Com base na análise do texto de Santo Tomás de Aquino, pode-se afirmar:
O texto constitui uma exceção na História da Filosofia Medieval, a qual não está preocupada com as
contradições entre a crença pela Fé e o saber pela Razão.
O texto constitui uma exceção na História da Filosofia Medieval, a qual não está preocupada com as contradições entre a crença pela Fé e o saber pela Razão.
A tudo isso respondo que foi necessário, para a salvação do homem, uma doutrina fundada na revelação divina, além das disciplinas filosóficas que são investigadas pela razão humana. Primeiro, porque o homem está ordenado a Deus como a um fim que ultrapassa a compreensão da razão, conforme afirma Isaías, 33,4: “Fora de tu, ó Deus, o olho não viu o que preparaste para os que te amam." Ora, o homem deve conhecer o fim ao qual deve ordenar as suas intenções e ações. Por isso se tornou necessário, para a salvação dos homens, que lhes fossem dadas a conhecer, por revelação divina, determinadas verdades que ultrapassam a razão humana.Mesmo em relação àquelas verdades a respeito de Deus que podem ser investigadas pela razão, foi necessário que o homem fosse instruído pela revelação divina, pois essas verdades, ao serem investigadas pela razão, chegariam a poucas pessoas e mesmo assim só depois de muito tempo e com muitos erros. Entretanto, do conhecimento dessas verdades depende a salvação do homem, a qual está em Deus. Para que, pois, a salvação dos homens seja alcançada de maneira mais conveniente e segura foi necessário que fossem instruídos, a respeito das coisas divinas, pela divina revelação. Donde a necessidade de uma ciência sagrada, obtida pela revelação, além das disciplinas filosóficas que são investigadas pela razão. Por isso, nada impede que as mesmas coisas de que tratam as disciplinas filosóficas, na medida em que são cognoscíveis pela luz da razão natural, sejam tratadas por outra ciência, na medida em que são conhecidas pela luz da revelação divina. Por isso a teologia, enquanto ciência sagrada, difere da teologia que é parte da filosofia. (AQUINO. In: REZENDE, 2005, p. 97).
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: a relação entre Fé e Razão na filosofia medieval, especialmente na posição de Santo Tomás de Aquino. Questões desse tipo exigem conhecer que, ao contrário da ideia de separação radical, grande parte da filosofia medieval trabalhou precisamente a harmonização entre revelação (fé) e investigação racional.
Resumo teórico. Aquinas distingue duas fontes de conhecimento: a razão natural e a revelação divina. Para ele, certas verdades sobre Deus podem ser alcançadas pela razão; outras, necessárias à salvação, só se conhecem pela revelação. Assim, não há conflito absoluto: há complementaridade e hierarquia entre saberes (ver Summa Theologiae; cf. Summa contra Gentiles).
Por que a afirmativa é ERRADA: a passagem de Tomás não é exceção histórica. Pelo contrário, ela exemplifica um traço central da escolástica: a busca de conciliar fé e razão. Filósofos e teólogos medievais — Agostinho, Anselmo, Aquino, Alberto Magno, entre outros — debateram intensamente essa relação. Portanto, afirmar que a Idade Média “não está preocupada” com possíveis contradições é uma generalização incorreta.
Dica de prova: toque de atenção em termos absolutos como “constitui uma exceção” — eles costumam sinalizar alternativa errada. Ao reconhecer que o texto trata da articulação entre razão e revelação, relacione-o ao contexto histórico (escolástica) antes de marcar a resposta.
Referência breve: Santo Tomás, Summa Theologiae / Summa contra Gentiles; para contextualização histórica, consultar introduções à escolástica (ex.: Etienne Gilson).
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