Questão 3a10e9d3-c2
Prova:PUC - Campinas 2016
Disciplina:História
Assunto:República Autoritária : 1964- 1984, História do Brasil, História da América Latina, América Latina na segunda metade do século XX: revoluções, transformações e permanências

Alguns anos após a Revolução Cubana, o argumento do "perigo vermelho" foi usado, por parte da imprensa brasileira, para apoiar o Golpe de 1964. Entre as razões alegadas para a derrubada do governo de João Goulart, pode-se encontrar

 Considere o texto abaixo.


    A década de 1960 também representou um período de grande renovação no âmbito da literatura latino-americana. Foram os chamados anos do boom, quando uma safra de escritores ganhou projeção internacional, especialmente em virtude de obras que exploram o gênero do realismo mágico (...) A Revolução Cubana, sobretudo em seus primeiros tempos, irradiou ideais e conquistou simpatias (...)


(PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014, p. 192; 194) 

A
o resultado insatisfatório da aplicação das Reformas de Base, que haviam agravado as tensões no campo sem solucionar a precariedade econômica, e o radicalismo de líderes locais como Leonel Brizola, que poderiam ameaçar a estabilidade do país por meio de uma guerra civil.
B
a difusão de notícias sobre o nível alarmante de corrupção em toda a estrutura do governo, abalando a credibilidade do presidente, que sequer havia sido eleito uma vez que tomara posse como vice de Jânio Quadros, após a renúncia deste.
C
o endividamento externo, muito grande desde a construção de Brasília e intensificado após a adoção de uma política liberal para o desenvolvimento do interior do país, somada a medidas populistas como o aumento do salário mínimo em 100%.
D
a denúncia de desordem social, visível em manifestações como o Comício da Central do Brasil; a suposta proximidade desse governo com países socialistas e a possibilidade de uma insurreição popular descontrolada, considerando a crise econômica em curso.
E
a ingovernabilidade do país, uma vez que Goulart governava sob o regime parlamentarista, sem ter apoio da maioria do Congresso, e a ação de grupos de guerrilha urbana que, inspirados pela Revolução Cubana, pressionavam para a adoção do socialismo.

Gabarito comentado

A
Amanda Costa Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda as justificativas utilizadas pelos setores conservadores brasileiros para apoiar o Golpe de 1964, relacionando com o contexto político, econômico e social do governo de João Goulart e o medo do avanço comunista após a Revolução Cubana.

Explicação do tema: Durante o início dos anos 1960, o Brasil enfrentava crises econômicas (inflação, estagnação), amplas mobilizações populares e propostas das “Reformas de Base” por João Goulart — alterações profundas em setores como educação, política e distribuição de terras. Esse contexto, aliado a manifestações populares de apoio às reformas (exemplo: Comício da Central do Brasil), assustou parte da elite, mídia e militares, que passaram a associar o governo a uma ameaça comunista, invocando o chamado “perigo vermelho” para justificar uma intervenção.

Análise da alternativa correta:

D) A alternativa D está correta porque reúne exatamente os principais argumentos utilizados para legitimar o golpe: denúncia de desordem social (visível nas manifestações), acusação de alinhamento com o bloco socialista e temor de insurreição popular devido à crise econômica real. Esses pontos refletem os discursos oficiais e da mídia da época, baseando-se mais em temores e suposições do que em fatos consumados.

Análise das incorretas:

A) Exagera o efeito das Reformas de Base e do papel de Leonel Brizola; esses argumentos não eram centrais no discurso do golpe.

B) Destaca corrupção e legitimidade eleitoral, mas Goulart era legalmente presidente e a corrupção não foi o principal pretexto para o golpe.

C) Cita endividamento externo e aumento de salário mínimo; são questões econômicas reais, mas não foram as justificativas prioritárias para a deposição.

E) Afirma parlamentarismo e guerrilha urbana: João Goulart voltara ao presidencialismo após 1963, e não havia atuação de guerrilha urbana antes do golpe.

Dica de interpretação: Fique atento a alternativas que exageram ou deslocam causas: a imprensa e militares exploraram o medo do comunismo e da desordem, e não tanto falhas administrativas específicas ou corrupção.

Referências que ajudam: Obras como “História da América Latina” (Prado & Pellegrino), “1964: A Conquista do Estado” (R. Mota) e manuais de história para concursos reforçam que o discurso do golpe foi centrado no perigo comunista e na necessidade de restabelecer a ordem.

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