A ciência pode estabelecer limites quanto ao conhecimento,
mas não quanto à imaginação. Entre os filósofos gregos, como
os dos tempos posteriores, havia os científicos e os religiosos;
estes últimos deviam muito, direta ou indiretamente, à religião de Baco.
Essa ideia referente aos religiosos se refere principalmente ao filósofo
Gabarito comentado
Resposta correta: C — Platão
Tema central: A distinção entre enfoques “científicos” e “religiosos/místicos” na filosofia grega e a relação destes últimos com cultos dionisíacos (religião de Baco/Dionísio). Para resolver, é preciso identificar qual filósofo teve postura ou tradição mais próxima de explicações mítico‑religiosas.
Resumo teórico: Dionísio (Baco) representa cultos mistéricos e experiências extáticas. Na tradição grega pós‑pré‑socrática, houve pensadores voltados ao conhecimento racional-sistemático (ex.: Aristóteles) e outros que recorreram ao mito, à mística e à linguagem simbólica para transmitir verdades (ex.: Platão e, mais tarde, o neoplatonismo). Platão usa mitos (mitologia filosófica: mito da caverna, mito de Er, o timaios) como ferramenta pedagógica e atribui papel à experiência espiritual, aproximando‑se da dimensão “religiosa”.
Justificativa da alternativa C: Platão frequentemente recorre a mitos e linguagem religiosa para comunicar ideias sobre alma, imortalidade e o mundo das Formas — temas que conectam sua filosofia a sensibilidades místicas e aos rituais religiosos. Em diálogos como o Fédon, o Mito da Caverna (República) e o Mito de Er, há claro uso de narrativas míticas e preocupação com o destino da alma, típicas de um pensamento que dialoga com o religioso/místico — o que casa com a expressão do enunciado indicando influência da religião de Baco sobre filósofos “religiosos”. Fontes: diálogos platônicos (Phaedo, Republic, Timaeus) e estudos introdutórios (ex.: W. K. C. Guthrie, A History of Greek Philosophy).
Análise das alternativas incorretas:
A — Heráclito: Pensador do fluxo e do Logos; linguagem muitas vezes obscura e quase mística, mas não se identifica com cultos dionisíacos nem com uma tradição religiosa sistemática como a atribuída no enunciado.
B — Parmênides: Fundador do Eleatismo; seu poema é metafísico e racionalista, defendendo a imutabilidade do Ser — postura oposta à mística dionisíaca.
D — Aristóteles: Representa a vertente científica/empírica da filosofia grega, método lógico e biológico; pouco ou nenhum vínculo com rituais bacanais ou misticismo.
E — Zenão: Discípulo de Parmênides, conhecido pelos paradoxos; defensor do Eleático e da razão rigorosa, não enquadra‑se na corrente “religiosa” referida.
Dica de interpretação para provas: Atente às palavras-chave (“religiosos”, “religião de Baco/Dionísio”). Relacione termos mitológico‑religiosos a filósofos que usam mito, experiência da alma ou linguagem simbólica para transmitir saber (especialmente Platão), e descarte nomes ligados claramente ao método empírico ou ao racionalismo estrito.
Fontes recomendadas: diálogos platônicos (Phaedo, Republic, Timaeus); Guthrie, W. K. C., A History of Greek Philosophy.
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