"Com as inundações periódicas do Nilo, o Vale, onde
se concentrava a população do Egito Antigo, costuma ser
comparado a uma espécie de oásis em meio ao deserto.
O historiador grego Heródoto, que visitou o Egito no século V a.C., o chamou de uma ‘dádiva do Nilo’, isto é, ‘um
presente’ do Nilo. Essa frase pode passar a impressão de
que, na construção da sociedade egípcia, os ‘atributos
da natureza’ foram mais importantes que o trabalho dos
egípcios. No entanto, para muitos historiadores, trabalho e
organização foram os ingredientes principais da civilização
egípcia. O rio, em si, (...) ao mesmo tempo que fertilizava,
inundava.”
PINSKY, Jaime. As Primeiras Civilizações. São Paulo. Atual
Editora. 1994. p. 67.
A partir das informações presentes no texto, pode-se
afirmar como característica da organização econômica da
milenar civilização egípcia o fato de:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: organização econômica do Egito Antigo — como o Nilo condicionou a vida agrícola e exigiu trabalho coletivo e controle estatal. É preciso distinguir entre a importância dos recursos naturais e a ação humana (planejamento, irrigação, administração).
Resumo teórico: O Egito dependia das cheias anuais do Nilo, que depositavam sedimentos férteis. Essa dinâmica favoreceu a agricultura irrigada como base econômica, exigindo obras de irrigação, canais e coordenação de mão de obra (corvéia, armazéns, redistribuição). O Estado centralizado organizava essas tarefas, garantindo excedentes e estabilidade (Pinsky, 1994; Heródoto, séc. V a.C.; ver também Ian Shaw, A History of Ancient Egypt).
Por que a alternativa B está correta: B reúne os elementos mencionados no texto: agricultura irrigada como atividade central; fertilidade do solo e colheita anual; trabalho coletivo sob controle estatal; existência de canais de curta extensão — descrição coerente com a história econômica do Egito e com a argumentação de que não foi só “dádiva” da natureza, mas trabalho e organização humana.
Análise das alternativas incorretas:
A — Afirma superioridade técnica absoluta em relação a outras civilizações: exagero e não sustentado pelo texto. O foco do enunciado é organização e trabalho, não uma comparação tecnológica absoluta.
C — Diz que a irrigação foi o fator determinante único para a centralização. É determinismo ambiental extremo; o texto justamente contrapõe essa visão, afirmando que trabalho e organização foram ingredientes principais.
D — Afirma que a pesca predominou economicamente; isso contraria a evidência histórica: a agricultura irrigada foi a base da economia. A menção a limitações religiosas ao consumo de peixe é imprecisa e não justifica a afirmação.
Dica de interpretação: Procure no enunciado palavras-chave (ex.: “fertilizava”, “inundava”, “trabalho e organização”) e compare com as alternativas: elimine opções que exageram, que substituem causas múltiplas por uma única determinante ou que apresentam fatos inconsistentes com o contexto histórico.
Fontes: Jaime Pinsky, As Primeiras Civilizações (1994); relatos de Heródoto; introduções ao Egito Antigo (Ian Shaw; Encyclopaedia Britannica).
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