Certa ocasião, quando os espartanos enfrentaram os persas, em Termópilas, Êuritos e Aristôdamos, dois guerreiros, foram dis­pensados do combate por estarem doentes e tiveram permissão para regressarem a Esparta, caso quisessem. Êuritos preferiu permanecer. Ficou, lutou e morreu. Já Aristôdamos regressou sem ter combatido. Foi recebido com opróbio e desonra. Nenhum espartano queria ajudá- ­lo a acender o fogo de sua casa, ninguém lhe dirigia a palavra e era chamado Aristôdamos, o Covarde.

(Heródoto. História. Apud Teresa Van Acker. Grécia:
a vida cotidiana na cidade­estado, 1985.)

O texto, cujo original é do século V a.C., exemplifica

Alternativa correta: D

Tema central: valores sociais e militares de Esparta manifestos na formação (agôge) e na reação comunitária ao deserção ou covardia. A questão exige conhecimento do ethos espartano — honra, disciplina coletiva e vergonha pública — sobretudo em relatos como os de Heródoto.

Resumo teórico: Esparta era uma sociedade militarizada cujo sistema educacional (agôge) e instituições políticas incentivavam a coragem, o sacrifício pela pólis e o desprezo pela covardia. A honra pública regulava comportamentos: quem fugia ou não cumpria o dever militar podia sofrer ostracismo e perda de prestígio (ver Heródoto; Xenofonte, Constituição dos Lacedemônios; estudos modernos como Paul Cartledge, "Sparta").

Justificativa da alternativa D: O texto descreve ostracismo e humilhação contra Aristôdamos por ter retornado sem lutar — reação típica de uma sociedade que valoriza códigos militares e disciplina coletiva. Logo, trata-se explicitamente dos valores e princípios militares que orientavam a educação e a vida cívica espartanas.

Análise das incorretas:

A — Incorreta: o episódio mostra disciplina social, não falta dela. Esparta é notória por preparo militar, não por ausência de disciplina.

B — Incorreta: Esparta não valorizava a paz como característica definidora em contraponto à Atenas; ao contrário, era uma sociedade beligerante e militarista.

C — Incorreta: o texto não menciona epidemias; não há evidência de que doenças invalidassem suas ações militares de modo generalizado.

E — Incorreta: sugere medo pela democracia; Esparta era oligárquica/militar (conselho, dualidade dos reis) e o episódio trata de honra e disciplina, não de defesa da democracia.

Estratégia para provas: identifique palavras-chave do enunciado (ex.: "opróbio", "desonra", "covarde") que apontam para normas sociais; descarte alternativas que introduzam anacronismos ou conceitos incompatíveis (como “democracia” em Esparta) e prefira leituras que conectem relato e contexto cultural.

Fontes: Heródoto (Histórias); Xenofonte (Constituição dos Lacedemônios); Paul Cartledge, estudos sobre Esparta.

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