Questão 033a0a3c-bf
Prova:ENEM 2012
Disciplina:Filosofia
Assunto:Conceitos Filosóficos, Ontologia e a Natureza do ser, Linguagem e Pensamento, O Sujeito Moderno

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Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume

A
defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
B
entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
C
são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
D
concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
E
atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

Gabarito comentado

M
Michel MelloMestre em Filosofia (PUC-Rio), Mestre e Doutor em Filosofia (Universidade de Basel / Suiça)
Trata-se uma questão relativamente fácil, pois os textos auxiliares são claros: Descartes duvida dos sentidos, enquanto Hume se lhes refere como fonte segura do conhecimento. Ao ir além dos textos expostos, lembramos a importância da história da Filosofia nessa questão, sobre a questão da origem do conhecimento na Filosofia moderna. Assim, encontramos duas vertentes: o racionalismo ou pensamento continental (pois parte da Europa continental) e o empirismo ou pensamento insular (pois parte, sobretudo, do pensamento inglês e a Inglaterra é uma ilha, em latim, insula). O racionalismo defende que a origem do pensamento está no a priori, ou seja, é inato, já nascemos com as ideias verdadeiras e por isso Descartes diz serem os sentidos duvidosos. Já o empirismo defende que a origem do pensamento está no a posteriori, ou seja, é adquirido, nós adquirimos conhecimento através dos sentidos e esses são ativados, digamos assim, quando e depois de nascermos, lembrando a máxima de origem aristotélica usada pelos empiristas nihil est in intellectu si non fueri primo in sensu (nada se encontra no intelecto não estiver antes nos sentidos). Assim, podemos afirmar que:
A alternativa “a” está errada, pois só o empirismo defende a legitimidade dos sentidos quanto ao processo de conhecimento.
A alternativa “b” está errada, pois de acordo com o texto acima e o espírito da filosofia moderna, deve-se sempre suspeitar da origem de uma ideia, o que os dois pensadores divergem é a resposta, digamos assim, não a pergunta.
A alternativa “c” está errada, dado que nenhum dos dois é representante da corrente de pensamento chamada criticismo, de origem kantiana, sequer mencionada no texto ou no enunciado na questão. Aqui é necessário, caso não se tenha sido atendo a esse pormenor no enunciado, um pouco de conhecimento sobre o desenvolvimento da história da Filosofia.
A alternativa “d” como errada, e diria mais, absurda somente pela leitura do texto, uma vez que cada autor defende a origem do conhecimento num caminho específico: Descartes defende o apriorismo e Hume o conhecimento derivado dos sentidos.
A alternativa “e” como verdadeira, tanto pelo texto que defende o questionamento sobre os sentidos em Descartes e, ao contrário, a validade dos sentidos em Hume, tanto como pela breve localização histórica descrita acima. 

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