A Bela e a Fera
Uma bela atriz reaparece em um famoso programa de auditório.
Os telespectadores vibram com os olhos da musa, que responde às perguntas do
apresentador.
Como está o seu relacionamento com a imprensa?, pergunta a fera.
Há repórteres bons e maus. Eu prefiro muito mais me lembrar das pessoas sérias do que
das outras.
(Luis Carlos Rocha. Norma culta escrita: tentativa de caracterização.)
O uso que a atriz fez do verbo preferir
A Bela e a Fera
Uma bela atriz reaparece em um famoso programa de auditório. Os telespectadores vibram com os olhos da musa, que responde às perguntas do apresentador.
Como está o seu relacionamento com a imprensa?, pergunta a fera. Há repórteres bons e maus. Eu prefiro muito mais me lembrar das pessoas sérias do que das outras.
(Luis Carlos Rocha. Norma culta escrita: tentativa de caracterização.)
O uso que a atriz fez do verbo preferir
Gabarito comentado
Tema central: Regência verbal do verbo “preferir” e variação linguística.
O ponto central da questão está no uso correto do verbo preferir, que, pela norma-padrão, exige dois complementos: um direto e outro indireto, este último obrigatoriamente introduzido pela preposição “a”. Assim, a construção clássica é: “prefiro X a Y”.
Exemplo segundo a norma culta:
“Prefiro livros a filmes.”
No trecho dado (“Eu prefiro muito mais me lembrar das pessoas sérias do que das outras.”), observa-se a estrutura “do que”, frequente na língua falada, mas não aceita na linguagem formal escrita. Como ensinam Bechara e Cunha & Cintra, o termo de comparação após “preferir” deve vir com a preposição “a”, e nunca com “do que”.
Regra-chave:
O verbo preferir é transitivo direto e indireto e deve ser construído assim: “preferir [algo] a [outra coisa]”.
Análise da alternativa correta (A):
A) apresenta uma regência permitida na língua falada.
Este é o gabarito. Justifica-se porque, embora a construção “preferir ... do que ...” não seja aceita na escrita formal, é bastante comum —— e compreensível —— na oralidade. Esse fenômeno chama-se variação linguística, e deve ser reconhecido nas provas de interpretação de texto.
Análise das alternativas incorretas:
B) “é um erro que não se deve considerar, dada a importância da atriz.”
Incorreta! O grau de importância de quem fala não altera o correto uso da norma padrão.
C) “não é justificável em uma entrevista, na qual o uso da norma padrão pode ser menos rigoroso.”
Errada. Entrevistas, especialmente em contexto oral e espontâneo, permitem a linguagem coloquial, então o uso é justificável sim.
D) “não representa um problema, segundo a norma padrão escrita.”
Incorreta. Pela norma-padrão, “do que” NÃO é aceito com “preferir”.
Resumo estratégico:
Ao resolver questões como essa, sempre observe se a banca pede a perspectiva da norma culta (padrão) ou da fala cotidiana. Atenção especial com verbos de regência dupla e suas preposições!
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