No plano social, um dos traços mais salientes
da filosofia grega na fase helenística foi a crítica
à escravidão. No plano político, os filósofos do
período helenístico criticaram o despotismo e a
divinização dos reis.
No século IV a.C., a Grécia foi conquistada pelo rei
macedônio Felipe II. Seu filho Alexandre, o Grande,
consolidou o domínio macedônio da Grécia e
expandiu seu império pelo Oriente, chegando suas
conquistas às margens do rio Indo, na Índia.
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou a
cultura grega e levou-a para suas conquistas no
Oriente, resultando daí uma intensa troca cultural
entre os gregos e os povos orientais. O império de
Alexandre não resistiu à sua morte, ocorrida em
323 a.C., aos 33 anos de idade, mas seus
resultados culturais foram duradouros com a
emergência da chamada cultura helenística. Sobre
essa questão, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Por que a afirmação é incorreta?
A frase reúne duas asserções que não correspondem ao quadro real da filosofia helenística.
1) Plano social — crítica à escravidão: as principais escolas helenísticas (estoicismo, epicurismo, ceticismo) não fizeram da crítica à escravidão um traço saliente. O estoicismo valorizou a ideia de cosmopolitismo e a igualdade moral dos seres racionais, mas isso não se traduziu em um movimento sistemático pela abolição. Muitos filósofos e sociedades da época aceitavam a escravidão como instituição social; o foco ético era mais sobre a liberdade interior e a virtude (ver, p. ex., Encyclopaedia Britannica sobre Stoicism e Epicureanism; Diogenes Laertius).
2) Plano político — crítica ao despotismo e à divinização dos reis: também exagerada. Embora existam críticas filosóficas a tirania e à má-governança, grande parte dos pensadores helenísticos procurou adaptar-se às monarquias helenísticas ou manteve postura distante da política ativa (os epicuristas, por exemplo, buscavam ausência de perturbação). Muitos intelectuais atuaram junto a cortes reais; a prática da divinização régia foi um fenómeno político-religioso dos reinos helenísticos e não sofreu, em geral, uma denúncia filosófica unificada.
Fontes e leituras recomendadas (curtas): Encyclopaedia Britannica (entradas sobre Stoicism, Epicureanism, Hellenistic philosophy); Diogenes Laertius, Lives of Eminent Philosophers; W.K.C. Guthrie, A History of Greek Philosophy; Martha Nussbaum, The Therapy of Desire (para ética helenística).
Dica de prova: desconfie de afirmações que atribuem a todo um período uma posição política ou social uniforme. Identifique termos absolutos (ex.: "um dos traços mais salientes") e peça evidência histórica de que isso era majoritário.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






