A defesa da língua
O jornalista Eduardo Martins, colaborador de Agitação e autor do Manual de Redação do
jornal O Estado de S. Paulo, foi o convidado de honra do almoço realizado no dia 31 de agosto,
em São Paulo, pelas academias Paulista de Letras, Cristã de Letras, Internacional de Direito
Econômico, Paulista de Educação, de Medicina de São Paulo e Paulista de História. O evento
faz parte do calendário mensal das academias e sempre conta com uma personalidade para
falar sobre temas atuais ligados à educação e à literatura. Martins abordou os vícios que
castigam a língua portuguesa. Os mais comuns, de acordo com o jornalista, são o descaso
com a concordância – principalmente no caso do plural –, o uso de estrangeirismos, a
utilização errônea da crase e o internetês, a linguagem cifrada adotada pelos jovens na rede
mundial de computadores e que começa a migrar para as lições escolares.
Agitação, n. 65, set.-out. 2005.
A língua portuguesa, como toda língua viva, agrega ao longo de seu desenvolvimento histórico
elementos que marcam variações em seu sistema. Entretanto, algumas pessoas veem tais
variações como “erros”. Percebe-se que o jornalista citado tem esse pensamento, pois, segundo
a notícia, ele
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto, com foco em variações linguísticas e julgamento de valor sobre usos não normativos da língua. A habilidade cobrada é a de identificar a posição do autor do texto diante de fenômenos linguísticos atuais, como o “internetês” – modo abreviado e informal de comunicação utilizado em ambientes virtuais.
Justificativa da alternativa correta (B):
O texto afirma que Martins listou entre os “vícios que castigam a língua portuguesa” “o internetês, a linguagem cifrada adotada pelos jovens na rede mundial de computadores e que começa a migrar para as lições escolares”. Observe o termo “castigam”: indica uma avaliação negativa. Assim, está claro que o jornalista considera o internetês prejudicial à norma da língua, mostrando-se contrário à sua influência nas produções formais. Logo, a alternativa B (“vê o uso da linguagem abreviada da internet como danoso à nossa língua”) representa fielmente o ponto de vista do jornalista. Essa relação direta entre palavras do texto e a alternativa deve ser buscada sempre em questões de interpretação.
Análise das alternativas incorretas:
A) “preocupa-se com assuntos relativos à literatura brasileira para proteger a língua” — O texto não faz referência à literatura brasileira como foco de preocupação para defesa da língua.
C) “entende que na escola não se ensina os alunos a empregar corretamente a crase” —Embora cite o uso “errôneo da crase”, não atribui isso à escola, e sim a um vício dos falantes em geral.
D) “defende a língua portuguesa de males que podem vir a destruí-la futuramente” — O texto fala em “castigar”, não “destruir”. É exagero interpretativo e foge do que está realmente escrito.
Estratégia para questões semelhantes: Procure sempre palavras do texto que transfiram juízo de valor (positivo ou negativo) e confirme se a alternativa mantém o mesmo sentido, sem ampliar injustificadamente a ideia.
Autores como Bechara e Cunha & Cintra reforçam que o fenômeno das variações linguísticas é natural, mas o julgamento de valor depende do contexto de uso. Aqui, o texto usa a norma-padrão como referência, o que é comum em redações jornalísticas e provas de concursos.
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