Sobre as reflexões e teorias no campo da ética desenvolvidas pelos gregos antigos, considere as afirmativas abaixo e assinale o que for correto.

I. No período clássico da filosofia grega (século V a.c.), os filósofos ampliaram as áreas de reflexão, abrangendo as questões morais. Na Antiguidade, o sujeito moral não era compreendido, como hoje, na sua completa individualidade. Os gregos eram membros de uma comunidade em que a ética estava intrinsicamente ligada à política, ou seja, à administração da pólis, exercendo a liberdade em um campo reservado apenas aos que eram considerados “iguais”.

II. Aristóteles (384-322 a.C.) aprofundou a discussão a respeito das questões éticas na obra Ética a Nicômaco. A ética é a parte da filosofia que nos ajuda a refletir sobre o fim último de todas as atividades humanas, uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar um bem. Por isso, a filosofia moral de Aristóteles é uma eudaimonia.

III. Em inúmeros diálogos, Platão (428-347 a.c.) descreve as discussões de Sócrates a respeito das virtudes e da natureza do bem. Neles, é ressaltada a convicção de que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância. Na concepção de Platão, a virtude não pode ser apreendida, pois ela é inata.

Está correto o presente em:

Resposta correta: B — I e II apenas

Tema central
Trata-se da ética na Grécia Antiga: como os gregos entenderam o bem, a virtude e o fim último da ação humana. É necessário conhecer Sócrates/Platão e Aristóteles, e diferenciar a perspectiva política-comunitária grega da visão individualista moderna.

Resumo teórico essencial
- Na clássica pólis grega, ética e política se entrelaçam: virtude é qualificação pública do cidadão. (considere Atenas, direitos limitados a cidadãos).
- Platão (diálogos socráticos): busca da definição das virtudes; tendência a identificar saber com virtude (virtude = conhecimento). Textos-chave: Mênon, República.
- Aristóteles (Ética a Nicômaco): ética é investigação do fim supremo (telos) — o bem supremo é a eudaimonia (felicidade/vida boa), alcançada pela prática das virtudes em exercício da razão (doutrina do meio termo).

Por que a alternativa B é correta
I — correta: descreve com precisão a ligação entre ética e política na Grécia clássica e o caráter restrito da participação política (cidadãos “iguais”).
II — correta: Aristóteles, em Ética a Nicômaco, de fato coloca a ética como investigação do bem supremo e identifica o objetivo final das ações humanas com a eudaimonia (a sua ética é eudaimonista).

Por que a alternativa III está errada
III contém duas partes: a primeira (virtude = sabedoria; vício = ignorância) corresponde ao pensamento socrático/platônico e está correta. A segunda afirma que, para Platão, “a virtude não pode ser apreendida, pois é inata” — isso é incorreto. Em diálogos como o Mênon, Platão explora a ideia da reminiscência, mas não reduz a virtude a algo que nunca pode ser apreendido; além disso, Platão admite investigação e ensino da virtude. Logo, a frase final é falsa e torna a alternativa inteira incorreta.

Fontes e leituras rápidas: Platão — Mênon; República. Aristóteles — Ética a Nicômaco, Livro I. (Também útil: Stanford Encyclopedia of Philosophy — entries “Plato” e “Aristotle”)

Estratégias de prova
- Localize palavras-chave que denunciam imprecisão: “inata”, “não pode ser apreendida”. Essas indicações costumam ser pegadinhas.
- Relacione autores a obras: “Ética a Nicômaco” → Aristóteles → eudaimonia.
- Separe afirmações compostas: se uma parte estiver errada, a alternativa inteira pode ser incorreta.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!