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df889f02-7b
USP 2021 - Química - Substâncias e suas propriedades, Estudo da matéria: substâncias, misturas, processos de separação.

A destilação é um processo utilizado para separar compostos presentes em uma mistura com base nas suas propriedades físicas como, por exemplo, a diferença de temperatura de ebulição, a uma dada pressão, entre os componentes da mistura.


Recentemente esse termo passou a figurar em estudos de poluição ambiental, nos quais o termo "destilação global" é utilizado para explicar a presença de compostos voláteis, como os pesticidas organoclorados, em águas e gelos de regiões polares, ainda que estes compostos nunca tenham sido produzidos ou utilizados nessas regiões. Com base no princípio da técnica da destilação, como pode ser explicada a presença desses pesticidas na Antártica e no Ártico?

A
Eles são destilados nas águas aquecidas dos oceanos e levados pelas correntes marinhas para as regiões polares, onde se precipitam devido às águas frias dessas regiões.
B
Eles evaporam nas regiões mais quentes e são levados pelas correntes atmosféricas para regiões mais frias como os polos, onde se condensam e voltam para a superfície.
C
Após destilados, eles se tornam resistentes à degradação, de forma que alcançam todo o planeta, pela ação de correntes marinhas, inclusive as regiões polares.
D
Os pesticidas organoclorados destilados, por conta da eletronegatividade dos átomos de cloro, têm afinidade com o gelo, o que faz com que eles se acumulem na Antártica ou no Ártico.
E
Por serem hidrofílicos, eles são condensados juntamente com a água nas regiões quentes do planeta e se precipitam nos polos juntamente com o gelo.
df7e547e-7b
USP 2021 - Química - Glicídios, Lipídios, Aminoácidos e Proteínas., Química Orgânica, Tipos de Reações Orgânicas: Oxidação, Redução e Polimerização.

A reação de Maillard, que ocorre entre aminoácidos e carboidratos redutores, é a responsável por formar espécies que geram compostos coloridos que conferem o sabor característico de diversos alimentos assados. Um exemplo é a reação entre a glicina e um carboidrato redutor mostrada na equação em que R representa uma cadeia genérica:



Um aminoácido específico (Composto 1), ao reagir com o carboidrato redutor, pode gerar o Composto 2, levando à formação de acrilamida, uma espécie potencialmente carcinogênica, conforme mostrado na equação:



A estrutura do aminoácido marcado como Composto 1 e que é capaz de gerar esse intermediário de espécies carcinogênicas é:

A

B

C

D

E

df83b8fa-7b
USP 2021 - Química - Substâncias e suas propriedades, Química Orgânica, Interações Atômicas: Geometria Molecular, Polaridade da ligação e da Molécula, Forças Intermoleculares e Número de Oxidação., Propriedades Físicas dos Compostos Orgânicos: Polaridade das Ligações e Moléculas, Forças Intermoleculares, Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição, Solubilização das Substâncias Orgânicas.

Em aquários de água marinha, é comum o uso do equipamento chamado "Skimmer", aparato em que a água recebe uma torrente de bolhas de ar, como representado na figura, levando a matéria orgânica até a superfície, onde pode ser removida. Essa matéria orgânica eliminada é composta por moléculas orgânicas com parte apolar e parte polar, enquanto as bolhas formadas têm caráter apolar. Esse aparelho, no entanto, tem rendimento muito menor em aquários de água doce (retira menos quantidade de material orgânico por período de uso).

Considerando que todas as outras condições são mantidas, o menor rendimento desse aparato em água doce do que em água salgada pode ser explicado porque



A
a polaridade da molécula de água na água doce é maior do que na água salgada, tornando as partes apolares das moléculas orgânicas mais solúveis.
B
a menor concentração de sais na água doce torna as regiões apolares das moléculas orgânicas mais solúveis do que na água salgada, prejudicando a interação com as bolhas de ar.
C
a água doce é mais polar do que água salgada por ser mais concentrada em moléculas polares como a do açúcar, levando as partes polares das moléculas orgânicas a interagir mais com a água doce.
D
a reatividade de matéria orgânica em água salgada é maior do que em água doce, fazendo com que exista uma menor quantidade de material dissolvido para interação com as bolhas de ar.
E
a concentração de sais na água marinha é maior, o que torna as partes apolares das moléculas orgânicas mais propensas a interagir com os sais dissolvidos, promovendo menor interação com as bolhas de ar.
df78ca67-7b
USP 2021 - Química - Equilíbrio Químico, Sistemas Homogêneos: Equilíbrio Iônico: Conceitos, Diluição de Ostwald, Efeito do Íon Comum., Sistemas Homogêneos: Constantes: Kc e Kp. Deslocamento do Equilíbrio: Fatores.

Para estudar equilíbrio químico de íons Co2+ em solução, uma turma de estudantes realizou uma série de experimentos explorando a seguinte reação: 



Nesse equilíbrio, o composto de cobalto com água, [Co(H2O)6]2+(aq), apresenta coloração vermelha, enquanto o composto com cloretos, [CoCl4]2-(aq), possui coloração azul.

Para verificar o efeito de ânions de diferentes sais nessa mudança de cor, 7 ensaios diferentes foram realizados. Aos tubos contendo apenas alguns mL de uma solução de nitrato de cobalto II, de coloração vermelha, foram adicionadas pequenas quantidades de diferentes sais em cada tubo, como apresentado na tabela, com exceção do ensaio 1, no qual nenhum sal foi adicionado.


Após agitação, os tubos foram deixados em repouso por um tempo, e a cor final foi observada.



A alternativa que representa a cor final observada nos ensaios 5, 6 e 7, respectivamente, é:


Note e adote:

Solubilidade dos sais em g/100 mL de água a 20 °C 

AgCℓ  1,9 x 10-4         NaCℓ  35,9

CuCℓ  9,9 x 10-3         Na2SO4  13,9

KCℓ    34,2                    K2SO4  11,1

A

Cor final obtida no:

Ensaio 5 Adição de K2S04 - Azul

Ensaio 6 Adição de AgCℓ - Azul

Ensaio 7 Adição de NaCℓ - Vermelha

B

Cor final obtida no:

Ensaio 5 Adição de K2S04 - Azul

Ensaio 6 Adição de AgCℓ - Vermelha

Ensaio 7 Adição de NaCℓ - Azul

C

Cor final obtida no:

Ensaio 5 Adição de K2S04 - Vermelha

Ensaio 6 Adição de AgCℓ - Azul

Ensaio 7 Adição de NaCℓ - Azul

D

Cor final obtida no:

Ensaio 5 Adição de K2S04 - Vermelha

Ensaio 6 Adição de AgCℓ - Vermelha

Ensaio 7 Adição de NaCℓ - Azul

E

Cor final obtida no:

Ensaio 5 Adição de K2S04 - Vermelha

Ensaio 6 Adição de AgCℓ - Azul

Ensaio 7 Adição de NaCℓ - Vermelha

df6e8792-7b
USP 2021 - Química - Soluções: características, tipos de concentração, diluição, mistura, titulação e soluções coloidais., Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente, Soluções e Substâncias Inorgânicas

Um frasco contendo 500 g de mel produzido no Brasil foi analisado e concluiu-se que 0,2 milimol de frutose foi convertido em HMF. Considerando apenas esse parâmetro de qualidade e tendo como referência os teores recomendados por órgãos nacionais e internacionais, mostrados na tabela, é correto afirmar que esse mel

Note e adote:

Massa molar (g/mol): HMF = 126

Desconsidere qualquer possibilidade de contaminação do mel por fonte externa de HMF.

Um dos indicadores de qualidade de mel é a presença do composto orgânico hidroximetilfurfural (HMF), formado a partir de certos açúcares, como a frutose (C6H12O6). A tabela resume os teores de HMF permitidos de acordo com a legislação brasileira e recomendações internacionais. 



Uma das possíveis rotas para a formação do HMF a partir da frutose é mostrada, de forma simplificada, no esquema: 



Nas setas, são mostradas as perdas de moléculas ou grupos químicos em cada etapa. Por exemplo, entre as espécies 1 e 2, ocorrem a saída de uma molécula de água e a formação de uma ligação dupla entre carbonos. 

A
é recomendado como mel de mesa, assim como para outros usos que se façam necessários, segundo a legislação brasileira.
B
não pode ser usado como mel de mesa, mas pode ser usado para fins industriais, segundo a legislação brasileira.
C
pode ser usado para fins industriais, segundo a legislação brasileira, mas não deveria ser usado para nenhum fim, segundo a recomendação internacional.
D
não pode ser usado nem como mel de mesa nem para fins industriais, segundo a legislação brasileira, mas poderia ser utilizado segundo a recomendação internacional.
E

não pode ser usado para qualquer aplicação, tanto segundo a legislação brasileira quanto segundo a recomendação internacional.

df7260fa-7b
USP 2021 - Química - Química Orgânica, Tipos de Reações Orgânicas: Oxidação, Redução e Polimerização., Polímeros - Plásticos e Borrachas

Observe a representação a seguir, em que os círculos brancos representam uma espécie química (molécula ou íon molecular) e os círculos coloridos, outra.




Essa representação pode ser corretamente associada à

A
combustão de um hidrocarboneto com oxigênio em fase gasosa.
B
formação de um polímero a partir de duas espécies de monômeros.
C
fusão de uma mistura de dois sais com aumento da temperatura.
D
solidificação da água pura com diminuição da temperatura.
E
produção de anéis aromáticos em solvente orgânico.
df75e3de-7b
USP 2021 - Química - Substâncias e suas propriedades, Transformações Químicas e Energia, Transformações Químicas, Interações Atômicas: Geometria Molecular, Polaridade da ligação e da Molécula, Forças Intermoleculares e Número de Oxidação., Eletroquímica: Oxirredução, Potenciais Padrão de Redução, Pilha, Eletrólise e Leis de Faraday., Termoquímica: Energia Calorífica, Calor de reação, Entalpia, Equações e Lei de Hess., Teoria Atômica: Modelo atômico de Dalton, Thomson, Rutherford, Rutherford-Bohr

No fragmento a seguir, o autor explora conceitos químicos na forma de poesia:



Sobre os conceitos mencionados, foram feitas as seguintes afirmações:


I. A equação química mostrada na linha 2 pode ser associada à liberação de energia, pois corresponde à reação de fotossíntese com consumo de gás carbônico.

II. A equação química apresentada na linha 6 representa uma reação na qual o número de oxidação das espécies é alterado, sendo associada a corrosão.

III. O modelo incompleto referido na linha 7 refere-se ao proposto por Thomson, que identificava a presença de partículas com carga negativa dentro de uma esfera.


Está correto o que se afirma no(s) item(ns): 

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
I e III, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.
df680e79-7b
USP 2021 - Química - Transformações Químicas: elementos químicos, tabela periódica e reações químicas, Transformações Químicas, Soluções e Substâncias Inorgânicas, Substâncias Inorgânicas e suas características: Ácidos, Bases, Sais e Óxidos. Reações de Neutralização.


Um experimento expôs uma barra de titânio (Ti) pura e ligas desse material com 0,01% de diferentes metais nobres a soluções de ácido sulfúrico em ebulição para entender o efeito anticorrosivo desses metais no titânio. O resultado é mostrado na tabela a seguir:


*Não foi possível medir.


Com base nessas informações, é correto afirmar:

A
O aumento na concentração de ácido sulfúrico nos experimentos fez com que o titânio puro fosse mais corroído e o titânio com Pd, Rh e Pt fosse menos corroído.
B
Para Re, Cu e Au, espera-se que a reação com ácido sulfúrico mais concentrado demore muito para acontecer e, por isso, não foi possível medir.
C
A escala de potencial anticorrosivo, segundo esse experimento, é dada por Au > Cu > Re > Os > Ir > Ru > Pt > Pd > Rh.
D
Pd, Rh, Pt e Ru apresentaram os melhores resultados como anticorrosivos, enquanto Cu e Au apresentaram os piores.
E
O titânio puro é muito resistente ao ácido, e a adição de outros metais não faz nenhuma diferença para a taxa de corrosão.
df5b7257-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e o banguê, pois

Psicanálise do açúcar


O açúcar cristal, ou açúcar de usina,

mostra a mais instável das brancuras:

quem do Recife sabe direito o quanto,

e o pouco desse quanto, que ela dura.

Sabe o mínimo do pouco que o cristal

se estabiliza cristal sobre o açúcar,

por cima do fundo antigo, de mascavo,

do mascavo barrento que se incuba;

e sabe que tudo pode romper o mínimo

em que o cristal é capaz de censura:

pois o tal fundo mascavo logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.


Só os banguês* que-ainda purgam ainda

o açúcar bruto com barro, de mistura;

a usina já não o purga: da infância,

não de depois de adulto, ela o educa;

em enfermarias, com vácuos e turbinas,

em mãos de metal de gente indústria,

a usina o leva a sublimar em cristal

o pardo do xarope: não o purga, cura.

Mas como a cana se cria ainda hoje,

em mãos de barro de gente agricultura,

o barrento da pré-infância logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.

João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.


*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. 

A
negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo.
B
esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada.
C
revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural.
D
denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos.
E
explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar.
df6429b0-7b
USP 2021 - Química - Transformações Químicas: elementos químicos, tabela periódica e reações químicas, Transformações Químicas

O meme ao lado brinca com conceitos de química em um jogo popular, cujo objetivo é que os jogadores descubram o impostor entre os tripulantes de naves e estações espaciais. Nele um dos elementos é considerado o impostor por sua característica química diferente.


Nesse contexto, é correto afirmar que o impostor seria o elemento:

A
H, por ser um elemento com grande tendência a fazer ligação covalente em uma família com tendência a fazer ligação iônica.
B
Na, por ser o único que pode ser obtido em sua forma metálica, ao contrário dos demais membros da família, que formam apenas óxidos.
C
K, por ter raio atômico atipicamente grande, sendo maior do que os elementos abaixo dele na tabela periódica.
D
Cs, por pertencer à família 2 da tabela periódica, enquanto os demais pertencem à 1, formando cátions +2.
E
Fr, por reagir violentamente com a água, devido ao seu pequeno raio atômico, liberando muito calor, diferentemente dos demais elementos da família.
df6bc6ed-7b
USP 2021 - Química - Glicídios, Lipídios, Aminoácidos e Proteínas., Química Orgânica, Tipos de Reações Orgânicas: Substituição, Adição e Eliminação., Tipos de Reações Orgânicas: Oxidação, Redução e Polimerização.

De acordo com o esquema mostrado, as perdas indicadas como I e II correspondem a:

Um dos indicadores de qualidade de mel é a presença do composto orgânico hidroximetilfurfural (HMF), formado a partir de certos açúcares, como a frutose (C6H12O6). A tabela resume os teores de HMF permitidos de acordo com a legislação brasileira e recomendações internacionais. 



Uma das possíveis rotas para a formação do HMF a partir da frutose é mostrada, de forma simplificada, no esquema: 



Nas setas, são mostradas as perdas de moléculas ou grupos químicos em cada etapa. Por exemplo, entre as espécies 1 e 2, ocorrem a saída de uma molécula de água e a formação de uma ligação dupla entre carbonos. 

A
1 x H2O e 1 x -CH2
B
2 x OH-
C
2 x H2O
D
1 x -CH2 e 1 x OH-
E
1 x H2O e 1 x OH-
df5e0248-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes pessoais retos, Coesão e coerência, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Na oração "que ela dura" (v. 4), o pronome sublinhado

Psicanálise do açúcar


O açúcar cristal, ou açúcar de usina,

mostra a mais instável das brancuras:

quem do Recife sabe direito o quanto,

e o pouco desse quanto, que ela dura.

Sabe o mínimo do pouco que o cristal

se estabiliza cristal sobre o açúcar,

por cima do fundo antigo, de mascavo,

do mascavo barrento que se incuba;

e sabe que tudo pode romper o mínimo

em que o cristal é capaz de censura:

pois o tal fundo mascavo logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.


Só os banguês* que-ainda purgam ainda

o açúcar bruto com barro, de mistura;

a usina já não o purga: da infância,

não de depois de adulto, ela o educa;

em enfermarias, com vácuos e turbinas,

em mãos de metal de gente indústria,

a usina o leva a sublimar em cristal

o pardo do xarope: não o purga, cura.

Mas como a cana se cria ainda hoje,

em mãos de barro de gente agricultura,

o barrento da pré-infância logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.

João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.


*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. 

A
não tem referente.
B
retoma a palavra "usina" (v. 1).
C
pode ser substituído por "ele", referindo-se a "açúcar" (v. 1).
D
refere-se à "mais instável das brancuras" (v. 2).
E
equivale à palavra "censura" (v. 10).
df57b6db-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre

A
da quebra de expectativa gerada pela polissemia.
B
da ambiguidade causada pela antonímia.
C
do contraste provocado pela fonética.
D
do contraste introduzido pela neologia.
E
do estranhamento devido à morfologia.
df612a75-7b
USP 2021 - Química - Substâncias e suas propriedades, Transformações: Estados Físicos e Fenômenos, Estudo da matéria: substâncias, misturas, processos de separação.

Observe o diagrama que mostra, de forma simplificada, o processo de fabricação do açúcar.



Considerando essas informações e seu conhecimento sobre separação de misturas e transformações químicas e físicas, no trecho grifado no poema, o termo sublimar é usado

Psicanálise do açúcar


O açúcar cristal, ou açúcar de usina,

mostra a mais instável das brancuras:

quem do Recife sabe direito o quanto,

e o pouco desse quanto, que ela dura.

Sabe o mínimo do pouco que o cristal

se estabiliza cristal sobre o açúcar,

por cima do fundo antigo, de mascavo,

do mascavo barrento que se incuba;

e sabe que tudo pode romper o mínimo

em que o cristal é capaz de censura:

pois o tal fundo mascavo logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.


Só os banguês* que-ainda purgam ainda

o açúcar bruto com barro, de mistura;

a usina já não o purga: da infância,

não de depois de adulto, ela o educa;

em enfermarias, com vácuos e turbinas,

em mãos de metal de gente indústria,

a usina o leva a sublimar em cristal

o pardo do xarope: não o purga, cura.

Mas como a cana se cria ainda hoje,

em mãos de barro de gente agricultura,

o barrento da pré-infância logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.

João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.


*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. 

A
corretamente para mostrar como do líquido (xarope) é extraído o cristal de açúcar através do processo de evaporação do sólido e secagem.
B
em um sentido amplo do processo, já que não corresponde ao que ocorre com o cristal de açúcar, e sim com o melaço, que se separa do xarope.
C
metaforicamente, já que ocorre a precipitação do açúcar com o cozimento do xarope, que é separado por centrifugação.
D
incorretamente, já que a obtenção do açúcar a partir do xarope é uma reação química direta que não necessita de processo de separação.
E
em seu sentido literal, já que o açúcar está na fase sólida, no xarope, e passa à fase vapor com o cozimento, formando então cristais de açúcar puro.
df54a92b-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Remissão


Tua memória, pasto de poesia,

tua poesia, pasto dos vulgares,

vão se engastando numa coisa fria

a que tu chamas: vida, e seus pesares.


Mas, pesares de quê? perguntaria,

se esse travo de angústia nos cantares,

se o que dorme na base da elegia

vai correndo e secando pelos ares,


e nada resta, mesmo, do que escreves

e te forçou ao exílio das palavras,

senão contentamento de escrever,


enquanto o tempo, e suas formas breves

ou longas, que sutil interpretavas,

se evapora no fundo do teu ser?

Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.


Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo. Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema "Remissão"

A
traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à sua poesia.
B
revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético.
C
propõe, como reação do poeta à vulgaridade do mundo, uma poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico.
D
reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência da perenidade da poesia, resistente à passagem do tempo.
E
realiza a transição do lirismo social para o lirismo metafísico, caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao escapismo imaginativo.
df51337f-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Rubião fitava a enseada, - eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.

- Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...

Machado de Assis, Quincas Borba.


O primeiro capítulo de Quincas Borba já apresenta ao leitor um elemento que será fundamental na construção do romance:

A
a contemplação das paisagens naturais, como se lê em "ele admirava aquele pedaço de água quieta".
B
a presença de um narrador-personagem, como se lê em "em verdade vos digo que pensava em outra coisa".
C
a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como se lê em "Cotejava o passado com o presente".
D
o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê em "Deus escreve direito por linhas tortas".
E
a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em "de modo que o que parecia uma desgraça...".
df4e3a3e-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na cena apresentada, que explora o desconforto gerado pela difícil interlocução com o indígena, o narrador

Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". Repetia. E, diante da sua insistência bovina, tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.

Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado.

A
abandona a ideia de investigar o passado, ao se ver encurralado por Leusipo.
B
explora a sua posição ameaçadora de homem branco, ao insistir em permanecer na aldeia.
C
age com ousadia, ao procurar subjugar Leusipo a contribuir com o seu projeto.
D
identifica-se com a sabedoria de Leusipo, ao preterir do papel interrogativo e se deixar questionar.
E
sente-se frustrado com a reação de Leusipo, que não se deixa levar por sua diplomacia.
df4ae0e6-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As respostas do narrador às perguntas de Leusipo são uma tentativa de disfarçar o caráter

Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". Repetia. E, diante da sua insistência bovina, tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.

Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado.

A
fabular do romance, inspirado nas lendas e tradições dos Krahô.
B
investigativo do romance, embasado em testemunhos dos Krahô.
C
político do romance, a respeito das condições de vida dos Krahô.
D
etnográfico do romance, através do registro da cultura dos Krahô.
E
biográfico do romance, relatando sua vivência junto aos Krahô.
df47baf4-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações necessárias, é possível substituir as expressões em destaque no texto, respectivamente, por

Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". Repetia. E, diante da sua insistência bovina, tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta.

Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado.

A
incompreensão; armação; inofensivo; irredutível.
B
altivez; brincadeira; ofendido; mansa.
C
ignorância; mentira; prejudicado; alienada.
D
complacência; invenção; bobo; cega.
E
arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca.
df4146e5-7b
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Alferes, Ouro Preto em sombras

Espera pelo batizado,

Ainda que tarde sobre a morte do sonhador

Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.

Raios de sol brilharão nos sinos:

Dez vias dar.


Ai Marilia, as liras e o amor

Não posso mais sufocar

E a minha voz irá

Pra muito além do desterro e do sal,

Maior que a voz do rei.

Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção "Alferes", de 1973.


A imagem deTiradentes-a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso

A
da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.
B
da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
C
de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.
D
dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
E
da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.