“um estabelecimento exclusivamente dedicado à produção
por meio de maquinário pesado, concentrando massas de
operários em turnos de trabalhos previamente estabelecidos”
(1°
parágrafo)
O termo sublinhado, no contexto em que está inserido, indica
que se trata de
Considere o texto de Rodrigo Duarte para responder à questão.
Um dos aspectos mais óbvios de nossa realidade – amplamente difundido em todo o mundo contemporâneo – é a divisão do tempo de cada um numa parte dedicada ao trabalho e
noutra dedicada ao lazer. Mas essa realidade atual, por mais
evidente que seja para nós, não deveria nos levar à crença
enganosa de que terá sido sempre assim: a divisão entre tempo de trabalho e tempo livre – inexistente na Idade Média e no
período que a sucedeu imediatamente – se consolidou apenas
com o amadurecimento do modo de produção capitalista, isto
é, após a chamada Revolução Industrial, que eliminou o trabalho produtivo realizado nas próprias casas dos trabalhadores
(quase sempre com o auxílio de suas famílias), limitando as
atividades à grande indústria: um estabelecimento exclusivamente dedicado à produção por meio de maquinário pesado,
concentrando massas de operários em turnos de trabalhos
previamente estabelecidos. Na Idade Média, por um lado, a aristocracia, mesmo não
tendo necessidade de se dedicar a qualquer trabalho produtivo, reservava para si atividades que, não obstante seu
caráter socialmente obrigatório, eram também consideradas
prazerosas. Os bailes e jantares, as festas e os concertos, as
caçadas e a frequência às óperas eram parte integrante da
vida cortesã e nobre. Por outro lado, o horizonte vital das classes servis – e
possivelmente também da burguesia em sua fase inicial – era
dado pelo trabalho de sol a sol, com pouquíssimo tempo que
extrapolasse a produção material. Esse exíguo período antes do sono preparador para a próxima jornada de trabalho,
embora não deva ser entendido como tempo de lazer no sentido moderno do termo, provavelmente constituía o momento
coletivo de se cantar e narrar, tempo que servia, ao mesmo
tempo, como pretexto e elemento aglutinador para a comida
e a bebida em comum.
(Indústria cultural: uma introdução, 2010.)
Gabarito comentado
Comentário da questão – Interpretação de Texto e Semântica do Advérbio
O tema principal aqui é a interpretação de texto com foco na semântica, ou seja, no sentido exato das palavras. A chave para resolver a questão é compreender o valor semântico do advérbio “exclusivamente”, que ocorre como modificador do adjetivo “dedicado”.
De acordo com a norma-padrão e as principais gramáticas (Bechara, Cunha & Cintra), “exclusivamente” significa só, apenas, de modo exclusivo. O advérbio destaca que a única função do estabelecimento citado é a produção, sem dividir espaço ou intuito com outros objetivos.
Justificativa da alternativa correta (E):
“Um estabelecimento voltado para uma única finalidade” traduz perfeitamente “exclusivamente dedicado”. Ou seja, sua única finalidade é a produção por meio de máquinas pesadas. Observe que essa leitura não admite outras funções secundárias ou paralelas. Trata-se de um sentido restritivo ao máximo.
Análise das alternativas incorretas:
A) “Preparado para exercer sua função” – Falha pois trata da preparação/qualificação, não da exclusividade da finalidade.
B) “Com rígidas regras de conduta” – Não há no advérbio qualquer menção a conduta, disciplina ou normas internas; o foco é só na finalidade única.
C) “Autorizado e regulamentado por lei” – Trata do aspecto legal, que não foi abordado pelo termo “exclusivamente”.
D) “Isolado de seu exterior” – Refere-se a isolamento, mas o advérbio não sugere isso, e sim que toda energia do estabelecimento é destinada unicamente à produção.
Estratégia para provas futuras:
Em questões semelhantes, destaque advérbios de exclusão (apenas, só, exclusivamente). Eles limitam o sentido do termo que modificam, impedindo interpretações amplas ou genéricas.
Para consultar: Bechara, Cunha & Cintra, Rocha Lima.
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