Questõessobre Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia
“arte são certas manifestações da atividade humana
diante das quais nosso sentimento é admirativo” (3°
parágrafo)
Os dois segmentos sublinhados podem ser substituídos, com
correção gramatical, por:
“um estabelecimento exclusivamente dedicado à produção
por meio de maquinário pesado, concentrando massas de
operários em turnos de trabalhos previamente estabelecidos”
(1°
parágrafo)
O termo sublinhado, no contexto em que está inserido, indica
que se trata de
A compreensão dessa peça da publicidade nacional
exige atenção para:
1) o caráter homonímico de algumas palavras.
2) o peso do contexto na interpretação das palavras.
3) a polissemia e a possibilidade de ambiguidade de
certas expressões.
Estão corretas:
Leia o trecho a seguir.
UMA VÍRGULA MUDA TUDO.
ABI. 100 ANOS LUTANDO PARA
QUE NINGUÉM MUDE NEM UMA
VÍRGULA DA SUA INFORMAÇÃO.
Com base nesse trecho, considere as afirmativas a seguir.
I. A segunda palavra vírgula possui duplo sentido.
II. Em “nem uma vírgula”, pode-se depreender que se trata de alterações eventualmente realizadas pela
imprensa no conteúdo das informações.
III. Transparece a preocupação da ABI quanto aos erros gramaticais cada vez mais frequentes em textos
jornalísticos.
IV. O pronome possessivo “sua” está se referindo à ABI.
Assinale a alternativa correta.
Em “Cuidais que só os tapuias se comem uns aos outros,
muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os
brancos.” (1º parágrafo), os termos em destaque foram empregados, respectivamente, em sentido
O efeito cômico produzido pela leitura do requerimento decorre, principalmente, do seguinte fenômeno ou procedimento linguístico:
Assinale a alternativa que contém substituições adequadas para as expressões de longe (l. 19),
dinamismo (l. 27), a evolução (l. 41), considerando o sentido dessas expressões no texto.
Considere as seguintes propostas de alteração
da ordem de elementos adverbiais do texto.
I - Deslocamento de ,em geral, (l. 04) para
imediatamente antes de razoavelmente
(l. 02).
II - Deslocamento de ,muitas vezes, (l. 14)
para imediatamente antes de chega (l. 14).
III- Deslocamento de inclusive (l. 27),
precedido de vírgula, para imediatamente
depois de características (l. 29).
Quais propostas estão corretas e preservam o
sentido do texto?
Segundo o texto, a sociedade concebe a
variação e a mudança linguística como
negativas.
Assinale a alternativa que contém palavras ou
expressões que ilustram essa concepção.
Considere as seguintes afirmações sobre
propostas de alteração de frases do texto.
I - Se não entende (l. 03) fosse substituído
por desconfia, seria necessário substituir
o que (l. 02) por que.
II - Se está (l. 04) fosse substituído por ele
não localiza, nenhuma outra alteração
seria necessária à frase.
III- Se se agarra (l. 16) fosse substituído por
ele se protege, seria necessário
substituir à qual (l. 16) por com a qual.
Sem considerar alterações de sentido, quais
afirmações mantêm a correção da frase?
Assinale a alternativa em que a substituição
proposta acarretaria mudança significativa de
sentido no texto, considerando o contexto em
que cada palavra é empregada.
Considere, em seu contexto, o trecho abaixo
extraído do texto.
Essa diferença fundamental, que torna a leitura dos
livros mais profunda e duradoura, faz com que ele
preveja a sobrevivência do formato impresso, apesar
da disseminação dos meios eletrônicos. (2° parágrafo)
Assinale a alternativa cuja sequência substitui adequadamente os termos sublinhados, sem prejuízo
de significado no texto e sem ferir a norma culta da
língua escrita.
Roger Chartier, o especialista em história da leitura
A história da cultura e dos livros tem uma longa tradição, mas só há pouco tempo ela ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como práticas sociais. Um dos responsáveis por isso é o francês Roger Chartier. “Ele fez uma revolução ao demonstrar que é possível estudar a humanidade pela evolução do escrito”, diz Mary Del Priore, sócia honorária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. “Se a história cultural sempre foi baseada em dados estatísticos ou sociológicos, Chartier a direcionou para as significações sociais dos textos.” O historiador “escolheu concentrar-se nos estudos das práticas culturais, sem postular a existência de uma ‘cultura’ geral”, diz Mary Del Priore.
O pesquisador francês costuma combater a ideia do material escrito como um objeto fixo, impossível de ser modificado e alterado pelas pessoas que o utilizam e interagem com ele. As novas tecnologias lhe dão razão – a leitura na internet costuma ser descontínua e fragmentária, e o leitor raramente percebe o sentido do todo e da contiguidade, que, por exemplo, o simples manuseio de um jornal já gera. Essa diferença fundamental, que torna a leitura dos livros mais profunda e duradoura, faz com que ele preveja a sobrevivência do formato impresso, apesar da disseminação dos meios eletrônicos. “O trabalho que fazemos como historiadores do livro é mostrar que o sentido de um texto depende também da forma material como ele se apresentou a seus leitores originais e por seu autor”, diz Chartier. “Por meio dela, podemos compreender como e por que foi editado, a maneira como foi manuseado, lido e interpretado por aqueles de seu tempo.” O suporte, portanto, influencia o sentido do texto construído pelo leitor.
Ele gosta de enfatizar duas outras mudanças importantes nos padrões predominantes de leitura. A primeira: feita em voz alta à frente de plateias, foi para a silenciosa na Idade Média. A segunda: da leitura intensiva para a extensiva, no século XVIII – quando os hábitos de retorno sistemático às mesmas e poucas obras escolhidas como essenciais foram substituídos por uma relação mais informativa e ampla com o material escrito.
FERRARI, M. Roger Chartier, o especialista em história da leitura.
[Adaptado] Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2529/roger-chatier-o-especialista-em-historia-da-leitura
Acesso em: 09/12/2017.
Considere, em seu contexto, o trecho abaixo, extraído do texto:
No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante
mudança em função do meio em que vive, assim
como a natureza está em constante mudança em
função das vontades humanas. (4° parágrafo)
Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:
1. O pronome pessoal “ele” funciona como
objeto direto do verbo defender.
2. A expressão “No entanto” funciona como
conector contrastivo, redirecionando a
argumentação.
3. O vocábulo “porque” funciona como conector consecutivo, estabelecendo uma relação
semântica de consequência em relação ao
conteúdo precedente.
4. A expressão “em que” tem valor locativo,
podendo ser substituída por “onde”, sem ferir
a norma culta da língua escrita.
5. A expressão “assim como” tem valor comparativo e pode ser substituída por “tanto quanto”,
sem prejuízo de significado.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Considere, em seu contexto, os trechos abaixo
extraídos do texto:
1. A história da cultura e dos livros tem uma
longa tradição, mas só há pouco tempo ela
ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como
práticas sociais. (1° parágrafo)
2. “Por meio dela, podemos compreender como
e por que foi editado, a maneira como foi
manuseado, lido e interpretado por aqueles
de seu tempo.” (2° parágrafo)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as
falsas ( F ) com base nos trechos considerados.
( ) Em 1, os pronomes “ela” e “seu” são correferenciais e retomam “A história da cultura e dos
livros”.
( ) Em 1, infere-se que a história da cultura e dos
livros, até algum tempo atrás, não considerava
as práticas sociais.
( ) Em 2, o pronome combinado com preposição
“dela” faz referência a “trajetória da leitura e da
escrita”.
( ) Em 2, o conector “por que” introduz uma
explicação.
( ) Em 1 e 2, o verbo “compreender” pode ser
substituído por “entender”, sem prejuízo
de significado no texto em nenhuma das
ocorrências.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.
Roger Chartier, o especialista em história da leitura
A história da cultura e dos livros tem uma longa tradição, mas só há pouco tempo ela ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como práticas sociais. Um dos responsáveis por isso é o francês Roger Chartier. “Ele fez uma revolução ao demonstrar que é possível estudar a humanidade pela evolução do escrito”, diz Mary Del Priore, sócia honorária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. “Se a história cultural sempre foi baseada em dados estatísticos ou sociológicos, Chartier a direcionou para as significações sociais dos textos.” O historiador “escolheu concentrar-se nos estudos das práticas culturais, sem postular a existência de uma ‘cultura’ geral”, diz Mary Del Priore.
O pesquisador francês costuma combater a ideia do material escrito como um objeto fixo, impossível de ser modificado e alterado pelas pessoas que o utilizam e interagem com ele. As novas tecnologias lhe dão razão – a leitura na internet costuma ser descontínua e fragmentária, e o leitor raramente percebe o sentido do todo e da contiguidade, que, por exemplo, o simples manuseio de um jornal já gera. Essa diferença fundamental, que torna a leitura dos livros mais profunda e duradoura, faz com que ele preveja a sobrevivência do formato impresso, apesar da disseminação dos meios eletrônicos. “O trabalho que fazemos como historiadores do livro é mostrar que o sentido de um texto depende também da forma material como ele se apresentou a seus leitores originais e por seu autor”, diz Chartier. “Por meio dela, podemos compreender como e por que foi editado, a maneira como foi manuseado, lido e interpretado por aqueles de seu tempo.” O suporte, portanto, influencia o sentido do texto construído pelo leitor.
Ele gosta de enfatizar duas outras mudanças importantes nos padrões predominantes de leitura. A primeira: feita em voz alta à frente de plateias, foi para a silenciosa na Idade Média. A segunda: da leitura intensiva para a extensiva, no século XVIII – quando os hábitos de retorno sistemático às mesmas e poucas obras escolhidas como essenciais foram substituídos por uma relação mais informativa e ampla com o material escrito.
FERRARI, M. Roger Chartier, o especialista em história da leitura.
[Adaptado] Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2529/roger-chatier-o-especialista-em-historia-da-leitura
Acesso em: 09/12/2017.
Assinale a opção que apresenta a frase que se mostra totalmente
coerente em termos lógicos.
Assinale a opção que apresenta a frase que produz humor em
função da ambiguidade.
“Alguns pacientes, apesar de cônscios de que seu estado é
perigoso, recuperam a saúde através de sua satisfação com a
bondade do médico”.
(Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.) médico grego,
considerado o pai da Medicina).
Assinale a opção em que, a substituição de um termo da frase por
outro, é inadequada.
Além disto, os subúrbios têm mais
aspectos interessantes, sem falar no namoro epidêmico e no espiritismo endêmico...
Sem prejuízo das ideias do texto, as palavras destacadas poderiam ser
substituídas, respectivamente, por:
Além disto, os subúrbios têm mais aspectos interessantes, sem falar no namoro epidêmico e no espiritismo endêmico... Sem prejuízo das ideias do texto, as palavras destacadas poderiam ser substituídas, respectivamente, por:
ESPINHOS E FLORES
Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa cousa em matéria de edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente montuosa, influiu decerto para tal aspecto, mais influíram, porém, os azares das construções. Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiam como se fossem semeadas ao vento e, conforme as casas, as ruas se fizeram. Há algumas delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem vielas; dão voltas, circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com um ódio tenaz e sagrado. Às vezes se sucedem na mesma direção com uma frequência irritante, outras se afastam, e deixam de permeio um longo intervalo coeso e fechado de casas. Num trecho, há casas amontoadas umas sobre outras numa angústia de espaço desoladora, logo adiante um vasto campo abre ao nosso olhar uma ampla perspectiva.
Marcham assim ao acaso as edificações e conseguintemente o arruamento. Há casas de todos os gostos e construídas de todas as formas. Vai-se por uma rua a ver um correr de chalets, de porta e janela, parede de frontal, humildes e acanhados, de repente se nos depara uma casa burguesa, dessas de compoteiras na cimalha rendilhada, a se erguer sobre um porão alto com mezaninos gradeados. Passada essa surpresa, olha-se acolá e dá-se com uma choupana de pau-a-pique, coberta de zinco ou mesmo palha, em torno da qual formiga uma população; adiante, é uma velha casa de roça, com varanda e colunas de estilo pouco classificável, que parece vexada a querer ocultar-se, diante daquela onda de edifícios disparatados e novos. Não há nos nossos subúrbios cousa alguma que nos lembre os famosos das grandes cidades européias, com as suas vilas de ar repousado e satisfeito, as suas estradas e ruas macadamizadas e cuidadas, nem mesmo se encontram aqueles jardins, cuidadinhos, aparadinhos, penteados, porque os nossos, se os há, são em geral pobres, feios e desleixados.
Os cuidados municipais também são variáveis e caprichosos. Às vezes, nas ruas, há passeios em certas partes e outras não; algumas vias de comunicação são calçadas e outras da mesma importância estão ainda em estado de natureza. Encontra-se aqui um pontilhão bem cuidado sobre um rio seco e passos além temos que atravessar um ribeirão sobre uma pinguela de trilhos mal juntos. Há pelas ruas damas elegantes, com sedas e brocados, evitando a custo que a lama ou o pó lhes empane o brilho do vestido; há operário de tamancos; há peralvilhos à última moda; há mulheres de chita; e assim pela tarde, quando essa gente volta do trabalho ou do passeio, a mescla se faz numa mesma rua, num quarteirão, e quase sempre o mais bem posto não é que entra na melhor casa. Além disto, os subúrbios têm mais aspectos interessantes, sem falar no namoro epidêmico e no espiritismo endêmico; as casas de cômodos (quem as suporia lá!) constituem um deles bem inédito. Casas que mal dariam para uma pequena família, são divididas, subdivididas, e os minúsculos aposentos assim obtidos, alugados à população miserável da cidade. Aí, nesses caixotins humanos, é que se encontra a fauna menos observada da nossa vida, sobre a qual a miséria paira com um rigor londrino. Não se podem imaginar profissões mais tristes e mais inopinadas da gente que habita tais caixinhas. Além dos serventes de repartições, contínuos de escritórios, podemos deparar velhas fabricantes de rendas de bilros, compradores de garrafas vazias, castradores de gatos, cães e galos, mandingueiros, catadores de ervas medicinais, enfim, uma variedade de profissões miseráveis que as nossas pequena e grande burguesias não podem adivinhar. Às vezes, num cubículo desses se amontoa uma família, e há ocasiões em que os seus chefes vão a pé para a cidade por falta do níquel do trem. Ricardo Coração dos Outros morava em uma pobre casa de cômodos de um dos subúrbios. Não era das sórdidas, mas era uma casa de cômodos dos subúrbios. Desde anos que ele a habitava e gostava da casa que ficava trepada sobre uma colina, olhando da janela do seu quarto para uma ampla extensão edificada que ia da Piedade a Todos os Santos.
Vistos assim do alto, os subúrbios têm a sua graça. As casas pequeninas, pintadas de azul, de branco, de oca, engastadas nas comas verde-negras das mangueiras, tendo de permeio, aqui e ali, um coqueiro ou uma palmeira, alta e soberba, fazem a vista boa e a falta de percepção do desenho das ruas põe no programa um sabor de confusão democrática, de solidariedade perfeita entre as gentes que as habitavam; e o trem minúsculo, rápido, atravessa tudo aquilo, dobrando à esquerda, inclinando-se para a direita, muito flexível nas suas grandes vértebras de carros, como uma cobra entre pedrouços. Era daquela janela que Ricardo espraiava as suas alegrias, as suas satisfações, os seus triunfos e também os seus sofrimentos e mágoas. Ainda agora estava ele lá, debruçado no peitoril, com a mão em concha no queixo, colhendo com a vista uma grande parte daquela bela, grande e original cidade, capital de um grande país, de que ele a modos que era e se sentia ser, a alma, consubstanciado os seus tênues sonhos e desejos em versos discutíveis, mas que a plangência do violão, se não lhes dava sentido, dava um quê de balbucio, de queixume dorido da pátria criança ainda, ainda na sua formação... Em que pensava ele? Não pensava só, sofria também. Aquele tal preto continuava na sua mania de querer fazer a modinha dizer alguma cousa, e tinha adeptos. Alguns já o citavam como rival dele, Ricardo; outros já afirmavam que o tal rapaz deixava longe o Coração dos Outros, e alguns mais – ingratos! – já esqueciam os trabalhos, o tenaz trabalhar de Ricardo Coração dos Outros em prol do levantamento da modinha e do violão, e nem nomeavam o abnegado obreiro.
(Triste Fim de Policarpo Quaresma, pp.160-165)
No trecho: Esta casa do Engenho Novo, conquanto reproduza a de Mata-cavalos, apenas
me lembra aquela..., o termo em destaque
pode ser substituído sem prejuízo semântico por:
Texto para a questão:
Leia:
(...) Esta casa do Engenho Novo, conquanto reproduza a de Mata-cavalos, apenas me lembra aquela, e mais por efeito de comparação e de reflexão que de sentimento. Já disse isto mesmo.
Hão de perguntar-me por que razão, tendo a própria casa velha, na mesma rua antiga, não impedi que a demolissem e vim reproduzi-la nesta. A pergunta devia ser feita a princípio, mas aqui vai a resposta. A razão é que, logo que minha mãe morreu, querendo ir para lá, fiz primeiro uma longa visita de inspeção por alguns dias, e toda a casa me desconheceu. No quintal a aroeira e a pitangueira, o poço, a caçamba velha e o lavadouro, nada sabia de mim. A casuarina era a mesma que eu deixara ao fundo, mas o tronco, em vez de reto, como outrora, tinha agora um ar de ponto de interrogação; naturalmente pasmava do intruso. (...)
Tudo me era estranho e adverso. Deixei que demolissem a casa, e, mais tarde, quando vim para o Engenho Novo, lembrou-me fazer esta reprodução por explicações que dei ao arquiteto, segundo contei em tempo.