Segundo Maquiavel, o Principado é a única forma de
governo possível e viável, pois só o príncipe é capaz
de instituir um Estado racional segundo a natureza
humana.
Na Itália, a redescoberta das obras de pensadores da
cultura greco-romana, particularmente das antigas teorias
políticas, suscita um ideal político: o da liberdade
republicana contra o poder teológico-político dos papas e
imperadores. Com base na afirmação acima, assinale o
que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: contexto renascentista e a obra de Nicolau Maquiavel — sobretudo a distinção entre conselhos práticos ao príncipe (O Príncipe) e a defesa da liberdade republicana (Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio). Essa distinção é essencial para resolver a questão.
Resumo teórico (claro e progressivo):
O Príncipe é um manual prático sobre como adquirir e manter o poder, usando os conceitos de virtù (capacidade, decisão) e fortuna (circunstância). Maquiavel descreve tipos de principados e táticas políticas, sem afirmar que esta forma é a única legítima.
Discursos sobre Lívio expõem claramente a preferência de Maquiavel por regimes republicanos que preservem a liberdade cívica e permitam a participação política — ele analisa instituições republicanas e elogia a resiliência das repúblicas quando bem organizadas.
Por que a alternativa "E — Errado" é correta:
A afirmação dada afirma que Maquiavel sustentava que o principado era a única forma possível/viável e que só o príncipe podia instituir um Estado racional. Isso é falso porque:
- Maquiavel não universaliza o principado; ele descreve táticas para príncipes em situações concretas, não faz uma única prescrição normativa para todos os tempos.
- Em seus Discursos, ele defende a república como forma capaz de garantir liberdade e estabilidade política, valorizando instituições coletivas e a participação cívica.
- Seu pensamento é pragmático e diagnóstico: analisa vantagens e riscos de várias formas (principado, república), sem reduzir tudo a uma única solução.
Fontes recomendadas: Nicolau Maquiavel — O Príncipe (1513) e Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (c.1517). Para aprofundar, ver estudos de Quentin Skinner e J.G.A. Pocock sobre Maquiavel e republicanismo.
Dica de prova: desconfie de afirmações absolutas — palavras como "única" ou "sempre" costumam indicar enunciado falso quando você conhece a pluralidade de argumentos numa obra.
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