Questão 56de27d8-a5
Prova:UFU-MG 2018, UFU-MG 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:Conceitos Filosóficos, A Razão e seus Sentidos

“Pois pensar e ser é o mesmo”

Parmênides, Poema, fragmento 3, extraído de: Os filósofos pré-socráticos. Tradução de Gerd Bornheim. São Paulo: Cultrix, 1993.

A proposição acima é parte do poema de Parmênides, o fragmento 3. Considerando-se o que se sabe sobre esse filósofo, que viveu por volta do século VI a.C., assinale a afirmativa correta.

A
Para compreender a realidade, é preciso confiar inteiramente no que os nossos sentidos percebem.
B
O movimento é uma característica aparente das coisas, a verdadeira realidade está além dele.
C
O verdadeiro sentido da realidade só pode ser revelado pelos deuses para aqueles que eles escolhem.
D
Tudo o que pensamos deve existir em algum lugar do universo.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: Parmênides e a distinção entre aparência e realidade. A frase “pensar e ser é o mesmo” indica que só o que é pensável (pelo logos, pela razão) pertence à verdadeira realidade; o mundo sensível, mutável, está enganando os sentidos.

Resumo teórico — Parmênides (séc. VI a.C.) defende que o real é uno, imóvel, eterno e indivisível. A razão revela a verdade; os sentidos apresentam multiplicidade e mudança, que são meras aparências. A famosa conclusão é: o ser é; o não-ser não é pensável nem existente. (Ver Stanford Encyclopedia of Philosophy: "Parmenides" e traduções comentadas do poema.)

Por que a alternativa B é correta: ela afirma que o movimento é apenas aparente e que a verdadeira realidade está além dele. Isso sintetiza a tese central parmenidiana: mudança e devenir pertencem ao mundo ilusório percebido pelos sentidos; a realidade (o Ser) é imutável e atemporal.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. Parmênides não confia nos sentidos; ao contrário, considera-os enganosos para conhecer o Ser. A ênfase é na razão, não na confiança sensorial.

C — Errada. Embora no poema haja uma figura divina que conduz o poeta à visão, a tese central não é um revelacionismo exclusivo dos deuses, mas a primazia do pensamento racional: o Ser é apreendido pelo logos, não por mera escolha divina.

D — Errada. A leitura “tudo o que pensamos existe em algum lugar” simplifica e distorce Parmênides. Ele afirma que o pensável coincide com o ser, mas isso não implica pluralidade espacial de existências; pelo contrário, defende o Ser uno e imutável, não um conjunto de coisas espalhadas no universo.

Dica de prova: ao ver “pensar = ser”, relacione imediatamente com termos-chave: uno, imóvel, eterno, razão vs. sentidos. Palavras como “movimento” ou “mudança” costumam indicar a alternativa correta quando aparecem como aparença.

Fontes: Parmênides, fragmentos (tradução G. Bornheim); Stanford Encyclopedia of Philosophy — artigo "Parmenides".

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