Questão 9fea1e34-fd
Prova:UNICENTRO 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:Filosofia e a Grécia Antiga, Sócrates e a Maiêutica

A respeito da célebre frase “só sei que nada sei”, atribuída ao filósofo grego Sócrates, marque com V as interpretações adequadas e com F as inadequadas.

( ) Trata-se de uma afirmação que demonstra o descompromisso de Sócrates com o saber da época.
( ) Representa o descontentamento de Sócrates com os sofistas que afirmavam certezas sobre a origem do cosmos.
( ) Representa a atitude humilde de quem, mesmo sendo considerado um sábio, reconhece a própria ignorância, isto é, reconhece que aquilo que sabe é muito pouco ou quase nada em relação a tudo que não sabe.
( ) Dela podemos extrair uma lição segundo a qual o ponto de partida para o conhecimento é a tomada de consciência da própria ignorância, na medida em que aquele que sabe que não sabe, está mais perto do saber do que aquele que julga saber tudo.

Assinale a alternativa correta.

A
F, V, V e V.
B
F, F, F e V.
C
V, V, F e F.
D
F, F, V e V.
E
V, F, F e F.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: D — F, F, V e V

1. Tema central e relevância
A frase atribuída a Sócrates exprime a atitude epistemológica socrática: consciência da própria ignorância como impulso para investigação. Para concursos é importante diferenciar ironia socrática, a prática do diálogo e o método elênctico (refutação), e evitar leituras anacrônicas que transformam a frase em niilismo epistemológico.

2. Resumo teórico
Sócrates, especialmente em Platão (Apologia, 21d), relata que o Oráculo de Delfos afirmou que ninguém era mais sábio que ele; ele investigou e constatou que outros achavam saber coisas que, ao examiná-las, não dominavam — daí a formulação “sei que nada sei” como expressão de humilde consciência crítica, não de desinteresse pelo saber. O método socrático parte do reconhecimento de limites para conduzir ao questionamento sistemático (elenchos).

3. Fontes
Principal: Platão, Apologia de Sócrates (21d). Complementares: Xenofonte, Memoráveis; estudos introdutórios — exemplo: G. S. Kirk & J. E. Raven, History of Greek Philosophy; W. K. C. Guthrie.

4. Justificativa da alternativa D
- Primeira afirmação: “demonstra o descompromisso de Sócrates com o saber” — FALSA. Sócrates não é descompromissado; ao contrário, seu reconhecimento de ignorância é estímulo para investigar. - Segunda: “representa descontentamento com sofistas que afirmavam certezas sobre a origem do cosmos” — FALSA. A frase refere-se a uma atitude geral de investigação frente a pretensões de sabedoria; os sofistas eram alvos de crítica por relativismo e retórica, mas a afirmação não se restringe a cosmologia nem expressa apenas “descontentamento”. - Terceira: “atitude humilde… reconhece que aquilo que sabe é muito pouco” — VERDADEIRA. Corresponde à interpretação clássica: consciência da própria ignorância. - Quarta: “lição: ponto de partida é a consciência da ignorância” — VERDADEIRA. Reconhecer que não se sabe favorece o questionamento e o caminho para o verdadeiro conhecimento.

5. Análise das alternativas incorretas
- A (F,V,V,V): erra a 1ª e apresenta a 2ª como verdadeira; a 2ª é imprecisa. - B (F,F,F,V): erra ao negar a 3ª (humildade), que é central. - C (V,V,F,F): erra a 1ª e 2ª como verdadeiras e nega as últimas corretas. - E (V,F,F,F): erra ao tornar a 1ª verdadeira e negar a 3ª e 4ª, comprometendo o sentido socrático.

6. Estratégia de prova
Ao analisar enunciados, destaque palavras-chave (ex.: “descompromisso”, “sofistas”, “origem do cosmos”) e pergunte: a afirmação corresponde ao contexto socrático ou é uma leitura ampliada/fora de contexto? Prefira interpretações que conectem a frase ao método (elenchos) e à Apologia.

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