Observe as seguintes citações, que refletem
posições divergentes, colocadas por empiristas e
racionalistas, sobre o método que deveria ser usado
para o estabelecimento do correto processo de
conhecimento da realidade:
“Primeiramente, considero haver em nós certas
noções primitivas, as quais são como originais, sob
cujo padrão formamos todos os nossos outros
conhecimentos”.
DESCARTES, R. Carta a Elisabeth.
São Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os Pensadores.
“De onde a mente apreende todos os materiais
da razão e do conhecimento? A isso respondo numa
palavra, da experiência. Todo o conhecimento está
nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o
próprio conhecimento”.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento
humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Col. Os pensadores.
Considerando o que propunham o empirismo e o
racionalismo, atente para o que se afirma a seguir e
assinale com V o que for verdadeiro e com F o que
for falso.
( ) O racionalismo é a forma de compreensão
do conhecimento que prioriza a razão e
recorre à indução como método de análise.
( ) O empirismo, ao contrário do racionalismo,
parte da experiência para a construção de
afirmações gerais a respeito da realidade.
( ) Para o racionalismo, sobretudo o
cartesiano, a verdade deveria ser buscada
fora dos sentidos, visto que eles são
enganosos e podem nos equivocar em
qualquer experiência de percepção.
( ) O empirismo, vertente de compreensão da
qual Locke fazia parte, aproxima-se do
modelo científico cartesiano, ao negar a
existência de ideias inatas.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Gabarito comentado
Resposta correta: D (F, V, V, F)
Tema central: distinção entre racionalismo e empirismo — onde vem o conhecimento e qual método é privilegiado (razão/dedução vs. experiência/indução).
Resumo teórico: Racionalismo (ex.: Descartes) afirma que há ideias ou princípios básicos acessíveis pela razão; o método é preferencialmente dedutivo, buscando verdades claras e distintas independentes dos sentidos (ver Carta a Elisabeth; Meditações). Empirismo (ex.: Locke, Hume) sustenta que todo conteúdo do entendimento deriva da experiência; o método é indutivo, formando generalizações a partir de observações (ver Ensaio sobre o Entendimento Humano).
Justificativa item a item (para interpretar as alternativas):
(1) “O racionalismo ... recorre à indução” — FALSO. Racionalistas priorizam a razão e a dedução, não a indução. Indução é característica do empirismo. (Armadilha: aceita a primeira parte sobre priorizar a razão, mas erra o método.)
(2) “O empirismo ... parte da experiência para a construção de afirmações gerais” — VERDADEIRO. Explica exatamente a tese empirista: conhecimento fundamentado na experiência sensível e memória, formando generalidades por indução (Locke, Hume).
(3) “Para o racionalismo, sobretudo o cartesiano, a verdade deveria ser buscada fora dos sentidos...” — VERDADEIRO. Descartes desconfia dos sentidos e busca certeza em ideias claras e distintas acessíveis pela razão; os sentidos podem enganar (método da dúvida).
(4) “O empirismo ... aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar ideias inatas.” — FALSO. Embora o empirismo negue ideias inatas (parte verdadeira), dizer que isso o aproxima do “modelo cartesiano” é contraditório: Cartesiano = racionalista. A negação das ideias inatas distancia empirismo do modelo de Descartes, não o aproxima.
Estratégia para provas: Procure palavrões técnicos nas proposições: “indução” vs “dedução”, “inato” vs “experiência”. Quando uma alternativa mistura uma afirmação verdadeira com uma conclusão incompatível, marque como falsa.
Fontes rápidas: Descartes, Carta a Elisabeth / Meditações; Locke, Ensaio sobre o Entendimento Humano; Stanford Encyclopedia of Philosophy — entries “Rationalism” e “Empiricism”.
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