Qual é, perguntei, a origem do pensamento racional no
Ocidente? Em primeiro lugar, constitui-se um domínio de
pensamento exterior e estranho à religião. Os físicos das
cidades gregas da Jônia na Ásia Menor explicam a origem
do cosmos e dos fenômenos naturais de maneira positiva
e profana.
(Jean-Pierre Vernant. Les origines de la pensée grecque, 1995. Adaptado.)
O autor refere-se ao início da filosofia grega, no século VI a.C.,
acentuando a sua
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: origens da filosofia grega (século VI a.C.), especialmente a atitude dos chamados físicos jonianos que buscavam explicações naturais e não religiosas para a realidade.
Resumo teórico: os primeiros filósofos da Jônia (ex.: Thales, Anaximandro, Anaxímenes) propuseram um princípio material (archê) que explicava a origem e a constituição do cosmos — água, apeiron, ar etc. — substituindo narrativas míticas por explicações positivas e profanas. (Vernant, Les origines de la pensée grecque; Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers.)
Justificativa da alternativa D: dizer que a origem do pensamento racional ocidental está na "concepção de uma causa produtora material para o mundo" captura exatamente a inovação joniana: procurar um princípio material causador do cosmos, em vez de atribuí-lo a intervenções divinas. As expressões do enunciado — positivo e profano — apontam para essa explicitação materialista e não-religiosa.
Análise das alternativas incorretas:
A — "filosofia como saber logicamente irrefutável": incorreto. A sistematização lógica rigorosa surge plenamente com Platão/Aristóteles; os pré-socráticos formulavam explicações naturais, não provas formais irrefutáveis.
B — "oposição aos governos das cidades-estados": incorreto. A emergência da filosofia natural não está ligada primordialmente a uma crítica institucional aos regimes políticos.
C — "irrelevância cultural nos regimes democráticos": incorreto. A reflexão filosófica teve papel cultural significativo; além disso, os filósofos jonianos antecedem plenamente o florescimento democrático ateniense.
E — "demonstração racional da inexistência dos deuses do Olimpo": incorreto. Embora explicações naturais reduzam o papel explicativo dos mitos, os pré-socráticos não necessariamente provaram a inexistência dos deuses; mudaram o foco explicativo para causas naturais.
Estratégia de prova: ao ler o enunciado, destaque palavras como profano, positivo e físicos jonianos — elas sinalizam explicação natural/material. Relacione com a noção de archê (princípio material) — isso leva à alternativa D.
Fontes recomendadas: Jean‑Pierre Vernant, Les origines de la pensée grecque; Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers.
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