Questão 9834e31f-d5
Prova:CESMAC 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Denotação e Conotação, Variação Linguística, Gêneros Textuais

O Texto constitui uma ‘exposição’, de natureza acadêmico-científica. Considerando as especificidades que deve apresentar um texto desse tipo, podemos avaliá-lo como adequado, uma vez que:

1) recorre a uma terminologia especializada a fim de assegurar a clareza e a consistência necessárias ao entendimento dos conceitos abordados.

2) são indicados os ‘limites’ em que as ideias propostas são tidas como cabíveis: ‘Na tradição filosófica ocidental’; ‘Nessa perspectiva’; ‘Do ponto de vista cronológico’).

3) foge às marcas da oralidade convencional e prima pelo uso de uma linguagem erudita, apesar de metafórica e extremamente simbólica.

4) encaminha o leitor, em linguagem decisiva, para a formulação de conclusões gerais, como ocorreu no último parágrafo.

5) apresenta uma abordagem aberta, no sentido de que admite flexibilidade conceitual e faz avaliações considerando a questão integralmente.

Estão corretas as alternativas: 

Aspectos relevantes para a observação da relação fala e escrita


1. Na tradição filosófica ocidental, nos acostumamos a distinguir entre natureza e cultura, atribuindo à cultura tudo aquilo que não se dá naturalmente. No entanto, hoje, esta distinção está cada vez mais difícil de ser mantida, como, de resto, acontece em todas as dicotomias. O certo é que a cultura é um dado que torna o ser humano especial no contexto dos seres vivos. Mas, o que o torna ainda mais especial é o fato de ele dispor de uma linguagem simbólica articulada que é muito mais do que um sistema de classificação, pois é também uma prática que permite que estabeleçamos crenças e pontos de vista diversos ou coincidentes sobre as mesmas coisas. Daí ser a língua um ponto de apoio e de emergência de consenso e dissenso, de harmonia e luta. Não importa se na modalidade escrita ou falada.

2. Nessa perspectiva, seria útil ter presente que, assim como a fala não apresenta propriedades intrínsecas negativas, também a escrita não tem propriedades intrínsecas privilegiadas. São modos de representação cognitiva e social que se revelam em práticas específicas. Postular algum tipo de supremacia ou superioridade de alguma das duas modalidades seria uma visão equivocada, pois não se pode afirmar que a fala é superior à escrita ou vice-versa. Em primeiro lugar, deve-se considerar o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que esta relação não é homogênea nem constante.

3. Do ponto de vista cronológico, a fala tem grande precedência sobre a escrita, mas do ponto de vista do prestígio social, a escrita é vista como mais prestigiada que a fala. Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos e sim de postura ideológica. Por outro lado, há culturas em que a fala é mais prestigiada que a escrita.

4. Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações letradas, continuamos povos orais. A oralidade jamais desaparecerá e sempre será, ao lado da escrita, o grande meio de expressão e de atividade comunicativa. A oralidade enquanto prática social é inerente ao ser humano e não será substituída por nenhuma tecnologia. Ela será sempre a porta de nossa iniciação à racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos.


                                     (Luís Antônio Marcuschi. Da fala para a escrita. São Paulo: Editora Contexto, 2001, p. 35-36)

A
1, 2, 4, e 5, apenas.
B
1, 2, 3 e 4, apenas.
C
2, 3 e 4, apenas
D
1 e 5, apenas.
E
1, 2, 3, 4 e 5.

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