Questão 7b1edaf6-b0
Prova:
Disciplina:
Assunto:
“Difícil caracterizar o estilo de Sócrates. Os próprios antigos lhe forjaram uma palavra sob medida, eirôn
(de onde vem a palavra ironia), que deixa o tradutor moderno tão perplexo quanto o etimologista antigo.
Traduzamos, para simplificar, por ‘aquele que se pretende ignorante’, que ‘diz menos do que parece
pensar’; portanto, ‘finório’, se tomarmos pelo lado pior, como Aristófanes, ou ‘reservado’, se seguirmos
Platão e Aristóteles. Mas também ‘ingênuo’, se admitirmos sem discussão o que ele diz de si mesmo, ou
‘dissimulado’, se não acreditarmos nisso” (WOLF, F. Sócrates – O sorriso da razão. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1987).
Analise as alternativas e assinale a INCORRETA.
“Difícil caracterizar o estilo de Sócrates. Os próprios antigos lhe forjaram uma palavra sob medida, eirôn (de onde vem a palavra ironia), que deixa o tradutor moderno tão perplexo quanto o etimologista antigo. Traduzamos, para simplificar, por ‘aquele que se pretende ignorante’, que ‘diz menos do que parece pensar’; portanto, ‘finório’, se tomarmos pelo lado pior, como Aristófanes, ou ‘reservado’, se seguirmos Platão e Aristóteles. Mas também ‘ingênuo’, se admitirmos sem discussão o que ele diz de si mesmo, ou ‘dissimulado’, se não acreditarmos nisso” (WOLF, F. Sócrates – O sorriso da razão. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987).
Analise as alternativas e assinale a INCORRETA.
A
A ironia é escárnio e sarcasmo. Marcas de um método destrutivo, a ironia socrática é conhecida pelo nome de
maiêutica: “dar à luz” novas ideias. Verdadeiramente vaidosa, essa atitude filosófica em Sócrates não pode ser
separada da franca hipocrisia, como atesta, seu emblemático “só sei que nada sei”.
B
A ironia é distanciamento. Para poder filosofar, para colocar entre si e o mundo a barreira profilática do
questionamento e da reflexão, é preciso reconhecer que a cada conhecimento obtido, uma nova ignorância se
abre diante de nós. O conhecimento não é um estado, mas um processo, uma busca, uma procura pela verdade.
C
Ironia: verdade e fingimento, ao mesmo tempo. Nem hipócrita, nem verdadeiramente franca, diz a verdade
parecendo dizer o seu contrário. Realmente Sócrates diz a verdade: ele nada sabe, pois só ele sabe que, às
questões que ele põe, não há nenhum saber constituído que possa responder. A ironia é refutação, com a
finalidade de romper a solidez aparente dos preconceitos.
D
Ironia é zombaria: o diálogo socrático vai justamente dissolver o saber irrefletido de seu interlocutor e reduzir a
nada suas pretensões normativas. Curiosa inversão irônica: o “eu nada sei” (daquilo que acreditas que sei), mas tu
sabes (o que tu não pensas que sabes)” se duplica num “tu nada sabes” (daquilo que acreditas saber).
E
Ironia é espantar-se com o que já não espanta. Os momentos fugidios, roubados pela ironia à seriedade das
coisas e à aderência da existência, são momentos preciosos: são momentos de consciência.