O texto poético Assum preto apresenta uma
variedade linguística caracterizada pela
informalidade da situação de comunicação
e pelo gênero letra de canção regional. Essa
variedade de língua está marcada no texto pela
Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas Assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dô.
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió.
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.
Assum preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também robaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óio meu.
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em:
www.vagalume.com.br. Acesso em: 17 jul. 2014.
Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas Assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dô.
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió.
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.
Assum preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também robaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óio meu.
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em:
www.vagalume.com.br. Acesso em: 17 jul. 2014.
Gabarito comentado
Tema da questão: Variação linguística (marcas de oralidade e regionalismo) e interpretação de texto aplicada ao gênero letra de canção.
Estratégia para resolver: procure no texto marcas que imitam a fala (soletração da pronúncia, supressão de fonemas, formas populares/regionais). Cuidado com a pegadinha: rima e estrofes são características do gênero poético, mas não são marcas de variedade linguística.
Alternativa correta: A – “representação escrita da fala”.
O texto reproduz graficamente a fala popular/regional para criar efeito de oralidade, o que caracteriza a variedade informal e regional. Exemplos claros no poema:
- “vorta” (padrão: volta)
- “frô” (padrão: flor)
- “óio” (padrão: olho(s))
- “num” no sentido de “não” (padrão: não)
- “Tarvez” (padrão: Talvez)
- “mardade” (padrão: maldade)
- “pió” (padrão: piores / “pior”, a depender do contexto)
- “Furaro” (padrão: furaram)
- “veve sorto” (padrão: vive solto)
- “avuá” (padrão: voar)
- “oiá” (padrão: olhar)
- “robaro” (padrão: roubaram)
Essas grafias não seguem a ortografia padrão, mas são um recurso estilístico para marcar a fala popular e o sotaque regional, isto é, uma representação escrita da fala. Segundo a Gramática Normativa (Bechara; Cunha e Cintra), tais ocorrências são marcas de variação diatópica (regional), também associadas ao nível de formalidade (variação diafásica). O VOLP/ABL registra as formas-padrão (volta, flor, olhos, não, talvez, maldade, furaram, vive solto, voar, olhar, roubaram), evidenciando o contraste entre a norma ortográfica e a grafia usada para reproduzir a pronúncia.
Por que as demais alternativas estão incorretas?
B – “estrutura em estrofes do texto”: ter estrofes é uma característica estrutural comum a poemas e canções, não é marca de variedade linguística. Não indica informalidade nem regionalismo.
C – “temática ambiental abordada”: a referência à natureza (“mata”, “sol de abril”) é conteúdo temático, não sinal de variedade linguística. A variação está na forma de dizer (ortografia que imita a fala), e não no assunto.
D – “rima ao final de alguns versos”: a rima é um recurso poético recorrente em canções e poemas de qualquer variedade de língua. Ela não caracteriza, por si, a variedade informal ou regional.
Dicas para a prova
- Quando o enunciado mencionar “variedade linguística”, procure marcas de oralidade: supressão de letras, trocas fonéticas, formas populares/regionais, contrações não padrão.
- Não confunda recursos do gênero poético (rima, estrofes, ritmo) com variação linguística.
- Cheque mentalmente as formas padrão conforme o VOLP para perceber o contraste com a grafia que imita a fala.
Gabarito: A
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