A religião constituía um sistema interpretativo do universo,
usado para explicar o desenvolvimento da civilização egípcia,
justificar sua estrutura social e política e determinar o papel de
cada classe. A visão egípcia do mundo achava-se profundamente
marcada pela eminência da destruição, com o universo ameaçado
de se desorganizar não fossem as preces e os ritos. Os deuses
garantiam o equilíbrio do cosmo; as práticas rituais asseguravam
a felicidade na vida e a sobrevivência após a morte; o ritmo das
enchentes, a fertilidade do solo e a própria disposição racional
dos canais de irrigação dependiam diretamente da ação divina
do faraó.”
(BETTO, Frei, Extraído da História das civilizações – O Egito
Antigo, São Paulo, Abril Cultural, 1975, vol 01 pág 17)
Com base no texto e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta:
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: a questão trata da ideologia política e religiosa no Egito Antigo: como crenças e ritos legitimavam a ordem social e política e explicavam o funcionamento do universo.
Resumo teórico (progressivo e conciso):
No Egito Antigo o princípio organizador era a ma'at — a ordem, equilíbrio e justiça cósmica. O faraó era visto como mediador entre deuses e humanos; seus ritos e funções sacras garantiam a regularidade das enchentes, a fertilidade e a continuidade social. A religião, portanto, não era apenas culto privado, mas uma ideologia de Estado que explicava e justificava a estrutura política.
Justificativa da alternativa B:
A alternativa B afirma que a ideologia dominante explicava a ordem do universo como dádiva dos deuses. Isso corresponde exatamente à concepção egípcia: a estabilidade do cosmos e das instituições era atribuída à ação divina e à manutenção de ma'at por meio de rituais e da figura do faraó. O texto de apoio reforça essa ideia (BETTO) e a bibliografia clássica sobre o Egito confirma que ordem e prosperidade eram entendidas como frutos da vontade divina.
Análise das alternativas incorretas:
A: Errada — chamar o Estado egípcio de “teocrático” é aceitável em parte, mas afirmar que a ideologia tinha caráter racial é incorreto. A legitimação vinha de fatores religiosos e dinásticos, não de teorias raciais.
C: Errada — é impreciso dizer que cultos e ritos eram praticados porque o povo tinha “medo da guerra”. A motivação central era garantir ma'at, a fertilidade e a vida após a morte; a guerra não é explicação principal.
D: Errada — a ideologia oficial era centralizadora e legitimadora do culto ao faraó e aos deuses do Estado; isso não implicava liberdade religiosa nos moldes modernos. Havia cultos locais, mas o culto oficial ocupava posição dominante.
E: Errada — embora templos e rituais estivessem ligados a recursos e pudéssemos dizer que a religião sustentava estruturas econômicas, afirmar que “as práticas rituais asseguravam o poder econômico” é uma simplificação exagerada. Rituais legitimavam autoridade; o poder econômico dependia de produção, tributação e controle da terra.
Dica de prova / estratégias: procure palavras-chave (p.ex. “ordem do universo”, “deuses”, “rito”, “faraó”), descarte alternativas com explicações anacrônicas (p.ex. “caráter racial”) ou absolutas, e relacione conceitos com termos específicos do tema (como ma'at e mediador-faraó).
Fontes sugeridas: BETTO (texto de apoio), Enciclopædia Britannica — artigos sobre Egito Antigo, e obras introdutórias de história antiga (p.ex. James H. Breasted).
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