“Odeio os indiferentes (...) Quem verdadeiramente vive
não pode deixar de ser cidadão e partidário. (...) A indiferença
é o peso morto da história. É a bola de chumbo para
o inovador, é a matéria inerte na qual freqüentemente se
afogam os entusiasmos mais esplendorosos. (...) A indiferença
atua poderosamente na história. Atua passivamente,
mas atua. (...) O que acontece, o mal que se abate
sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor
universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos
poucos que atuam, quanto à indiferença de muitos. (...)
Os fatos amadurecem na sombra porque mãos, sem qualquer
controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva e a
massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os
destinos de uma época são manipulados de acordo com
visões restritas, os objetivos imediatos, as ambições e
paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa
dos homens ignora, porque não se preocupa”. (GRAMSCI)
A partir do texto acima e da perspectiva de análise
filosófica sobre política, participação e cidadania, podemos
inferir que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: análise filosófico-política da indiferença cidadã e suas consequências para a vida pública. É importante compreender como a ausência de participação transforma a arena política e permite a ação de pequenos grupos com impacto coletivo (tema recorrente em Gramsci).
Resumo teórico: Antonio Gramsci, em seus Cadernos do Cárcere, alerta que a indiferença coletiva funciona como força passiva que permite a manipulação dos destinos históricos por minorias ativas. Em teoria política, participação e cidadania (CF/88, arts. 1º e 14) são condicionantes para legitimidade democrática: o engajamento fortalece controle social e responsabilização dos governantes.
Justificativa da alternativa D: A alternativa D capta plenamente a ideia do texto: propor a análise histórica e dos mecanismos da indiferença para compreender a situação política atual. Isso segue a interpretação gramsciana — investigar as causas da apatia coletiva revela por que elites ou grupos restritos podem dominar decisões públicas.
Análise das alternativas incorretas:
A: Afirma ausência de “salvadores da pátria” — leitura equivocada; o texto não propõe messianismo, mas responsabilização coletiva. Gramsci critica a passividade, não defende a busca por heróis.
B: Propõe endurecimento das leis como solução — simplificação normativa que ignora a raiz social da indiferença. Leis são necessárias, mas sem participação e controle social permanecem ineficazes.
C: Diz que destinos são garantidos pela ação individual comprometida — contrária ao texto: Gramsci aponta que são pequenos grupos ativos, não indivíduos isolados, que manipulam situações quando a massa é indiferente.
Dica de prova: busque palavras-chave no enunciado (ex.: indiferença, massa, mãos que tecem) e conecte-as a autores/valores (participação, controle social). Desconfie de alternativas que ofereçam soluções simplistas ou extrapolem o foco do texto.
Fontes: Antonio Gramsci, Cadernos do Cárcere; Constituição Federal de 1988, arts. 1º e 14 (sobre soberania popular e participação).
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