Leia o texto a seguir.
Marx, ao analisar as origens da acumulação capitalista e a emergência do Estado moderno, considerou
fundamental o que chamou de acumulação primitiva quando a “burguesia nascente precisava e empregava a força do Estado para ‘regular’ o salário, isto é, comprimi-lo dentro dos limites convenientes de
mais valia, para prolongar a jornada de trabalho e para manter o próprio trabalhador num grau adequado de dependência”. Ainda sobre a atuação da burguesia na passagem do sistema de manufatura
ao fabril, ressaltou a soberania política por ela conquistada junto ao Estado representativo moderno,
transformando-o numa junta administrativa dos seus negócios e interesses.
(Adaptado de: MARX, K. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. L.1. v.2. Cap.XXIV. p.854-855; MARX, K. et al
O Manifesto Comunista 150 Anos Depois. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1998. p.29-39.)
Com base no texto, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a concepção de Estado moderno,
em Marx.
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: interpretação marxista do Estado moderno — entender o Estado como instrumento ligado às relações de classe e à acumulação capitalista. Conceitos-chave: acumulação primitiva, soberania política da burguesia, Estado como aparelho para proteger interesses de classe (Marx: O Capital; O Manifesto Comunista).
Resumo teórico (didático): Para Marx, o Estado moderno não é neutro. Ele surge e se consolida historicamente junto à ascensão da burguesia e ao desenvolvimento do capitalismo. O Estado atua para gerir e preservar as condições necessárias à acumulação de capital: disciplinar a força de trabalho, regular salários, prolongar jornadas, garantir propriedade e facilitar a reprodução da relação capital-trabalho. Em suas próprias palavras, torna‑se uma “junta administrativa” dos interesses burgueses (Marx, O Capital; Manifesto Comunista).
Por que a alternativa A está correta: A afirma que o Estado corresponde ao poder de uma classe cujos interesses às vezes confundem‑se com os seus — exatamente a ideia marxista de que o Estado expressa e protege os interesses dominantes da classe capitalista. As expressões do enunciado (uso do Estado para comprimir salários, prolongar jornada, manter dependência) apontam para essa relação de classe.
Análise das alternativas incorretas (estratégias e erros):
B (errada): Afirma independência total do Estado em relação a interesses de classe. Para Marx isso é falso: o Estado tem caráter de classe e atua em favor da classe dominante. Cuidado com a armadilha: termos como “próprios interesses” podem confundir, mas o enunciado mostra subordinação a interesses de classe.
C (errada): Remete à teoria do contrato social e à lei natural (trad. Locke/Rousseau). Essa concepção liberal/contratual vê o Estado acima dos conflitos particulares — não é a visão marxista, que enfatiza determinantes materiais e relações de classe.
D (errada): Também é uma leitura contratual/iluminista: Estado como superação do “estado de natureza” e garantia de igualdade e liberdade reguladas. Marx critica essa abstração normativa por ocultar as desigualdades materiais reais.
E (errada mas enganosa): Define o Estado como monopolizador da violência legítima — definição clássica de Weber. Embora verdadeira como definição geral do Estado, não capta a explicação marxista sobre por que e para quem o Estado age (proteção da burguesia). Ou seja, é insuficiente para responder segundo Marx.
Dica de prova: procure palavras‑chave — “burguesia”, “acumulação primitiva”, “junta administrativa” indicam leitura marxista; descarte alternativas que apresentam neutralidade ou contrato social sem referência a conflito de classes.
Fontes recomendadas: Karl Marx, O Capital; Marx & Engels, O Manifesto Comunista. Para contraste conceitual: Max Weber (Estado e violência legítima); textos sobre contrato social (Locke, Hobbes, Rousseau).
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