Questão 20a33e3c-fe
Prova:ABEPRO 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Uso dos conectivos, Termos integrantes da oração: Objeto direto, Objeto indireto, Complemento nominal, Agente da Passiva, Pronomes relativos, Pronomes pessoais retos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Coesão e coerência, Sintaxe, Morfologia - Pronomes

Considere, em seu contexto, o trecho abaixo, extraído do texto:

No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. (4°  parágrafo)

Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:

1. O pronome pessoal “ele” funciona como objeto direto do verbo defender.
2. A expressão “No entanto” funciona como conector contrastivo, redirecionando a argumentação.
3. O vocábulo “porque” funciona como conector consecutivo, estabelecendo uma relação semântica de consequência em relação ao conteúdo precedente.
4. A expressão “em que” tem valor locativo, podendo ser substituída por “onde”, sem ferir a norma culta da língua escrita.
5. A expressão “assim como” tem valor comparativo e pode ser substituída por “tanto quanto”, sem prejuízo de significado.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Sociologia Ambiental


O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.


Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:


O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.


Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.


RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.

72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]

A
São corretas apenas as afirmativas 2 e 5.
B
São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
C
São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
D
São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5.
E
São corretas apenas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Gabarito comentado

J
João Costa Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda interpretação de texto e análise gramatical, exigindo conhecimento sobre funções sintáticas do pronome, uso e valor semântico de conectivos, pronomes relativos e equivalências semânticas.

Justificativa da alternativa correta (D):

2. “No entanto”Conector contrastivo. Conforme a gramática normativa (Cunha & Cintra), essa expressão marca oposição/adversidade, redirecionando a argumentação.

4. “Em que”Valor locativo. Segundo Bechara, o pronome relativo “onde” pode substituir “em que” em contextos de lugar, como em “o meio em que vive” = “o meio onde vive”, sem violar a norma culta.

5. “Assim como”Valor comparativo. Segundo a gramática normativa (Rocha Lima), “assim como” pode ser substituído por “tanto quanto” para criar comparação sem prejuízo de sentido.

Análise das afirmativas incorretas:

1. “Ele” como objeto diretoErrado: O pronome “ele” é sujeito de “defende”. O objeto direto está na oração subordinada (“que na realidade essa separação não existe”). Pronomes pessoais retos (ele, ela, nós) são sujeitos, conforme Bechara.

3. “Porque” como consecutivoErrado: “Porque” é causal, indicando motivo e não consequência. Exemplo: “Ele saiu porque estava cansado” (= motivo da saída), segundo Cunha & Cintra. Conectivos consecutivos seriam “de modo que”, “por isso”, etc.

Dicas para provas:

Fique atento à função sintática dos pronomes e ao sentido exato dos conectivos. Perguntas de vestibular gostam de testar confusão entre causa e consequência, sujeito e objeto, e equivalências semânticas. Use as gramáticas de referência (Bechara, Cunha & Cintra, Rocha Lima) para revisar pontos polêmicos, como pronomes relativos e conectivos!

Resumo: As opções 2, 4 e 5 estão corretas – Alternativa D.

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