Analise a natureza da linguagem em uso no trecho: “É
preciso arregaçar as mangas e se preparar. Ainda há
muito a fazer e a investir. Porque nada cai do céu.” (6º
parágrafo) Nesse trecho:
Texto 2
Nada cai do céu
O racionamento a que pode ser submetida boa parte da
população paulistana – e de outras cidades e estados
brasileiros – poderia ser evitado? A questão é muito mais
complexa do que possa parecer. Afinal, todos que vivemos
nessas áreas já somos e seremos ainda mais afetados.
O calor bate recordes no mundo. Dados recentes apontam
2014 como o ano mais quente da história. A temperatura
média no solo e nos oceanos aumentou 0,69 graus,
superando recordes anteriores. Parece pouco, mas não é.
A cada 20 ou 30 anos, em média, o Oceano Pacífico, a
maior massa de água do Planeta, sofre variações de
temperatura, ficando mais quente ou mais frio que o normal.
Essas oscilações interferem nos ventos, na chuva e na
temperatura em muitas regiões do globo. No Brasil,
diversos estados já sentem os impactos dessa alteração
climática. O verão passado foi um dos mais secos e
quentes, não apenas na região da capital paulista e seu
entorno, mas também em grande parte do Sudeste,
sobretudo em Minas Gerais, de onde vem a maior parte da
água que abastece a região metropolitana, por meio do
sistema Cantareira. Áreas dessa região registraram
anomalias de até 5 graus nas temperaturas máximas.
Com pouca água e maior consumo, devido ao calor, os rios
e represas que abastecem o sistema caíram aos menores
níveis já vistos. Em São Paulo, desde 2012, o Cantareira
vem sofrendo com chuva abaixo do normal.
As previsões não são as melhores. Segundo o estudo da
Climatempo, apenas no verão de 2017, é que se poderá
esperar por uma chuva normal ou acima da média, para
uma consistente recuperação do sistema.
Reverter a situação é um desafio. Trata-se de algo muito
mais educativo do que meteorológico. Desde o final de
2013, meteorologistas têm alertado sobre esse cenário
crítico. Já se sabe que o quadro não é favorável, e há
pouca chance de mudança em curto prazo. Porém, em um
planeta onde 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos é ocupado
por água, o ser humano ainda parece acreditar que ela
nunca irá acabar. Com ou sem chuva à vista, a população
precisa entender que a água pode – e vai – acabar se não
forem tomadas medidas preventivas.
A conscientização sobre o consumo deve ser permanente.
O que as nossas autoridades precisam entender é que não
dá para passar uma vida acreditando na ajuda divina. É
preciso arregaçar as mangas e se preparar. Ainda há muito
a fazer e a investir. Porque nada cai do céu – nem mesmo a
água tem caído, ultimamente.
MAGNO, Carlos. Folha de S. Paulo. Opinião,
25 fev. 2015. Adaptado.
Texto 2
Nada cai do céu
O racionamento a que pode ser submetida boa parte da
população paulistana – e de outras cidades e estados
brasileiros – poderia ser evitado? A questão é muito mais
complexa do que possa parecer. Afinal, todos que vivemos
nessas áreas já somos e seremos ainda mais afetados.
O calor bate recordes no mundo. Dados recentes apontam
2014 como o ano mais quente da história. A temperatura
média no solo e nos oceanos aumentou 0,69 graus,
superando recordes anteriores. Parece pouco, mas não é.
A cada 20 ou 30 anos, em média, o Oceano Pacífico, a
maior massa de água do Planeta, sofre variações de
temperatura, ficando mais quente ou mais frio que o normal.
Essas oscilações interferem nos ventos, na chuva e na
temperatura em muitas regiões do globo. No Brasil,
diversos estados já sentem os impactos dessa alteração
climática. O verão passado foi um dos mais secos e
quentes, não apenas na região da capital paulista e seu
entorno, mas também em grande parte do Sudeste,
sobretudo em Minas Gerais, de onde vem a maior parte da
água que abastece a região metropolitana, por meio do
sistema Cantareira. Áreas dessa região registraram
anomalias de até 5 graus nas temperaturas máximas.
Com pouca água e maior consumo, devido ao calor, os rios
e represas que abastecem o sistema caíram aos menores
níveis já vistos. Em São Paulo, desde 2012, o Cantareira
vem sofrendo com chuva abaixo do normal.
As previsões não são as melhores. Segundo o estudo da
Climatempo, apenas no verão de 2017, é que se poderá
esperar por uma chuva normal ou acima da média, para
uma consistente recuperação do sistema.
Reverter a situação é um desafio. Trata-se de algo muito
mais educativo do que meteorológico. Desde o final de
2013, meteorologistas têm alertado sobre esse cenário
crítico. Já se sabe que o quadro não é favorável, e há
pouca chance de mudança em curto prazo. Porém, em um
planeta onde 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos é ocupado
por água, o ser humano ainda parece acreditar que ela
nunca irá acabar. Com ou sem chuva à vista, a população
precisa entender que a água pode – e vai – acabar se não
forem tomadas medidas preventivas.
A conscientização sobre o consumo deve ser permanente.
O que as nossas autoridades precisam entender é que não
dá para passar uma vida acreditando na ajuda divina. É
preciso arregaçar as mangas e se preparar. Ainda há muito
a fazer e a investir. Porque nada cai do céu – nem mesmo a
água tem caído, ultimamente.
MAGNO, Carlos. Folha de S. Paulo. Opinião,
25 fev. 2015. Adaptado.
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora interpretação de texto e o uso de expressões idiomáticas na língua portuguesa. O foco está na compreensão da linguagem empregada pelo autor no trecho: “É preciso arregaçar as mangas e se preparar. Ainda há muito a fazer e a investir. Porque nada cai do céu.”
Comentário sobre a alternativa correta:
Alternativa C: “Se recorre a expressões já sedimentadas nos usos do dia a dia.”
Nesse trecho, o autor utiliza expressões idiomáticas — como “arregaçar as mangas” (preparar-se/expor-se ao trabalho) e “nada cai do céu” (nada acontece sem esforço) — que têm sentido figurado e estão amplamente consolidadas no uso cotidiano do português. Expressões idiomáticas são formas fixas consagradas pelo uso e tornam a comunicação mais coloquial e expressiva, mesmo em textos de opinião, sem prejudicar a adequação à norma-padrão.
Gramáticas como as de Bechara e Cunha & Cintra confirmam que tais recursos são inerentes à riqueza da linguagem corrente, inclusive em registros formais.
Justificativa das alternativas incorretas:
A) Predomina sim a linguagem figurada, mas isso não é inadequado ao texto não literário: pelo contrário, textos opinativos frequentemente usam o figurado para envolvimento do leitor.
B) Não há “inovações vocabulares”. O autor usa expressões já consolidadas, não inventa palavras ou sentidos novos.
D) Embora as frases tenham sentido não literal, não se percebe ironia no contexto: o autor fala de modo direto e assertivo, sem duplo sentido.
E) O texto trata da escassez de água em áreas urbanas (São Paulo) e não insinua que o problema é rural.
Estratégia para provas:
Ao encontrar expressões populares ou metafóricas, lembre-se: são expressões cristalizadas no uso diário. Avalie se seu emprego enriquece e dinamiza o texto, em vez de focar apenas no literal. Textos não literários também admitem esse recurso, e normalmente isso não foge à norma-padrão nem à clareza textual.
Essa leitura atenta é fundamental para evitar “pegadinhas” e identificar argumentos baseados na linguagem comum ao leitor.
Resumo: O autor recorre a expressões já sedimentadas no cotidiano, trazendo proximidade e ênfase à sua mensagem.
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