Considere o seguinte texto do filósofo Heráclito (século VI a.C.).
“Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em
terra. Da terra, contudo, forma-se a água e da água, a alma”
Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor.
Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele ilustra
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: o fragmento de Heráclito trata da transformação e do fluxo constante dos seres. É importante reconhecer termos-chave como “transformar‑se” e o encadeamento de mudanças (alma → água → terra → água → alma) para identificar a ênfase no movimento.
Resumo teórico breve: Heráclito (século VI–V a.C.) defende a ideia de que a realidade está em perpétuo devir — “tudo flui” (panta rhei). Sua filosofia realça a mobilidade, a oposição unida (unidade dos contrários) e a transformação contínua dos elementos. Fontes úteis: Heráclito, Fragmentos (apud Marcondes) e comentários em Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers.
Por que A é correta: O fragmento ilustra exatamente a concepção heraclitiana que valoriza o movimento na descrição da realidade: as coisas mudam de forma constantemente, e a realidade é compreendida por essa dinâmica de transmutação. A alternativa A capta com precisão essa ênfase central.
Análise das alternativas incorretas:
B — incorreta. Afirma que, para Heráclito, “o movimento é uma ilusão dos sentidos”. Isso é contrário ao pensamento heraclitiano; quem nega o movimento como verdadeiro é Parmênides. Heráclito afirma o movimento como condição real do ser, não uma ilusão.
C — parcialmente enganosa. Embora Heráclito também proponha uma unidade por trás da multiplicidade (unidade dos opostos), o fragmento apresentado enfatiza sobretudo o processo de transformação. A alternativa C generaliza de forma vaga (“multiplicidade subjaz uma realidade única”) e não destaca o aspecto dinâmico que o enunciado pede — por isso não é a melhor opção frente à A.
D — incorreta. Apresenta leitura religiosa sobre morte como libertação da alma; o fragmento fala de transformação cíclica entre elementos, não de uma salvação ou libertação espiritual típica de leituras religiosas posteriores.
Dica de interpretação para provas: procure verbos e imagens centrais (aqui: “transformar‑se”, sequência de transmutação). Desconfie de alternativas que introduzem conceitos contrastantes (ilusão, salvação) ou que são verdadeiras em parte, mas não respondem ao foco do excerto.
Referências rápidas: Marcondes, D. (org.), Textos Básicos de Filosofia — Heráclito, Fragmentos; Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers.
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