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UFJF 2016 - História - Construção de Estados e o Absolutismo, História Geral

 Leia o texto a seguir e observe com atenção a imagem da pintura a óleo de um rei francês em um campo de batalha. Os dois estão relacionados ao período dos Estados Absolutistas Modernos:

“Como é importante que o público seja governado por um só, também importa que quem cumpre essa função esteja de tal forma elevado acima dos outros que ninguém se possa confundir ou se comparar com ele; não se pode retirar do seu chefe a mínima marca da superioridade que o distingue....”.

RIBEIRO, R. J. A ética no Antigo Regime. São Paulo: Moderna, 1999. p. 54. 


Sobre os Estados Absolutistas, assinale a alternativa CORRETA:

A
a formação de exércitos permanentes, profissionais e centralizados era o objetivo militar de Estados Absolutistas que pretendiam defender suas fronteiras estabelecidas.
B
os exemplos mais característicos de Estados Absolutistas, nos quais o poder do monarca era concentrado efetivamente na Europa, eram a Itália e a Alemanha.
C
a política econômica dos Estados Absolutistas combatia as propostas que defendiam a unificação de impostos, moedas, pesos e medidas em todo seu território.
D
diferentes representações artísticas traziam a imagem idealizada de monarcas dos Estados Absolutistas, caracterizando-os como indivíduos semelhantes aos seus súditos.
E
a justificativa do poder exercido pela nobreza nos Estados Absolutistas buscava se afastar do princípio da origem divina que lhe conferiria um caráter ilimitado.
b1c71cb7-b4
UFJF 2016 - História - Medievalidade Europeia, História Geral

Leia com atenção o texto a seguir sobre o fim do período medieval.

... o final do milênio medieval costuma ser visto sob a forma de uma crise profunda e generalizada. Brutal, a mortalidade provocada pelo bacilo da peste espalha-se rápida e maciçamente. Os doentes sucumbem em alguns dias, sem remédio nem alívio possíveis. No dizer das testemunhas, toda organização social, até os laços familiares, foi violentamente perturbada por isso.

BASCHET, J. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006, p.247-248. Adaptado.

Acerca da chamada “Crise do século XIV”, assinale a alternativa CORRETA:

A
a expansão agrícola que precedeu a crise do século XIV foi realizada às custas de arroteamentos, o que contribuiu para minimizar o impacto ambiental e conter o processo inflacionário.
B
a diminuição da produtividade levou a uma maior exploração da mão de obra camponesa. Nesse momento a teoria das três ordens foi responsável pela aceitação do aumento da tributação, evitando, assim, as revoltas camponesas.
C
os deslocamentos de camponeses que fugiam para as cidades ajudaram na eliminação da epidemia nas zonas rurais, já que a peste apenas atingia as populações mais pobres e desnutridas.
D
tentando fazer frente à crise do século XIV, a Igreja transferiu sua sede de Roma para Avignon, na França. Essa medida contribuiu para manter a unidade da cristandade, a autonomia e o caráter universalista da Igreja.
E
nesse contexto, a fome e as epidemias contribuíram para o processo de desintegração do feudalismo e o fortalecimento do poder dos reis, que aos poucos foram tomando para si a autoridade administrativa e militar até então em mãos senhoriais.
b1bf04e6-b4
UFJF 2016 - História - Medievalidade Europeia, História Geral

Sobre a atuação da Igreja Católica na passagem entre a Antiguidade e a Idade Média (séculos V/VI), podemos afirmar que ela:

A
conseguiu terminar, de forma definitiva, com a Igreja Cristã Ortodoxa predominante no Oriente, recuperando seu caráter universalista.
B
mantinha sob sua guarda uma boa parte da produção intelectual existente no Ocidente, sobretudo em manuscritos nas bibliotecas de mosteiros.
C
enfrentava a continuidade das perseguições oficiais por parte de diversos Estados que surgiram da fragmentação do Império Romano do Ocidente.
D
concentrava suas pregações religiosas nas áreas urbanas em expansão após o término do período de intensos conflitos militares.
E
criticava ativamente a exploração dos trabalhadores rurais nas grandes propriedades de terras que produzia para sua autossuficiência.
b1c37fe7-b4
UFJF 2016 - História - Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Leia atentamente o trecho a seguir. Ele faz parte do Voto do Padre Antônio Vieira sobre as dúvidas dos moradores de São Paulo acerca da administração dos índios, de 1694.

“São, pois, os ditos índios aqueles que, vivendo livres e senhores naturais das suas terras, foram arrancados delas por uma violência e tirania e trazidos em ferros com a crueldade que o mundo sabe, morrendo natural e violentamente muitos nos caminhos de muitas léguas até chegarem às terras de São Paulo, onde os moradores delas ou os vendiam, ou se serviam e se servem deles como escravos”.

VIEIRA, A. (Pe.) Escritos instrumentais sobre os índios. São Paulo: Educ; Loyola; Giordano, 1992. p.102.

Sobre a escravização das populações indígenas no início do processo de colonização na América Portuguesa, assinale a alternativa CORRETA:

A
a maior parte da população indígena existente dentro do território vivia em núcleos urbanos próximos dos rios e do litoral Atlântico.
B
essas populações indígenas apresentavam um padrão cultural e linguístico bastante unificado, não havendo grandes diferenciações.
C
as chamadas “Bandeiras” só aprisionavam os indígenas quando seu objetivo principal de encontrar riquezas minerais não era alcançado.
D
a retirada dos indígenas de suas terras e seu aldeamento nas missões jesuítas contribuíram para a dissolução de suas crenças religiosas.
E
a mão de obra dos indígenas foi utilizada de forma predominante em atividades de caráter artesanal e comercial controladas por colonizadores.
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UFJF 2016 - Física - Oscilação e Ondas, Movimento Harmônico

A figura ao lado mostra um garoto balançando numa corda passando pelo ponto A no sentido anti-horário. Um observador, parado no solo, observa o garoto e supõe existir quatro forças atuando sobre ele nesse momento. Do ponto de vista deste observador, quais das forças abaixo estão, de fato, atuando sobre o garoto na posição A?


1. Uma força vertical para baixo, exercida pela Terra.

2. Uma força apontando de A para O, exercida pela corda.

3. Uma força na direção do movimento do garoto, exercida pela velocidade.

4. Uma força apontando de O para A, exercida pelo garoto. 

Se necessário, utilize: g = 10 m/s2 .
A
Somente 1, 2 e 3.
B
Somente 1, 2 e 4.
C
Somente 2 e 3.
D
Somente 1 e 2.
E
Somente 1, 3 e 4.
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UFJF 2016 - Física - Dinâmica, Colisão

Para entender a importância do uso do capacete, considere o exemplo de uma colisão frontal de um motoqueiro, com massa de 80 kg, com um muro. Suponha que ele esteja se deslocando com uma velocidade de 72km/h quando é arremessado em direção ao muro na colisão. Suponha que o tempo de colisão dure 0,2s até que ele fique em repouso, e que a força do muro sobre o motoqueiro seja constante. Qual o valor desta força e quantos sacos de cimento de 50kg é possível levantar (com velocidade constante) com tal força?

Se necessário, utilize: g = 10 m/s2 .
A
3.000N e 6 sacos.
B
6.000N e 240 sacos.
C
8.000N e 16 sacos.
D
8.000N e 160 sacos.
E
12.000N e 160 sacos.
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UFJF 2016 - História - História Geral, Antiguidade Ocidental (Gregos, Romanos e Macedônios)

Leia as afirmações a seguir.

A História chamada de Antiga faz parte do repertório cultural do Ocidente. Ela representa para nós uma espécie de História das nossas origens. A História Antiga é vista como o ponto inicial de nossa jornada através da História.

GUARINELLO, N. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013. p. 8. Adaptado.

Existe em nossa atualidade uma série de características que podem ser consideradas, de alguma forma, “heranças” recebidas da Antiguidade greco-romana. Entre elas, assinale a alternativa CORRETA:

A

a introdução da participação das mulheres nas decisões políticas de seus países através do voto direto.

B
a criação do ideal de República a partir da experiência vivenciada na cidade grega de Atenas.
C
a retomada de referências culturais e artísticas que têm sido reinterpretadas desde o Renascimento.
D
a maioria dos países ser composta de cidades estados, independentes entre si, e não estados de caráter mais nacionalizado.
E
o princípio jurídico do direito romano do “olho por olho, dente por dente” que prevalece nas relações diplomáticas internacionais.
b1b311cd-b4
UFJF 2016 - Física - Gravitação Universal, Força Gravitacional e Satélites

Um satélite geoestacionário é um satélite que se move em uma órbita circular acima do Equador da Terra seguindo o movimento de rotação do planeta em uma altitude de 35.786 km. Nesta órbita, o satélite parece parado em relação a um observador na Terra. Satélites de comunicação, como os de TV por assinatura, são geralmente colocados nestas órbitas geoestacionárias. Assim, as antenas colocadas nas casas dos consumidores podem ser apontadas diretamente para o satélite para receber o sinal. Sobre um satélite geoestacionário é correto afirmar que:

Se necessário, utilize: g = 10 m/s2 .
A
a força resultante sobre ele é nula, pois a força centrípeta é igual à força centrífuga.
B
como no espaço não existe gravidade, ele permanece em repouso em relação a um ponto fixo na superfície Terra.
C
o satélite somente permanece em repouso em relação à Terra se mantiver acionados jatos propulsores no sentido oposto ao movimento de queda.
D
a força de atração gravitacional da Terra é a responsável por ele estar em repouso em relação a um ponto fixo na superfície da Terra.
E
por estar fora da atmosfera terrestre, seu peso é nulo.
b1aa198a-b4
UFJF 2016 - Física - Grandezas e Unidades, Conteúdos Básicos

Uma pequena aeronave não tripulada, de aproximadamente dois metros de comprimento, chamada X-43ª, foi a primeira aeronave hipersônica que utilizou com sucesso um sistema de propulsão por foguete chamado Scramjet. Ao contrário de foguetes, que devem carregar tanto o combustível quanto o comburente, os Scramjets transportam apenas combustível e utilizam como comburente o oxigênio da atmosfera. Isso reduz o peso, aumentando sua eficiência. Assim, durante os testes, o X-43A, partindo do repouso, conseguiu atingir incríveis 12150 km/h (3375 m/s) durante os dez primeiros segundos de voo. Fonte: adaptado de

http://www.tecmundo.com.br/veiculos/13811-os-10-objetosmais-velozes-construidos-pelo-homem.htm. Acesso em 01/09/2016.

Com base nessa notícia, e considerando que a aceleração da aeronave permaneceu constante durante todo o teste, podemos dizer que o X-43A percorreu uma distância de:

Se necessário, utilize: g = 10 m/s2 .
A
16,875 km.
B
33,730 km.
C
242,850 km.
D
3337,0 km.
E
12446,0 km.
b1a6bdb7-b4
UFJF 2016 - Física - Gravitação Universal, Força Gravitacional e Satélites

Recentemente foi divulgado pela revista norte-americana Nature a descoberta de um planeta potencialmente habitável (ou com capacidade de abrigar vida) na órbita de Próxima Centauri, a estrela mais próxima do nosso sistema solar. Chamado de Próxima-b, o nosso vizinho está a "apenas" 4,0 anos-luz de distância e é considerada a menor distância entre a Terra e um exoplaneta. Considerando que a sonda espacial Helios B (desenvolvida para estudar os processos solares e que atinge uma velocidade máxima recorde de aproximadamente 250.000 km/h) fosse enviada a esse exoplaneta, numa tentativa de encontrar vida, qual a ordem de grandeza, em anos, dessa viagem?

Considere que o movimento da sonda é retilíneo uniforme, que 1 ano-luz = 1x1013 km e que 1 ano terrestre tenha exatos 365 dias.

Fonte: adaptado de http://www.newsjs.com - redação olhardigital.uol.com.br. Acesso em 01/09/2016)  

Se necessário, utilize: g = 10 m/s2 .
A
100 anos.
B
101 anos.
C
102 anos.
D
103 anos.
E
104 anos.
b19eb65c-b4
UFJF 2016 - Biologia - Fotossíntese, Moléculas, células e tecidos

Uma jovem comeu um lanche que continha pão, alface, tomate, queijo e carne bovina, além de óleos vegetais no molho. Nas próximas horas seu corpo irá utilizar a energia proveniente desses alimentos. Em relação a isso, assinale a alternativa CORRETA

A
a quantidade de energia química que a jovem obteve ao comer o queijo e a carne é a mesma quantidade que os bovinos adquirirem ao comer suas rações.
B
para a produção do pão foi utilizado o trigo, cujas moléculas de clorofila transferiram a energia luminosa do sol, sob a forma de energia química, para moléculas de ATP na etapa química da fotossíntese.
C
o tomate é um dos alimentos que forneceu a glicose que entra na mitocôndria para a realização do Ciclo de Krebs.
D
a alface é um vegetal capaz de aproveitar gás carbônico e água para produzir substâncias orgânicas que lhes servem de alimento, utilizando a luz solar como fonte de energia.
E
para a produção, pela indústria panificadora, do pão desse sanduíche foi realizado um processo de respiração aeróbia por bactérias.
b19b5dc8-b4
UFJF 2016 - Biologia - Estudo dos tecidos, Moléculas, células e tecidos

Em relação ao tecido conjuntivo, leia as afirmativas a seguir:


I. É o mais diversificado de todos, com ampla distribuição pelo corpo dos animais; apresenta-se com diversos aspectos e funções.

II. Sendo uma estrutura complexa, pode ser formado por vários tipos de fibras como colágenas, elásticas e reticulares.

III. A doença escorbuto ocasiona uma degeneração dos tecidos conjuntivos.

IV. O sangue é considerado um tecido conjuntivo cujas células estão imersas no plasma sanguíneo.

V. O tecido conjuntivo que resiste a forças da tração é o tipo de tecido denso não modelado.

Assinale a alternativa com as afirmativas CORRETAS:  

A
I, II, III, IV e V.
B
somente I, II e IV.
C
somente I, III e IV.
D
somente I, II, III e IV.
E
somente I, III, IV e V.
b1a2aaf7-b4
UFJF 2016 - Biologia - Núcleo interfásico e código genético, Moléculas, células e tecidos

 O diagrama a seguir representa um nucleotídeo de DNA com as subunidades X, Y e Z.


Assinale a alternativa CORRETA que identifica o nucleotídeo acima como sendo um monômero do DNA:

A
X é uma ribose.
B
Y é um fosfato.
C
Z é uma Timina.
D
X é uma Uracila.
E
Z é um nucleosídeo.
b1970bdf-b4
UFJF 2016 - Biologia - Estrutura e fisiologia da Membrana Plasmática, Moléculas, células e tecidos

 A pressão de turgência mantém a célula vegetal em sua forma, impedindo a plasmoptise. Quanto ao processo da osmose em células vegetais, assinale a alternativa CORRETA

A
em meio externo hipertônico a membrana plasmática impede a plasmólise.
B
a turgência, que tem auxílio do vacúolo, ajuda na sustentação das folhas.
C
em meio externo hipertônico ocorre entrada passiva de água nas células vegetais.
D
em meio externo hipertônico a célula vegetal murcha, resultando na plasmólise com ruptura da parede celular.
E
a pressão osmótica e a pressão de turgência só atuarão na forma da célula, mas não no conteúdo do vacúolo.
b192ef9e-b4
UFJF 2016 - Biologia - Uma visão geral da célula, Moléculas, células e tecidos

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2016 foi para uma área bastante fundamental das Ciências Biológicas. O japonês Yoshinori Ohsumi foi escolhido pela sua pesquisa sobre como a autofagia realmente funciona. Trata-se de uma função ligada ao reaproveitamento do “lixo celular” e também ligada a doenças. Fonte: texto modificado a partir de

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2016/10/18192 88-japones-vence-nobel-de-medicina-por-pesquisa-sobre-aautofagia.shtml de 03/10/2016.


Acesso em 16/10/2016. Tanto no processo de autofagia, quanto na heterofagia, os ____________________ atuam realizando a digestão intracelular. De acordo com o tipo de célula, após o processo de digestão, forma-se o _____________________, que pode ser eliminado por ______________________ ou ficar retido indefinidamente no citoplasma da célula.


Assinale a alternativa com a sequência CORRETA que completa os espaços tracejados:  

A
fagossomos, peroxissomo, pinocitose.
B
lisossomos, corpo residual, clasmocitose.
C
ribossomos, vacúolo digestivo, fagocitose.
D
glioxissomos, lisossomo, clamocitose.
E
lisossomos, fagossomo, pinocitose.
b18ced44-b4
UFJF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A realização de uma entrevista narrada no texto II relativiza a ideia de não ficção que há no texto jornalístico. Identifique a passagem que melhor permite essa afirmação.

TEXTO I



A televisão

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto)



A televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

Oh! Oh! Oh!

Agora todas coisas

Que eu penso

Me parecem iguais

Oh! Oh! Oh!



O sorvete me deixou gripado

Pelo resto da vida

E agora toda noite

Quando deito

É boa noite, querida



Oh! Cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro

Que o espirro

Fosse um vírus sem cura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer

Alguma coisa

Mas eu não faço nada

Oh! Oh! Oh!

A luz do sol me incomoda

Então deixa

A cortina fechada

Oh! Oh! Oh!



É que a televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

E agora eu vivo

Dentro dessa jaula

Junto dos animais



Oh! Cride, fala pra mãe

Que tudo que a antena captar

Meu coração captura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985.




TEXTO II



Estorvo (fragmento)



Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga "isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, troca a bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte.


BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

A
“Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado.”
B
“O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo.”
C
“A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando ‘diga que conhece meu filho, miserável!’”
D
“Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga ‘isso aí eu não sei porque nunca vi.’”
E
“Volta o repórter da TV Promontório e pedelhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte”.
b18fa803-b4
UFJF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto abaixo e responda:

O mito ou “Alegoria” da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia, sendo parte constituinte do livro VI de “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal. A narrativa expressa dramaticamente a imagem de prisioneiros que desde o nascimento são acorrentados no interior de uma caverna de modo que olhem somente para uma parede iluminada por uma fogueira. Essa ilumina um palco onde estátuas dos seres como homem, planta, animais etc. são manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. No entanto, as sombras das estátuas são projetadas na parede, sendo a única imagem que aqueles prisioneiros conseguem enxergar. Com o correr do tempo, os homens dão nomes a essas sombras (tal como nós damos às coisas) e também à regularidade de aparições destas.

Fonte: Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-platao.htm. Acessado em 18/10/2016.

A passagem do texto I que melhor se articula com a ideia central do “mito da caverna” é:

TEXTO I



A televisão

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto)



A televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

Oh! Oh! Oh!

Agora todas coisas

Que eu penso

Me parecem iguais

Oh! Oh! Oh!



O sorvete me deixou gripado

Pelo resto da vida

E agora toda noite

Quando deito

É boa noite, querida



Oh! Cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro

Que o espirro

Fosse um vírus sem cura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer

Alguma coisa

Mas eu não faço nada

Oh! Oh! Oh!

A luz do sol me incomoda

Então deixa

A cortina fechada

Oh! Oh! Oh!



É que a televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

E agora eu vivo

Dentro dessa jaula

Junto dos animais



Oh! Cride, fala pra mãe

Que tudo que a antena captar

Meu coração captura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985.




TEXTO II



Estorvo (fragmento)



Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga "isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, troca a bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte.


BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

A
“A televisão
Me deixou burro
Muito burro demais”.
B
“Que eu nunca li num livro
Que o espirro
Fosse um vírus sem cura”.
C
“A mãe diz pra eu fazer
Alguma coisa
Mas eu não faço nada”.

D
“A luz do sol me incomoda
Então deixa
A cortina fechada”.
E
“Oh! Cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar
Meu coração captura”.
b1896b91-b4
UFJF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O texto aborda questões polêmicas através do ponto de vista das personagens representadas pelo zelador e pela “índia”. Estas questões ficam melhor identificadas como:

TEXTO I



A televisão

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto)



A televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

Oh! Oh! Oh!

Agora todas coisas

Que eu penso

Me parecem iguais

Oh! Oh! Oh!



O sorvete me deixou gripado

Pelo resto da vida

E agora toda noite

Quando deito

É boa noite, querida



Oh! Cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro

Que o espirro

Fosse um vírus sem cura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer

Alguma coisa

Mas eu não faço nada

Oh! Oh! Oh!

A luz do sol me incomoda

Então deixa

A cortina fechada

Oh! Oh! Oh!



É que a televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

E agora eu vivo

Dentro dessa jaula

Junto dos animais



Oh! Cride, fala pra mãe

Que tudo que a antena captar

Meu coração captura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985.




TEXTO II



Estorvo (fragmento)



Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga "isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, troca a bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte.


BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

A
misoginia e antissemitismo.
B
ateísmo e discriminação.
C
racismo e homofobia.
D
doutrinação e política.
E
machismo e chauvinismo.
b1852d74-b4
UFJF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As estrofes 1 e 5 do texto I permitem afirmar que a inteligência do sujeito está, respectivamente, relacionada:

TEXTO I



A televisão

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto)



A televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

Oh! Oh! Oh!

Agora todas coisas

Que eu penso

Me parecem iguais

Oh! Oh! Oh!



O sorvete me deixou gripado

Pelo resto da vida

E agora toda noite

Quando deito

É boa noite, querida



Oh! Cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro

Que o espirro

Fosse um vírus sem cura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer

Alguma coisa

Mas eu não faço nada

Oh! Oh! Oh!

A luz do sol me incomoda

Então deixa

A cortina fechada

Oh! Oh! Oh!



É que a televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

E agora eu vivo

Dentro dessa jaula

Junto dos animais



Oh! Cride, fala pra mãe

Que tudo que a antena captar

Meu coração captura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985.




TEXTO II



Estorvo (fragmento)



Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga "isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, troca a bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte.


BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

A
ao discernimento e à liberdade.
B
à liberdade e à emoção.
C
à memória e à informação.
D
à cognição e à leitura.
E
à violência e à ordem.
b17f3c12-b4
UFJF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os textos I e II possibilitam a reflexão sobre a TV como meio de comunicação. Os enfoques de cada um desses textos são, respectivamente, sobre:

TEXTO I



A televisão

(Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto)



A televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

Oh! Oh! Oh!

Agora todas coisas

Que eu penso

Me parecem iguais

Oh! Oh! Oh!



O sorvete me deixou gripado

Pelo resto da vida

E agora toda noite

Quando deito

É boa noite, querida



Oh! Cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro

Que o espirro

Fosse um vírus sem cura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

A mãe diz pra eu fazer

Alguma coisa

Mas eu não faço nada

Oh! Oh! Oh!

A luz do sol me incomoda

Então deixa

A cortina fechada

Oh! Oh! Oh!



É que a televisão

Me deixou burro

Muito burro demais

E agora eu vivo

Dentro dessa jaula

Junto dos animais



Oh! Cride, fala pra mãe

Que tudo que a antena captar

Meu coração captura

Vê se me entende

Pelo menos uma vez

Criatura!

Oh! Cride, fala pra mãe!

Titãs. Televisão. Lp. Gravadora WEA, 1985.




TEXTO II



Estorvo (fragmento)



Vejo tumulto defronte ao edifício do meu amigo. Aglomeração, um camburão, duas joaninhas, um rabecão, vários carros de reportagem, guardas desviando o trânsito. No meio do povo, compreendo que houve um crime, alguém morreu esfaqueado e estrangulado. Vem chegando a sirene de um segundo camburão, e o empurra-empurra acaba por me levar ao miolo do acontecimento. Uma corda vermelha isola a calçada do velho prédio, formando uma espécie de ringue. A televisão entrevista o zelador sob a marquise da portaria. Deve estar ruim de filmar, pois o zelador olha para o chão e não fala direito, parece um condenado. Penso que é ele o criminoso, mas em seguida me convenço de que está somente muito envergonhado pelo seu edifício. O repórter pergunta se a vítima costumava receber rapazes, e o zelador faz sim com a cabeça, mais confessando que assentindo. A entrevista é prejudicada por uma baixinha com cara de índia e lenço na cabeça, que se desvencilha de um policial e investe contra o zelador, gritando "diga que conhece meu filho, miserável!". O policial levanta a índia baixinha e deposita-a fora do cordão de isolamento. Ela passa outra vez sob o cordão e agora se dirige ao público. Diz "não tem televisão aí?" e diz "ninguém vai me entrevistar?". Um rapaz que se apresenta como repórter do Diário Vigilante pergunta o que fazia o suspeito no local do crime. Ela diz "que suspeito o quê" e "que local do crime o quê", e diz "meu filho veio me ver, foi detido entrando no prédio, se fosse suspeito estaria fugindo", e diz "onde é que já se viu suspeito fugir para dentro?". Sem mais nem mais, começo a ficar a favor da mãe índia. O do Diário Vigilante vai fazer outra pergunta, mas ela o interrompe e diz que trabalha no 204 há quinze anos, que todo mundo sabe quem ela é, que aquele miserável ali conhece o filho dela e não o defende porque tem preconceito de cor. Vai atacar de novo o zelador, mas é suspensa pelo policial. Outro repórter de tevê indaga do zelador se a vítima era homossexual. O zelador resmunga "isso aí eu não sei porque nunca vi". A índia responde à Rádio Primazia que prenderam o filho porque ele estava sem documento. Diz "meu filho estava voltando da praia, não é crime ir na praia, ninguém vai na praia com carteira de trabalho metida no calção". Um sujeito atrás de mim diz que também é de jornal e pergunta “afinal a bichona era artista ou o quê?''. Ela responde "a bichona sei lá, parece que era professor de ginástica". Aproxima-se o repórter da TV Promontório dizendo "ouvimos também a mãe do principal suspeito". Aí a índia perde a razão, agarra as lapelas do repórter e desata a chorar no microfone e berrar "ele não é criminoso!, meu filho é um moço decente!", mas o cameraman, que está trepado no capô da camionete, grita "não valeu, não gravou nada, troca a bateria!". A índia para de chorar, olha para o setor da imprensa e diz "imagine meu filho, que até é doente, estrangulando um professor de ginástica". Volta o repórter da TV Promontório e pede-lhe para repetir a fala anterior, que ele achou bem forte.


BUARQUE, Chico. Estorvo. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

A
a recepção e a produção.
B
o canal e o referente.
C
o código e a mensagem.
D
o sinal e a recepção.
E
o símbolo e a entrevista.