Pelas características descritas no texto abaixo de Abdala Junior, o poema "A Carolina", abaixo transcrito, deve ser atribuído a que poeta e a que movimento literário?
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
(Dedicatória de Relíquias da casa velha).
“Quem inicia o estudo da poética brasileira das últimas décadas do século XIX vê-se diante da pretensa ‘impassibilidade’ do Parnasianismo. Para o registro da realidade, o poeta não poderia ser subjetivo, evidenciando seus sentimentos. Ele deveria limitar- se a descrever situações "neutramente", sem se envolver com elas. Essa pretensa "impassibilidade", entretanto, não existiu. Nem seria possível, pois o poeta só pode construir o poema selecionando situações, palavras imagens, a partir de sua própria perspectiva. A subjetividade é inerente às ações humanas. [...] As transformações técnicas e os movimentos sociais do século XIX não poderiam conformar-se ao exaurido sentimentalismo ultrarromântico. Castro Alves e outros românticos deram os primeiros passos na direção da objetividade, trajetória a ser continuada pelos poetas [...] que defendiam uma poesia ‘científica’, que associasse o lirismo do poeta ao realismo da representação objetiva”. (Benjamim Abdla Junior – Luz realista, forma parnasiana, estética decadentista adaptação).
A Carolina
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.
Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
(Dedicatória de Relíquias da casa velha).
“Quem inicia o estudo da poética brasileira das últimas décadas do século XIX vê-se diante da pretensa ‘impassibilidade’ do Parnasianismo. Para o registro da realidade, o poeta não poderia ser subjetivo, evidenciando seus sentimentos. Ele deveria limitar- se a descrever situações "neutramente", sem se envolver com elas. Essa pretensa "impassibilidade", entretanto, não existiu. Nem seria possível, pois o poeta só pode construir o poema selecionando situações, palavras imagens, a partir de sua própria perspectiva. A subjetividade é inerente às ações humanas. [...] As transformações técnicas e os movimentos sociais do século XIX não poderiam conformar-se ao exaurido sentimentalismo ultrarromântico. Castro Alves e outros românticos deram os primeiros passos na direção da objetividade, trajetória a ser continuada pelos poetas [...] que defendiam uma poesia ‘científica’, que associasse o lirismo do poeta ao realismo da representação objetiva”. (Benjamim Abdla Junior – Luz realista, forma parnasiana, estética decadentista adaptação).
Gabarito comentado
Alternativa correta: D - Machado de Assis – Realismo
1) Tema central
A questão exige identificar autor e movimento a partir de pistas do texto (tom, forma, indicação de obra). É prática comum em provas: reconhecer traços estilísticos (subjetividade, dedicação, tom íntimo) e referências editoriais (título de coletânea).
2) Resumo teórico rápido e progressivo
- Realismo (Brasil, finais do séc. XIX): ênfase na observação social e psicológica, ironia e análise do indivíduo; Machado de Assis é seu principal nome.
- Parnasianismo: rigor formal, impassibilidade aparente, objetividade descritiva.
- Romantismo (1ª e 2ª fases): 1ª fase nacionalista/épica; 2ª fase (ultrarromântica) sentimental/melancólica.
- Simbolismo: linguagem sugestiva, musicalidade e imagens abstratas.
Fontes: Encyclopaedia Britannica (Machado de Assis); Benjamim Abdala Júnior, “Luz realista, forma parnasiana, estética decadentista” (análise das relações entre movimentos).
3) Justificativa da alternativa correta
O poema traz indicação direta: Dedicatória de Relíquias da casa velha — obra poética associada a Machado de Assis. O tom é íntimo e reflexivo, com foco psicológico e memória afetiva (“Querida”, “o coração do companheiro”), característica da lírica machadiana, que explora subjetividade com introspecção realista. Machado figura como autor-chave do Realismo brasileiro, razão pela qual a associação autor/movimento é Machado de Assis — Realismo.
4) Por que as outras opções estão incorretas
- A (Álvares de Azevedo – Romantismo 2ª fase): Álvares produz ultrarromantismo melancólico e gótico; sua linguagem e temas (morte, sofrimento extremo, linguagem juvenil) diferem do poema-série íntima e contida aqui.
- B (Gonçalves de Magalhães – Romantismo 1ª fase): autor da fase inaugural do Romantismo no Brasil, com temas nacionalistas e épicos, não com a intimidade contida do texto.
- C (Alberto de Oliveira – Parnasianismo): Parnasianos prezavam impassibilidade e descrição estética distante; o poema é claramente subjetivo e dedicado, logo não corresponde ao modelo parnasiano.
- E (Alphonsus de Guimarães – Simbolismo): simbolistas usam imagens sugeridas e musicalidade abstrata; o poema é direto, referencial e com dedicatória concreta, o que o afasta do simbolismo.
5) Estratégias práticas para provas
- Procure referências textuais específicas (títulos, dedicatórias).
- Identifique o tom: direto/íntimo → prob. lírica realista/romântica; impessoal/descritivo → parnasiano.
- Relacione autor mais representativo do movimento (ex.: Machado → Realismo).
Referências rápidas: Encyclopaedia Britannica (Machado de Assis); Benjamim Abdala Júnior, “Luz realista, forma parnasiana, estética decadentista”.
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