Quanto aos discursos sobre o passado, os judeus estiveram sempre preocupados com a verdade e, entre eles, a lembrança do passado soava quase como uma obrigação religiosa, no entanto foram os gregos que inventaram a História, a partir do desenvolvimento de uma crítica adequada e, também, pelo fato de suas narrativas poderem aspirar a um outro tipo de verdade.

Gabarito: C - Certo

Tema central: diferença entre memória religiosa (tradições judaicas) e a história como disciplina crítica surgida na Grécia antiga.

Resumo teórico: Os judeus desenvolveram longas tradições de lembrança do passado registadas em textos sagrados (Torá, livros históricos do Antigo Testamento) cuja função é normativa e religiosa — conservar identidade e mandamentos. Já o termo grego "historia" (Heródoto) significa investigação; os gregos, sobretudo Heródoto e Túcídides, sistematizaram procedimentos de inquirição, crítica de fontes e busca de causas humanas e políticas, criando o modelo de narrativa histórica que aspira a uma verdade verificável e explicativa.

Fontes relevantes: Heródoto, Histórias; Túcídides, História da Guerra do Peloponeso; estudos de historiografia clássica e obras introdutórias à teoria do conhecimento histórico.

Justificativa da alternativa C: A asserção reconhece que comunidades judaicas valorizavam a memória como obrigação religiosa, mas atribui ao mundo grego a institucionalização da historia enquanto investigação crítica. Essa distinção — entre narrativa mnemônica-religiosa e investigação crítica-sistemática — é amplamente aceita na historiografia: o que os gregos “inventaram” foi um método interpretativo e explicativo capaz de aspirar a outro tipo de verdade (causal, secular, avaliada por argumentos), não a recordação coletiva em si.

Dica de prova: ao identificar termos-chave do enunciado ("lembrança como obrigação religiosa" x "inventaram a História"), contraste função/socialidade do relato com método crítico; isso ajuda a reconhecer afirmações que tratam de método, não apenas de existência de relatos.

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