Questão 9ffa1137-fd
Prova:UNICENTRO 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:Filosofia e a Grécia Antiga, Sócrates e a Maiêutica

É comum se afirmar que Sócrates era um filósofo dado ao diálogo e que se encontrar com ele para debater era sempre uma atividade de risco. Isso porque a forma dialogal preferida desse pensador consistia em colocar em prática a sua Maiêutica, cuja primeira parte era a Ironia. Essa Ironia Socrática deve ser interpretada como

A
uma postura de deboche e desconsideração em relação ao saber popular da época.
B
uma etapa do método socrático segundo o qual o saber dos filósofos pitagóricos precisava ser ironizado para demonstrar sua fragilidade e inconsistência.
C
um método criado por Sófocles e adotado por Sócrates para provar a existência de seres superiores, também chamados deuses.
D
uma prática discursiva criada pelos sofistas e adotada por Sócrates para defender a importância da filosofia crítica.
E
uma etapa do método socrático que consiste em utilizar-se de perguntas com o objetivo de levar o interlocutor a reconhecer a impropriedade de seu saber e, assim, torná-lo apto a construir um novo saber a partir das ideias inatas.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: trata-se da Ironia Socrática, primeira fase da maiêutica — técnica dialógica de Sócrates. É tema recorrente em provas de filosofia porque combina método, eticidade intelectual e crítica ao saber popular/sofista.

Resumo teórico (claro e progressivo): a Ironia socrática é a postura em que Sócrates finge ignorância (aporia) e faz perguntas estratégicas para expor contradições no discurso do interlocutor. Isso prepara o terreno para a maiêutica propriamente dita:, mediante questionamento, o sujeito toma consciência das limitações do próprio saber e passa a recolher (segundo Platão, anamnesis) ou a construir um saber mais seguro.

Por que a alternativa E está correta: ela descreve exatamente essa dinâmica: uso de perguntas para levar o interlocutor a reconhecer a impropriedade de seu saber e torná‑lo apto a reconstruir o conhecimento (conceito alinhado às descrições em Platão — Mênon, Apologia — e em Xenofonte).

Análise das alternativas incorretas:

A — confunde Ironia com mero deboche. Embora Ironia possa desconcertar, não é desprezo gratuito; é instrumento pedagógico reflexivo.

B — afirma alvo exclusivo (pitagóricos) e intenção de provar fragilidade; é específico e incorreto historicamente: a Ironia era método geral de investigação, não ataque direcionado a um grupo.

C — atribui a criação a Sófocles e propósitos teístas; inválido: Sófocles é dramaturgo, e a Ironia socrática não serve para “provar deuses”.

D — diz que sofistas criaram a prática e Sócrates a adotou. Sofistas e sofística são distintos; Sócrates criticava a retórica sofista. A Ironia é uma estratégia socrática, não herança sofística.

Dicas de prova / interpretação: procure palavras-chave: “perguntas”, “reconhecer impropriedade do saber”, “construir novo saber”, “maiêutica”. Desconfie de alternativas que confundem Ironia com zombaria, ou que atribuem origem/objetivo errado.

Fontes recomendadas: Platão (Apologia, Mênon), Xenofonte (Memoráveis).

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