Questão 13ae61a7-fd
Prova:UECE 2019
Disciplina:Sociologia
Assunto:Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero

Não restam dúvidas de que a violência é marca central da formação do povo brasileiro e da constituição do Brasil nação, se revelando, primeiramente, mediante o genocídio e o etnocídio indígena e, posteriormente, com a escravidão. [...] Entretanto, cabe destacarmos que a lógica de extermínio e saque não ficou no passado colonial.

BARROSO, M. F. “O começo do fim do mundo”: violência estrutural contra mulheres no contexto da hidrelétrica de Belo Monte. Tese de doutorado, UERJ, 2018, p. 36 e 37.

Considerando o texto acima, assinale a afirmação verdadeira.

A
Atualmente, tanto as populações indígenas quanto as de afrodescendentes brasileiros e as populações pobres encontram-se plenamente integradas à sociedade brasileira.
B
Por ser exclusivamente decorrente dos conflitos interpessoais, a violência na atualidade brasileira não tem nenhuma relação com o Estado.
C
No Brasil, as relações sociais de natureza violenta configuram um fenômeno contemporâneo visivelmente identificado com o surgimento da globalização atual.
D
Desde a sua colonização, a formação da sociedade brasileira se estruturou sob relações violentas que ainda permanecem nas atuais relações sociais no Brasil.

Gabarito comentado

S
Sofia LopezMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: a questão trata da violência estrutural na formação social do Brasil — ideia de que relações de poder e exploração surgidas na colonização (genocídio indígena, escravidão) continuam a moldar desigualdades e práticas violentas atuais.

Resumo teórico: violência estrutural não é apenas agressão física pontual; é um padrão histórico e institucional que produz exclusão e mortes evitáveis. Autores e estudos clássicos sobre desigualdade no Brasil (ex.: Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro) e pesquisas contemporâneas (p.ex., Barroso, 2018; dados do IBGE sobre desigualdade) mostram continuidade entre passado colonial e padrões contemporâneos de exclusão.

Por que a alternativa D é correta: ela afirma que “desde a colonização... a sociedade brasileira se estruturou sob relações violentas que ainda permanecem”. Isso corresponde exatamente ao argumento do texto de apoio: a lógica de extermínio e saque não ficou no passado colonial. Ou seja, há continuidade histórica da violência estrutural — correspondência direta com o enunciado.

Análise das alternativas incorretas:

A — Afirma integração plena de indígenas, afrodescendentes e pobres. Contradiz o próprio enunciado e vastas evidências: essas populações ainda enfrentam desigualdade e violência estrutural (territorial, econômica, racial).

B — Diz que a violência atual é exclusivamente interpessoal e sem relação com o Estado. Incorreto: muitas formas de violência têm caráter institucional (políticas públicas, apropriação de terras, impunidade) e ligação com o Estado e estruturas econômicas.

C — Atribui a violência ao surgimento contemporâneo da globalização. Embora globalização influencie dinâmicas, o texto indica continuidade histórica anterior à globalização; reduzir o fenômeno a essa causa contemporânea é um erro de periodização.

Dicas de prova: procure marcadores temporais (desde, atualmente), cuidado com termos absolutos (ex.: “exclusivamente”, “plenamente”) e relacione a alternativa ao argumento central do texto — continuidade histórica vs. novidade.

Referências úteis: BARROSO, M. F. (2018, tese); estudos clássicos sobre desigualdade no Brasil (Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro); IBGE — análises de desigualdade e raça.

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