Questõesde UECE sobre Sociologia

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UECE 2019 - Sociologia - Max Weber e a Ação Social, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Em A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber (1864-1920) procurou demonstrar de que maneira uma específica ética religiosa deu ensejo ao surgimento do que ele chamou de um “espírito do capitalismo”, expressão que significa “uma ética de vida, um modo de ver e encarar a existência” (SELL, 2015). Tal “espírito” apontava o cultivo de uma vida disciplinada, “motivada pelo sentido do dever”, com honestidade e dedicação ao trabalho. Weber aponta como essa ética deu ao capitalismo uma racionalidade técnica, de cálculo e jurídica que o fez se desenvolver nesse sistema econômico burocrático das sociedades modernas. Seitas protestantes como o calvinismo indicavam uma vida ascética, ou seja, proba, de oração e de penitências, para a salvação. Tal conduta fez com que os seguidores dessas seitas seguissem uma vida moralmente correta e honesta, com esforço e cuidado ao trabalho, longe das luxúrias e prazeres mundanos. O resultado foi o desenvolvimento de um trabalho profissionalizado e a racionalidade na busca de riquezas.

SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim e Weber. 7ª ed. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2015.

Partindo dessa compreensão de Max Weber sobre as origens do capitalismo, é correto afirmar que

A
a ambição e a avareza no acúmulo de riquezas são princípios que orientam o desenvolvimento de um capitalismo moderno e lucrativo.
B
as seitas protestantes desenvolveram o capitalismo religioso ao defenderem uma vida ascética em que Deus atendesse as vontades dos seres humanos.
C
esse espírito do capitalismo, acima mencionado, exerce a função burocrática de racionalizar as riquezas acumuladas através das bênçãos divinas aos predestinados.
D
as éticas protestantes motivaram, pela conduta moral, a instituição racional do trabalho e do enriquecimento competentes no capitalismo.
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UECE 2019 - Sociologia - Karl Marx e as Classes Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Karl Marx (1818-1883) trata, em sua obra, das condições e consequências dos antagonismos e lutas entre as classes sociais nas sociedades capitalistas. Segundo Marx, a existência de classes sociais apenas tem lugar em determinadas fases históricas do desenvolvimento da produção material das sociedades. Quando há o surgimento de um excedente de produção em uma dada etapa histórica de uma sociedade e quando este excedente pode ser apropriado por um grupo de pessoas que passa, assim, a exercer uma forma de domínio sobre a distribuição do que se produz e sobre outros grupos dessa sociedade, tem-se, assim, o surgimento de classes sociais. Em outros termos, as classes sociais surgem quando existe a possibilidade de apropriação privada do excedente de produção por parte de um grupo (uma classe social) e quando este grupo determina as condições de produção sobre todos os outros grupos ou classes sociais.

Considerando o entendimento de Marx sobre classes sociais, assinale a afirmação verdadeira.

A
As classes sociais têm existido, desde o início da história humana, em todas as culturas reconhecidas e registradas.
B
A perspectiva marxiana sobre o funcionamento do capitalismo aponta para uma harmonização entre classes sociais.
C
A classe dos capitalistas, donos do trabalho, e a classe do proletariado, dona dos meios produtivos, fundam o capitalismo.
D
As classes sociais se constituem, em determinadas condições históricas, do desenvolvimento da produção material.
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UECE 2019 - Sociologia - O processo de socialização

Para Anthony Giddens (2012), “nossas atividades tanto estruturam e modelam o mundo social ao nosso redor como, ao mesmo tempo, são estruturadas por esse mundo”. É esta a base do conceito de “estruturação” criado por Giddens, o qual aponta que tanto as estruturas sociais (Família, Comunidade, Estado, etc.) formam as pessoas como as pessoas em suas ações e relações estruturam essas estruturas sociais. Há aqui a concepção de que não somos, nós, agentes sociais, apenas enquadrados nos comportamentos padronizados dessas estruturas sociais e repetidores de ações já condicionadas. Mas, mesmo com a força desses padrões de conduta, podemos agir no sentido de modificar, em alguma medida, essas estruturas sociais que nos formam e informam.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6ª Ed., Porto Alegre: Penso, 2012.

Partindo do conceito de “estruturação” de Anthony Giddens, é correto afirmar que

A
as pessoas agem seguindo padrões de conduta dos seus ambientes sociais, mas podem, também, contribuir para moldá-los.
B
os agentes sociais, cujos comportamentos são completamente condicionados pela sociedade, agem como robôs.
C
as únicas pessoas que não são modeladas pelas sociedades, hoje, são as que estão à margem, como presidiários e loucos.
D
uma estrutura social é tudo aquilo que os homens constroem em sociedade, tais como cidades, casas, ruas e prédios.
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UECE 2019 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdade social no Brasil

O sociólogo americano Erving Goffman demonstra que o termo estigma designa um atributo depreciativo que concede a uma — ou, a mais pessoas — uma identidade deteriorada diante da sociedade. O estigma ou qualquer atributo depreciativo não é negativo em si mesmo, mas apenas quando em relação à sociedade ou a grupos sociais que entendem o atributo como algo negativo ou desvalorizado.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

Considerando esse entendimento sobre estigma social, avalie as frases apresentadas a seguir e assinale a que corresponde a um estigma social presente na sociedade brasileira.

A
O deficiente físico possui necessidades especiais.
B
As crianças faveladas são os vetinhos e as vetinhas.
C
A cor da pele não define o caráter de ninguém.
D
A orientação sexual é algo próprio de cada pessoa.
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UECE 2019 - Sociologia - Globalização, reestruturação produtiva e mudanças recentes do trabalho, Mundo do trabalho

As novas técnicas de controle organizacional sobre os trabalhadores – chamados atualmente de “colaboradores” – são, na fase contemporânea das empresas capitalistas, menos diretas e mais sutis (ALVES e OLIVEIRA, 2011). Tais técnicas possibilitam uma sensação de maior liberdade e autonomia aos trabalhadores dentro e, mesmo, fora do ambiente laboral, mas não deixam de ser formas de manutenção do controle das empresas sobre sua mão de obra.

ALVES, D. e OLIVEIRA, S. R. de. “Controle organizacional no processo capitalista de produção” In: PICCININI, Valmíria Carolina et ali (org.). Sociologia e Administração – Relações sociais nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

Considerando essas sutis formas contemporâneas de controle organizacional, é correto afirmar que

A
a identificação do trabalhador com os valores da organização em que trabalha diminui a responsabilidade individual para o atingimento dos resultados e metas estabelecidos.
B
a manipulação de símbolos da cultura organizacional que aproximam os valores dos trabalhadores aos das empresas faz com que os funcionários sejam mais descompromissados.
C
a utilização de tecnologias da informação e comunicação, como os grupos de trabalho nos aplicativos de mensagens, são maneiras sutis de controle das organizações.
D
essas técnicas de controle sutil, que podem conceder liberdade e autonomia ao trabalhador, desestimulam a participação dos colaboradores para atingirem as metas das empresas
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UECE 2019 - Sociologia - Karl Marx e as Classes Sociais, Émile Durkheim e os Fatos Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

O papel do Estado nas sociedades modernas é compreendido por visões diferentes entre os fundadores da Sociologia. Os chamados clássicos da Sociologia, Karl Marx (1818-1883) e Émile Durkheim (1858-1917), possuem entendimentos diversos sobre as finalidades e funções do Estado moderno. Para Marx, teórico crítico das lógicas fundantes das sociedades capitalistas, o Estado moderno é “tãosomente um comitê que administra os negócios comuns de toda a classe burguesa”. Já para Durkheim, um dos primeiros elaboradores da ciência sociológica, o Estado é “um órgão especial encarregado de elaborar certas representações que valem para a coletividade”.

MARX, Karl. O manifesto do partido comunista. Porto Alegre: L&PM, 2010; DURKHEIM, Émile. Lições de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Considerando os entendimentos de Marx e Durkheim sobre o papel do Estado nas sociedades modernas, analise as seguintes proposições:

I. Na perspectiva marxiana, o Estado trata, de modo imparcial, os conflitos entre as classes sociais do capitalismo.
II. Para Emile Durkheim, o Estado é a entidade social mais importante a serviço das classes dominantes.
III. Karl Marx explica o Estado como um órgão a serviço dos interesses dominantes no capitalismo.
IV. Émile Durkheim explica a funcionalidade do Estado moderno para a manutenção da sociedade.

Está correto somente o que se afirma em

A
I, II e III.
B
I e II.
C
IV.
D
III e IV.
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UECE 2019 - Sociologia - Globalização, reestruturação produtiva e mudanças recentes do trabalho, Mundo do trabalho

Atente para o seguinte trecho extraído de uma reportagem do Jornal Estadão: 


“Bikeboys rodam 12 horas por dia e 7 dias por semana para ganhar R$ 936 


Renato Jakitas e Tiago Queiroz 


São Paulo - 15/09/201908h28 

“[...] Existem cerca de 30 mil entregadores ciclistas cadastrados nos aplicativos de entrega de comida na capital paulista. O número dá a dimensão de uma atividade que, há um ano, passava desapercebida em São Paulo. Hoje, os ciclistas com caixa nas costas tomam as paisagens dos centros comerciais nas horas de pico da fome – das 12h às 15h e das 19h às 22h –, além de serem presença constante em calçadas próximas a shopping centers, restaurantes ou supermercados nos fins de semana.

Um perfil desse trabalhador foi traçado em junho pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), coordenado pelo instituto Multiplicidade e apoiado pelo Laboratório de Mobilidade Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após entrevistas com 270 ciclistas em São Paulo, o levantamento concluiu que 75% desses profissionais têm idade entre 18 e 27 anos e, como Samuel Marques, pedalam cerca de 12 horas por um salário médio mensal de R$ 936. Realizam diariamente dez entregas, a R$ 5 cada. Seis em cada dez ciclistas trabalham todos os dias da semana, sem folgas”.


Trecho de matéria disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/estadaoconteudo/2019/09/15/bikeboys-rodam-12-horas.htm Acesso em: 10/11/2019.


Partindo de uma perspectiva sociológica crítica sobre essas novas condições de exploração do trabalho de prestação de serviços na era digital, assinale a afirmação verdadeira.

A
O aumento do desemprego no Brasil é certamente uma oportunidade para muitas pessoas empreenderem, como fazem os bikeboys.
B
O trabalho dos bikeboys retrata a forma como essas novas modalidades de atividade trazem muito mais vantagens e garantias ao trabalhador.
C
O bikeboy demonstra a nova face do trabalho informal, intermitente e precarizado, que reduz ainda mais os ganhos do trabalhador.
D
O bikeboy é um privilegiado nessa nova era digital de prestação de serviços, uma vez que pode trabalhar de acordo com sua disposição.
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UECE 2019 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero, Desigualdade social no Brasil

O Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência apontou que, no ano de 2015, as principais vítimas deste tipo de violência foram jovens pretos ou pardos (em 65,75% dos casos), do sexo masculino (em 97,95% dos casos) e todos pobres e moradores de periferia. É esta certamente uma questão social que se agrava pelo país. Este estudo sobre os homicídios na adolescência na capital (Fortaleza) e em seis municípios do Ceará (Caucaia, Eusébio, Horizonte e Maracanaú, na Região Metropolitana, Sobral e Juazeiro do Norte, no interior do estado), é parte da estratégia de enfrentamento à violência letal contra o adolescente. Entre as principais recomendações do Comitê para combater tal realidade estão: promover a qualificação urbana dos territórios vulneráveis aos homicídios; mais oportunidades de emprego e renda para esses jovens; formar policiais em direitos da criança e do adolescente para garantir abordagens adequadas e promover o controle externo da atividade policial; e garantir a investigação e a responsabilização pelos homicídios.

Trajetórias interrompidas: homicídios na adolescência em Fortaleza e em seis municípios do Ceará. Fortaleza: UNICEF/Governo do Estado do Ceará/Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, 2017. Adaptado.

Considerando o estudo do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, no que concerne aos jovens assassinatos no estado, é correto afirmar que

A
a juventude das periferias de Fortaleza, diferentemente dos jovens das outras capitais do país e do mundo, passa por problemas de transgressão e delinquência.
B
a rebeldia juvenil, própria da faixa etária, deve ser combatida, com urgência, para que se modifique esse quadro de assassinatos de jovens pelo país.
C
a qualificação de policiais em conhecimentos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente não ajuda na diminuição de homicídios dos jovens periféricos.
D
as ações de combate ao quadro de homicídios de jovens periféricos passam por estudos que investiguem a fundo a realidade vivenciada por esse grupo.
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UECE 2019 - Sociologia - Socialização secundária: educação, O processo de socialização

Considerando o tema burocracia, atente para a tirinha abaixo e para o texto apresentado em seguida:
Quino: Mafalda.

“Todas as organizações modernas de grande escala, segundo Weber, tendem a ser de natureza burocrática. [...].
Segundo Weber, a expansão da burocracia é inevitável nas sociedades modernas, a autoridade burocrática é a única maneira de lidar com os requisitos administrativos de sistemas sociais amplos. [...].
Para estudar a origem e a natureza da expansão das organizações burocráticas, Weber construiu um tipo ideal de burocracia – “ideal” aqui refere-se não ao que é mais desejável, mas a uma forma “pura” de organização burocrática. [...]. Weber argumentava que quanto mais uma organização se aproxima do tipo ideal de burocracia, mais efetiva ela será na busca dos objetivos para os quais foi estabelecida”.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6ª Ed., Porto Alegre: Penso, 2012.

Relacionando-se a charge com o texto, acima apresentados, no que se referem à burocracia, é correto afirmar que

A
a charge faz uma crítica e o texto analisa o conceito.
B
ambos fazem crítica.
C
a charge faz uma crítica e o texto faz uma defesa.
D
apenas o texto critica o conceito de burocracia.
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UECE 2019 - Sociologia - Socialização secundária: educação, O processo de socialização

Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, em pesquisa dos anos 1960 sobre o sistema escolar francês, demonstraram como o mecanismo pedagógico das escolas focava, para a formação dos alunos, em um corpo de saberes (ciências da natureza, matemática, literatura, artes) que concedia vantagens aos filhos das classes mais abastadas economicamente, pois estes já chegavam “de casa” para o ambiente de ensino com um “capital cultural” – conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridos – adequado com as exigências desse corpo de saberes. As “classes dominantes” podem proporcionar aos seus filhos e filhas o contato desde a mais tenra infância com leituras, artes e, mesmo, raciocínios lógicos no convívio diário com a família. A crítica dos referidos autores, em resumo, àquele sistema escolar francês foi a de que a pedagogia adotada criava uma espécie de “Escola Indiferente” que tratava como iguais, em direitos e deveres escolares, alunos desiguais em “capital cultural”. Os critérios exigidos para a avaliação do êxito escolar eram os mesmos para todos os estudantes sem tratar suas diferenças de “capital cultural” ligadas às condições socioeconômicas.

BOURDIEU, Pierre e PASSERON, Jean-Claude. Os Herdeiros: os estudantes e a cultura. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014.

Sobre essa “Escola Indiferente”, sugerida pelos autores acima citados, é correto concluir que

A
ao tratar de modo igual quem é diferente, essa “Escola Indiferente” privilegia, de maneira dissimulada, quem, por sua bagagem familiar, já é privilegiado.
B
a escola que adota a “pedagogia indiferente” considera importantes os capitais culturais dos alunos e a formação de professores para ensinar de maneira igualitária.
C
o corpo de saberes da Escola francesa dos anos 1960 constituíam o “capital cultural” das classes menos abastadas economicamente ou “classes incultas”.
D
o êxito escolar está atrelado sociologicamente às capacidades intelectuais e cognitivas de cada estudante, que deve se esforçar para ter mérito reconhecido.
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UECE 2019 - Sociologia - Cultura e sociedade

Atente para a seguinte citação a respeito do índio:

“O índio não é uma questão de cocar de pena, urucum e arco e flecha, algo de aparente e evidente nesse sentido estereotipificante, mas sim uma questão de ‘estado de espírito’. Um modo de ser e não um modo de aparecer. Na verdade, algo mais (ou menos) que um modo de ser: a indianidade designava para nós um certo modo de devir, algo essencialmente invisível, mas nem por isso menos eficaz: um movimento infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de ‘diferença’ anteriorizada e estabilizada, isto é, uma identidade (um dia seria bom os antropólogos pararem de chamar identidade de diferença e vice-versa). A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema era fazer com que o ‘ainda’ do juízo de senso comum ‘esse pessoal ainda é índio’ (ou ‘não é mais’) não significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A ideia é a de que os índios ‘ainda’ não tinham sido vencidos, nem jamais o seriam. Eles jamais acabar(i)am de ser índios, ‘ainda que’... Ou justamente porquê. Em suma, a ideia era que ‘índio’ não podia ser visto como uma etapa na marcha ascensional até o invejável estado de ‘branco’ ou ‘civilizado’”.

CASTRO, Eduardo Viveiro de, “No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é”, entrevista concedida à equipe de edição do livro Povos Indígenas no Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), 2006.

Considerando o texto, acima apresentado, avalie as seguintes proposições:
I. A integração dos povos indígenas à sociedade brasileira não significa a perda de suas culturas e de suas identidades socioculturais.
II. Os povos indígenas não deixam de ser índios enquanto mantiverem o sentimento de pertencer às suas comunidades e de serem reconhecidos como indígenas, mesmo morando em cidades e participando da vida moderna da atual sociedade brasileira.

Sobre essas afirmações, é correto dizer que

A
I é falsa e II é verdadeira.
B
ambas são verdadeiras.
C
ambas são falsas.
D
I é verdadeira e II é falsa.
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UECE 2019 - Sociologia - Instituições sociais, normas e valores, O processo de socialização

Michel Foucault (1926-1984) investigou as origens dos princípios de vigilância, observação e correção de “comportamentos indesejados” para o funcionamento das instituições modernas. Tais princípios produzem “corpos disciplinados” ou “corpos dóceis” e os tipos de instituições que adotam tais princípios são as escolas, os hospitais, as prisões e as empresas modernas. No ambiente controlado dessas organizações, a disciplina exerce um poder sobre os corpos dos seus integrantes. Esse “poder disciplinar” explora técnicas diversas para subjugar os corpos individualmente e exerce um tipo de controle que não atua de fora, mas trabalha esses corpos de dentro produzindo os “comportamentos adequados” e fabricando o tipo de pessoa necessária ao funcionamento e manutenção dessas instituições.

Considerando essa concepção de Michel Foucault, assinale a proposição verdadeira.

A
O poder disciplinar é um tipo de poder que emana das instituições modernas e se exerce estimulando comportamentos indesejados para puni-los.
B
O uso das novas tecnologias de informação e comunicação, nas empresas, libertam seus integrantes de todo tipo de vigilância interna e externa.
C
A análise de Foucault sobre a vigilância nas instituições modernas demonstra estratégias de controle embasadas na disciplina dos seus membros.
D
Para Foucault, os princípios disciplinares próprios das prisões modernas são exemplares e devem ser aplicados nas escolas e nos ambientes hospitalares.
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UECE 2019 - Sociologia - Socialização secundária: educação, O processo de socialização

No Brasil atual, o chamado “Movimento Escola Sem Partido” procura erradicar, por meio de mecanismos legais (projetos de lei), temáticas referentes ao conceito de “gênero” aplicadas ao ensino de crianças e jovens. Esse movimento se pauta por valores religiosos, tradicionais e de fundo patriarcal na defesa das relações heterossexuais, entendidas como sagradas e as únicas moralmente corretas. Diferentemente, as Ciências Sociais demonstram como o “gênero” é constituído por aspectos socioculturais, históricos e psicológicos diversos. Em termos simples, “ser homem”, “ser mulher” ou “ser transgênero” depende da cultura e da subjetividade individual. Além disso, desde o início do século XXI, entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) têm aprovado resoluções diretivas para que se considere a “identidade de gênero” e a “orientação sexual” como parte dos Direitos Humanos (REIS e EGGERT, 2017).

REIS, T. e EGGERT, E., Ideologia de Gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros, Educação e Sociedade, vol. 38, nº 138, janeiro-março 2017.

Tomando como referência o entendimento acima, é correto concluir que

A
o Movimento Escola Sem Partido defende a “ideologia de gênero” e orienta que os gêneros masculino e feminino são uma construção sociocultural.
B
grupos feministas e os LGBTI concordam com o “Escola Sem Partido” quanto à valorização da autonomia das pessoas sobre seus corpos e sua sexualidade.
C
as diretrizes institucionais a favor da promoção da diversidade sexual atendem princípios próprios da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
D
o Movimento Escola Sem Partido é fruto de um discurso religioso favorável ao entendimento do termo “gênero” como conceito próprio da cultura.
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UECE 2019 - Sociologia - Relação entre Indivíduo e Sociedade

A Sociologia conceitua “juventude” como uma “categoria social” que não possui definições fixas ou referenciais estáveis, pois qualquer definição está estreitamente ligada por condições psicológicas, históricas e socioculturais tais como condição de classe social, condição de gênero, orientação sexual, pertencimento a grupos étnicos, entre outras condicionalidades a que os jovens possam estar atrelados. Contudo, nenhuma de tais condições, de modo isolado, é o bastante para definir este conceito satisfatoriamente. Para complementar, a Sociologia compreende que a juventude é uma concepção fabricada pelos próprios indivíduos, tidos como jovens, para significar uma série de comportamentos e atitudes a ela atribuídos (GROPPO, 2000).

GROPPO, L. A. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000.

No que concerne ao conceito de “juventude”, assinale a opção que corresponde a uma proposição sociologicamente correta.

A
A Sociologia, de modo geral, toma o conceito de juventude como um dado biológico, ou seja, como algo natural a todos os seres humanos.
B
A definição de juventude está fundada unicamente na condição de classe social a que um indivíduo dessa faixa etária pertence e no seu grupo étnico.
C
A juventude é determinada pelo período de vida entre a infância e a vida adulta, e passa por transformações dinâmicas da fisiologia do organismo.
D
As concepções sociológicas sobre a categoria juventude podem ser concedidas pelos próprios grupos sociais chamados genericamente de jovens.
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UECE 2019 - Sociologia - Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero

O conceito de “gênero” nas Ciências Sociais é tratado não como uma característica natural biológica inerente a todos os seres humanos, mas como algo que se constrói em meio a processos psicológicos, socioculturais e históricos. Parte dos cientistas sociais demonstram que o conceito de “gênero” é cultural e pode ser diferenciado do conceito biológico de “sexo” (macho/fêmea), pois este último seria definido a partir dos diferentes caracteres genéticos e anatômicos do corpo humano. O “gênero” diferente do “sexo” seria, assim, uma categoria sociocultural e não natural já que depende de cada cultura a definição dos comportamentos e maneiras de ser que diferenciam o “masculino” do “feminino”. Contudo, Giddens e Sutton (2016) apontam que para alguns cientistas sociais tanto o “gênero” como o “sexo” são concepções construídas socialmente e culturalmente, uma vez que o corpo está sujeito a intervenções que o influenciam e o alteram.

GIDDENS, Anthony e SUTTON, Philip W. Conceitos essenciais da Sociologia. 1ª ed. São Paulo: Editora Unesp, 2016.

Considerando essa compreensão das Ciências Sociais sobre os conceitos de “gênero” e de “sexo”, assinale a afirmação verdadeira.

A
Para as Ciências Sociais, a forma como a cultura e as questões psicológicas agem em cada pessoa formam e informam a identidade de gênero do indivíduo.
B
Para todos os cientistas sociais, os conceitos de “gênero” e de “sexo” são distintos, pois o primeiro é definido por cada cultura e o segundo pela natureza.
C
Para as Ciências Sociais, as diferentes características anatômicas e fisiológicas entre os sexos formam o principal critério de definição de “gênero”.
D
Para todos os cientistas sociais, as cirurgias para mudança de sexo indicam que tanto os conceitos de “gênero” e de “sexo” são moldados pela cultura.
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UECE 2019 - Sociologia - Globalização, reestruturação produtiva e mudanças recentes do trabalho, Mundo do trabalho

Atente para o seguinte excerto a respeito das crises econômicas globalizadas dos últimos anos:
“Nessa segunda década do século XXI, [...], praticamente não se fala em globalização. Apesar da constatação de que, de fato, vivemos em um mundo globalizado, principalmente em função da rede mundial de comunicações comandada pela Internet, esse termo não aparece com frequência nos noticiários. Pelo contrário, desde 2008 a economia mundial entrou em mais uma crise, de grandes proporções – e, desde então, somente se fala sobre isso, ou seja, sobre a crise e seus efeitos, como por exemplo, a queda na produção industrial e o aumento do desemprego, principalmente nos países mais pobres.
De acordo com dados apurados pela instituição financeira Credit Suisse, em seu Informe sobre a Riqueza Global, 1% da população mundial (ou seja, os habitantes que têm bens patrimoniais avaliados em cerca de 760,000 dólares), possuem tanto dinheiro quanto os demais 99% do planeta. Essa diferença enorme só faz aumentar desde 2008, a ponto de a Credit Suisse concluir que, se a crise for interrompida, os ricos sairão dela mais ricos, ‘tanto em termos absolutos como relativos, e os pobres, relativamente mais pobres’”.

OLIVEIRA, L. F. de e COSTA, R. C. R. Sociologia para Jovens do Século XXI. 4ª ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2016. Adaptado.

Partindo desse entendimento de Oliveira e Costa, no que diz respeito às crises econômicas globalizadas dos últimos anos, é correto dizer que

A
com a rede mundial de computadores, a globalização deu lugar a uma economia que é centralizada e se encontra em crises constantes.
B
as crises econômicas globais e suas consequências socioeconômicas tomaram conta das discussões mundiais e pouco se pensa hoje a globalização.
C
a globalização deste início de século é caracterizada pela industrialização dos países pobres e pelo aumento dos empregos nesses países.
D
as crises da economia mundial produzem menos riqueza concentrada e menos pobreza pelos países da periferia capitalista.
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UECE 2019 - Sociologia - Relação entre Indivíduo e Sociedade

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua obra sobre a fragilidade dos vínculos humanos nas sociedades contemporâneas, usa expressões como “modernidade líquida” e “amor líquido”. Nessa perspectiva, estaríamos vivendo um momento sociocultural e histórico de maior individualização, onde as pessoas buscam mais liberdade individual e estão menos desejosas de procurar a segurança proporcionada pelos vínculos familiares, dos grupos comunitários, das classes sociais, dos relacionamentos amorosos duradouros. A necessidade de pertencimento a grupos religiosos e o cultivo das tradições, como o casamento monogâmico, por exemplo, estariam se liquefazendo diante da imperiosa vontade desse novo indivíduo sem vínculos sólidos e orientado pela fluidez constante das instituições e relações humanas.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. ______. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

Partindo da perspectiva de Bauman sobre a “modernidade líquida” e o “amor líquido, é correto afirmar que

A
modernidade líquida aponta para a descrição e explicação das sociedades que estão fundadas no fortalecimento de instituições como a família e a classe.
B
vínculos sociais fixados por comunidades religiosas produzem um indivíduo adepto de relacionamentos abertos e sem compromissos longos.
C
amor líquido é uma metáfora que retrata relacionamentos afetivo-sexuais embasados no descompromisso de vínculos fixos entre parceiros.
D
relações líquidas constituem novos comportamentos sociais voltados para a interdependência das pessoas envolvidas em lutas comunitárias.
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UECE 2019 - Sociologia - Karl Marx e as Classes Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Atente para o seguinte trecho, que apresenta o pensamento de Karl Marx sobre a realidade:

     “O concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações, unidade do diverso. Por isso o concreto aparece no pensamento como resultado, não como ponto de partida efetivo. Por isso é que Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que se sintetiza a si e se move por si mesmo. Mas este não é de modo nenhum o processo da gênese do próprio concreto”.

MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos. Os Pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1978. Adaptado.

Sobre a forma como Karl Marx entendia o seu método de análise da realidade, é correto afirmar que  

A
contra o pensamento burguês, Marx propunha uma análise que chamava de ideal-propositiva, que se opunha ao idealismo puro, cuja visão de realidade era excessivamente idealizada.
B
tal método era denominado de materialismo histórico e se propunha a fazer uma análise da realidade concreta que, em si, era contraditória; as contradições eram da realidade e não do pensamento.
C
seu método estava em concordância com o que defendiam os jovens hegelianos, sobretudo com o materialismo de Ludwig Feuerbach, a quem dedicou um livro de análise.
D
seguia os passos de seu maior influenciador, Friedrich Hegel, aderindo ao pensamento dialético, cuja forma de abordagem da realidade era processual e se expressava na contradição das ideias.
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UECE 2013 - Sociologia - Karl Marx e as Classes Sociais, Relação entre Indivíduo e Sociedade

Em 1848, Karl Marx e Fredrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. No que concernem aos princípios propostos por Marx e Engels no manifesto, analise os seguintes itens:

I. O fim do domínio da burguesia e a ditadura do proletariado.

II. Sociedade sem divisão de classes sociais, onde todo poder é dado aos trabalhadores.

III. Aliança entre proletários, camponeses e burgueses.

Os princípios propugnados por Marx e Engels no manifesto estão contidos nos itens

A
I e II apenas.
B
I e III apenas.
C
II e III apenas.
D
I, II e III.
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UECE 2019 - Sociologia - Desigualdade social no Brasil

No Brasil, “a realidade do mundo do trabalho revela que os homens, de modo geral, continuam ganhando mais do que as mulheres (R$1.831 contra R$1.288, em 2014). Os homens brancos representam o topo da pirâmide social e econômica do país com rendimento médio de R$2.393. Eles também ocupam os lugares de maiores prestígios no trabalho formal e assalariado, bem como na política. Na outra ponta, encontram-se as mulheres negras, que seguem representando a base da pirâmide de rendimentos econômicos (R$946 reais, em 2014), além de serem fortemente atingidas pelo desemprego e frequentemente alocadas nos trabalhos precários do país (Ipea, 2016)”.
Fonte: http://www.onumulheres.org.br/wpcontent/uploads/2016/04/proequidade_para-site.pdf, p.20)

Conforme os dados apresentados pelo texto, é correto afirmar que

A
as desigualdades salariais e sociais no Brasil não se explicam apenas pelas diferenças de classes sociais, mas, também, pela combinação das relações de poder, de gênero e de raça.
B
para resolver as desigualdades salariais no Brasil, bastam políticas de aumento dos salários independentemente de políticas contra as desigualdades raciais e de gênero.
C
as diferenças salariais entre brancos e negros e entre homens e mulheres, no Brasil, se explicam pelas diferenças de estudos e capacidades profissionais dessas pessoas.
D
o trabalho masculino, por ser desenvolvido a partir de qualidades superiores às do trabalho feminino, é relativamente mais valorizado em função de sua vocação para o trabalho não doméstico.