinema, assistiam à televisão ou com que se ocupavam, enfim, além de me visitar aos sábados.

(Caio Fernando Abreu. Mel e girassóis, 1988. Adaptado.) 
A
concessão.
B
comparação.
C
conclusão.
D
causa.
E
consequência.
d8999da1-05
PUC-MINAS 2021 - Português - Análise sintática, Sintaxe, Pontuação, Uso da Vírgula

Atente para o excerto dado:

A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sinclitismo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda.

Nesse trecho destacado, vemos o emprego da vírgula – importante sinal de pontuação – com as funções indicadas a seguir, EXCETO:

Texto 2 / Parte 2
A importância do ato de ler2
Paulo Freire

Continuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo através de sua prática, retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial, me experimentei na percepção crítica dos textos que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa. Não eram, porém, aqueles momentos puros exercícios de que resultasse um simples dar-nos conta de uma página escrita diante de nós que devesse ser cadenciada, mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no sentido tradicional desta expressão. Eram momentos em que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura, incluindo a do então jovem professor José Pessoa.

Algum tempo depois, como professor também de português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importância de ler e de escrever, no fundo indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do então chamado curso ginasial. A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sinclitismo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica da descrição do elo não se constitui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sentido de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala. 

Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou estudadas. [...] 

A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia... 

Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crítica à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes. 
A
evidenciar termo ou expressão intercalado(a) ou topicalizado(a).
B
explicitar uma enumeração de elementos de mesma natureza.
C
indicar uma alternância ou introduzir uma oração adversativa.
D
separar adjunto adnominal sob forma de oração adjetiva restritiva.
d8a522ac-05
PUC-MINAS 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o fragmento destacado e as assertivas feitas sobre ele:

Continuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo através de sua prática, retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial, me experimentei na percepção crítica dos textos que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa.

Assim como os verbos transitivos demandam complementos, há os substantivos (abstratos) que demandam complementos (termos simples ou orações). Observe as afirmações feitas e verifique essas relações no excerto sob análise:

I. O substantivo “compreensão” tem como complemento nominal o sintagma “da importância do ato de ler”.
II. O substantivo “esforço” tem por complemento “de reler momentos fundamentais de experiências”.
III. O substantivo “percepção” é complementado pelo constituinte “dos textos que lia em classe”.
IV. O substantivo “colaboração” tem por complemento o sintagma “até hoje recordada”.

Verifica-se que estão CORRETAS as afirmativas:

Texto 2 / Parte 2
A importância do ato de ler2
Paulo Freire

Continuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo através de sua prática, retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial, me experimentei na percepção crítica dos textos que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa. Não eram, porém, aqueles momentos puros exercícios de que resultasse um simples dar-nos conta de uma página escrita diante de nós que devesse ser cadenciada, mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no sentido tradicional desta expressão. Eram momentos em que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura, incluindo a do então jovem professor José Pessoa.

Algum tempo depois, como professor também de português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importância de ler e de escrever, no fundo indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do então chamado curso ginasial. A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sinclitismo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não tinham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica da descrição do elo não se constitui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sentido de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala. 

Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou estudadas. [...] 

A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia... 

Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crítica à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes. 
A
I e III, apenas.
B
I, III e IV, apenas.
C
II, III e IV, apenas.
D
I, II, III e IV.
b1d4f3d2-05
CESMAC 2018 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em: “O Brasil, em decorrência do processo de povoamento e colonização a que foi submetido bem como das condições em que se deu sua independência política e seu posterior desenvolvimento, o segmento destacado tem um sentido de:

A geografia linguística no Brasil


       É por meio da língua que o homem expressa suas ideias, as ideias de sua geração, as ideias da comunidade a que pertence, as ideias de seu tempo. A todo instante, utiliza-a de acordo com uma tradição que lhe foi transmitida, e contribui para sua renovação e constante transformação. Cada falante é, a um tempo, usuário e agente modificador de sua língua, nela imprimindo marcas geradas pelas novas situações com que se depara.

      Nesse sentido, pode-se afirmar que, na língua, se projeta a cultura de um povo, compreendendo-se cultura no seu sentido mais amplo, aquele que abarca “o conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade”, segundo o novo Aurélio. (...)

     Ao falar, um indivíduo transmite, além da mensagem contida em seu discurso, uma série de dados que permite a um interlocutor atento não só depreender seu estilo pessoal, mas também filiá-lo a um determinado grupo.

    A entonação, a pronúncia, a escolha vocabular, a preferência por determinadas construções frasais, os mecanismos morfológicos que são peculiares a determinado usuário podem servir de índices que identifiquem: a) o país ou a região de que se origina; b) o grupo social de que faz parte (seu grau de instrução, sua faixa etária, seu nível socioeconômico, sua atividade profissional); c) a situação (formal) ou (informal) em que se encontra. (...)

      O Brasil, em decorrência do processo de povoamento e colonização a que foi submetido bem como das condições em que se deu sua independência política e seu posterior desenvolvimento, apresenta grandes contrastes regionais e sociais, estes últimos perceptíveis mesmo em grandes centros urbanos, em cuja periferia se concentram comunidades mantidas à margem do progresso.

    Um retrato fiel, atual, de nosso país teria de colocar lado a lado: executivos de grandes empresas; técnicos que manipulam, com desenvoltura, o computador; operários de pequenas, médias e grandes indústrias; vaqueiros isolados em latifúndios; cortadores de cana; pescadores artesanais; plantadores de mandioca em humildes roças; viajantes que comerciam pelo sertão; indígenas aculturados. (...)

     Detentores de antigos costumes portugueses aqui reelaborados pelo contato com outra terra e outras gentes ou, já em acelerado processo de mestiçagem étnica e linguística, esquecidos das origens, esses homens e mulheres guardam, na sua forma de expressão oral, as marcas de nossa identidade linguístico-cultural e a resposta a muitas indagações e a diversas hipóteses sobre a história e o estado atual do português do Brasil.


(Sílvia F. Brandão. A geografia linguística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991. p.5-17. Adaptado)

A
oposição.
B
temporalidade.
C
finalidade.
D
causalidade.
E
alternância.
2cc2ea53-06
UNICENTRO 2015 - Português - Análise sintática, Sintaxe

No período “100 anos lutando para que ninguém mude nem uma vírgula da sua informação”, a segunda oração se relaciona com a primeira para indicar

Leia o texto a seguir e responda à questão.

A
causa.
B
condição.
C
consequência.
D
finalidade.
E
proporcionalidade.
2ccf06c0-06
UNICENTRO 2015 - Português - Interpretação de Textos, Denotação e Conotação, Termos integrantes da oração: Objeto direto, Objeto indireto, Complemento nominal, Agente da Passiva, Análise sintática, Sintaxe, Termos integrantes da oração: predicativo do sujeito e predicativo do objeto

Acerca dos recursos linguísticos presentes na crônica, assinale a alternativa correta.

Leia a crônica a seguir e responda à questão.

Receita para mal de amor

Minha querida amiga:
Sim, é para você mesma que estou escrevendo – você que aquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia a pena, e acabou me formulando uma pergunta ingênua:
– Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa?
E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esquecesse a pergunta, dizendo que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...
Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto.
Destinatário, destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem se destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do destino da gente. Joana é minha destinatária. Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas lembranças, o que sinto e o que sou: todo este complexo mais ou menos melancólico e todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei.
Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim:
Procedência – São Paulo; Destino – Joana. Pois é somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chegarei ao meu destino?
Isso eu gostaria de lhe dizer, minha amiga, com a autoridade triste do mais vivido e mais sofrido: amar é um ato de paciência e de humildade; é uma longa devoção. Você me responderá que não é nada disso; que você já chegou ao seu destinatário e foi devolvida como se fosse uma carta com o endereço errado.
Que teve alguns dias, algumas horas de felicidade, e por isso agora sofre de maneira insuportável. Então lhe aconselho a comprar um canivete bem amolado e afinar dezoito pedacinhos de pau até ficarem bem pontudos, bem lisos, perfeitamente torneados – e depois deixá-los a um canto. Apanhar uma folha de papel tamanho ofício e enchê-la com o nome de seu amado, escrevendo uma letra bem bonita, de preferência com tinta azul. Em seguida faça com essa folha um aviãozinho, e o jogue pela janela.
Observe o voo e a aterrissagem. Depois desça, vá lá fora, apanhe o avião de papel, desdobre a folha novamente (pode passá-la a ferro, para o serviço ficar mais perfeito e não haver mais nenhum indício da construção aeronáutica) e volte a dobrá-la, desta vez ao meio. Dobre outras vezes, até obter o menor retângulo possível. Então, com o canivete, vá cortando as partes dobradas até transformar toda a folha em minúsculos papeizinhos, tão pequenos que o nome de seu amado não deve caber inteiro em nenhum deles. Aí, apanhe todos aqueles pauzinhos que tinha deixado a um canto e, com os pedacinhos de papel, faça uma fogueira com o máximo cuidado até que restem somente cinzas. A seguir poderá repetir a operação...
– Adianta alguma coisa?
Por favor, querida amiga, não me faça esta pergunta. Nada adianta coisa alguma, a não ser o tempo; e fazer fogueirinhas é um meio tão bom quanto qualquer outro de passar o tempo.

(BRAGA, R. A Traição das Elegantes. Rio de Janeiro: Record, 1982. p.17.)
A
Em “você que aquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha”, a oração sublinhada tem valor de adição.
B
Em “aquela a quem se destina uma carta”, “uma carta” exerce a função de objeto direto de “destinar”.
C
Em “Joana é minha destinatária”, o trecho sublinhado é predicativo do sujeito.
D
Em “Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim: Procedência – São Paulo; Destino – Joana”, há um período composto por coordenação.
E
Em “faça uma fogueira com o máximo cuidado até que restem somente cinzas”, os termos sublinhados foram usados no sentido conotativo.
6fdb976c-06
UNIFESP 2015 - Português - Análise sintática, Sintaxe

“O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro.” (3º parágrafo)

Em relação à oração que a precede, a oração destacada tem sentido de

Leia o excerto da crônica “Mineirinho” de Clarice Lispector (1925-1977), publicada na revista Senhor em 1962, para responder à questão.

    

   É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora1. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinhodo que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.

  Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.

   Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.

    Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver.


(Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.)


1facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada.

2Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

A
consequência.
B
conclusão.
C
alternância.
D
causa.
E
finalidade.
209f9f62-fe
ABEPRO 2017 - Português - Interpretação de Textos, Uso dos conectivos, Pronomes relativos, Vocativo e Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Diferença entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal, Adjunto Adverbial e Aposto, Análise sintática, Coesão e coerência, Sintaxe, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Considere, em seu contexto, os trechos abaixo extraídos do texto:

1. O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. (3°  parágrafo)
2. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. (4°  parágrafo)

Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) em relação aos trechos considerados.

( ) Em 1, “especialidade zoológica da Sociologia” funciona como aposto explicativo de “ser humano”.
( ) Em 1, “tanto quanto” estabelece uma relação semântica de comparação – a partir de uma característica comum, a singularidade – entre o ser humano no mundo animal e a capacidade do ser humano de criar uma cultura e comunicação simbólica.
( ) Em 1, o vocábulo “o” tem valor coesivo, sendo usado em substituição a “singular”.
( ) Em 2, “Seria um traço característico da modernidade” funciona como oração principal no período.
( ) Em 2, o vocábulo “que” funciona como pronome relativo na primeira ocorrência e como conjunção integrante na segunda.

Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.

Sociologia Ambiental


O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.


Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:


O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.


Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.


RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.

72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]

A
V • V • V • V • F
B
V • F • V • F • F
C
V • F • F • V • F
D
F • V • F • V • V
E
F • F • V • F • V