Questõessobre Regência

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Foram encontradas 179 questões
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UESPI 2010 - Português - Regência, Sintaxe

O sentido coerente de um texto depende muito também da regência entre verbos e complementos. Observe, por exemplo, este trecho: “Basta pensarmos no modo pelo qual a escrita é concebida como uma atividade cuja realização demanda a ativação de conhecimentos”. Analise outros trechos e identifique aquele em que se preservou a coerência do sentido e a correção gramatical.

1) Basta pensarmos no modo pelo qual a escrita é preferida como uma atividade cujas realizações demandam a ativação de conhecimentos.
2) Basta pensarmos no acesso à escrita como uma atividade de cujos ensinamentos todos nós dependemos.
3) Basta pensarmos na escrita como atividade contrária às realizações estáticas, cujos os sujeitos não são autônomos.
4) Basta fazermos uma analogia entre a escrita e a fala, as cujas regras em muito coincidem.
5) Basta pensarmos na escrita a que estamos expostos e a cujo acesso nem todos chegam facilmente.

Estão corretas:

TEXTO 1 

O que é escrita?

Se houve um tempo em que era comum a existência de comunidades ágrafas, se houve um tempo em que a escrita era de difícil acesso ou uma atividade destinada a poucos privilegiados, na atualidade, a escrita faz parte da nossa vida cotidiana, seja porque somos constantemente solicitados a produzir textos escritos (bilhete, e-mail, listas de compras etc.), seja porque somos solicitados a ler textos escritos em diversas situações do dia a dia (placas, letreiros, anúncios, embalagens, e-mail, etc., etc.).


Alguém afirmou que “hoje a escrita não é mais domínio exclusivo dos escrivães e dos eruditos. [...] A prática da escrita, de fato, se generalizou: além dos trabalhos escolares ou eruditos, é utilizada para o trabalho, a comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica”.


Que a escrita é onipresente em nossa vida já o sabemos. Mas, afinal, “o que é escrita?” Responder a essa questão é uma tarefa difícil porque a atividade de escrita envolve aspectos de natureza variada (linguística, cognitiva, pragmática, sócio-histórica e cultural).


Como é de nosso conhecimento, há muitos estudos sobre a escrita, sob diversas perspectivas, que nos propiciam diferentes modos de responder a questão em foco. Basta pensarmos, por exemplo, nas investigações existentes, segundo as quais a escrita ao longo do tempo foi e vem-se constituindo como um produto sócio-histórico-cultural, em diferentes suportes (livros, jornais, revistas) e demandando diferentes modos de leitura. Basta pensarmos no modo pelo qual ocorre o processo de aquisição da escrita. Basta pensarmos no modo pelo qual a escrita é concebida como uma atividade cuja realização demanda a ativação de conhecimento e o uso de várias estratégias no curso mesmo da produção do texto.


Apesar da complexidade que envolve a questão não é raro, quer em sala de aula, quer em outras situações do dia a dia, nos depararmos com definições de escrita, tais como: “escrita é inspiração”; “escrita é uma atividade para alguns poucos privilegiados (aqueles que nascem com esse dom e se transformam em escritores renomados)”; “escrita é expressão do pensamento” no papel ou em outro suporte; “escrita é domínio de regras da língua”; “escrita é trabalho” que requer a utilização de diversas estratégias da parte do produtor.


Essa pluralidade de resposta nos faz pensar que o modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado do modo pelo qual entendemos a linguagem, o texto e o sujeito que escreve. Em outras palavras, subjaz uma concepção de linguagem, de texto e de sujeito escritor ao modo pelo qual entendemos, praticamos e ensinamos a escrita, ainda que não tenhamos consciência disso.


(Ingedore Villaça Koch. Vanda Maria Elias. Ler e escrever:estratégias de produção textual. São Paulo: Editora Contexto,2009. p. 31-32. Adaptado.)

A
1, 2 e 5 apenas
B
1, 2, 3, 4 e 5
C
2, 3 e 4 apenas
D
1, 4 e 5 apenas
E
2, 3 e 5 apenas
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Unimontes - MG 2018 - Português - Regência, Sintaxe, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia

Nesta questão, temos, por um lado, as conjunções ou locuções conjuntivas e, por outro, os galicismos. Sobre isso, explanemos:

1.º) Relativamente às conjunções e locuções conjuntivas, assim se constituem seus sentidos: estabelecem, por não terem “vida” própria, uma conexão entre construções frasais e, para produzir sentidos, medeiam essas frases, levando o teor do conteúdo enunciado a produzir um sentido em detrimento de outro(s).

2.º) Acerca dos galicismos, são palavras de origem francesa, utilizadas no português:
A tradição normativa [...] no Brasil (ver Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa) considera que as locuções conjuntivas «de forma a»/«de forma a que», [...] «de modo a», «de modo a que», «de maneira a»/«de maneira a que», «de sorte a»/«de sorte a que» são galicismos, pelo que são preferíveis as sequências sem a preposição a, isto é, «de forma que», [...] «de modo que», «de maneira que», «de sorte que».
Apesar disso, na atualidade, o uso está a impor as formas com a referida preposição, havendo, portanto, maior tolerância com «de maneira a», «de modo a », etc., com infinitivo. É o que se conclui das palavras de Maria Helena de Moura Neves (Guia de Uso do Português, São Paulo, Editora Unesp, 2003), a respeito do português do Brasil: «As lições normativas tradicionais condenam o uso da expressão de maneira a, mas ela é mais usual (52%), nos diversos registros. Muitos países, por exemplo, indexaram seus bens de capital, de MANEIRA a criar compensações em torno da inflação
Disponível em:<https://ciberduvidas.iscte-iul.pt>. Acesso em: 26 jun. 2018.

Partindo desses aspectos, por meio do trecho: “É nosso papel, enquanto na vanguarda social, trabalhar para inserir os jovens no espectro da política, de modo a que se transformem em protagonistas da contemporaneidade.” (linhas 38-39), pode-se afirmar que  

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir e responda a questão que a ele se referem ou que o tomam como ponto de partida.

Sem os jovens, futuro da política é sombrio

(Marcos da Costa, O Estadão)  


Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sem-os-jovens-futuro-da-politica-e-sombrio/>. Publicado em: 6 jun. 2018. Acesso em: 26 jun. 2018. 

A
“de modo que” substituiria precisamente a locução do trecho acima, pois o “a” – não especialmente por ser parte de um galicismo, mas por sua eliminação não afetar o sentido do texto – poderia ser descartado.
B
o “a”, embora seja parte de um galicismo, torna-se necessário por ser parte complementar da regência do verbo “transformar(-se)”, nesse trecho específico.
C
a substituição para “de modo a se transformarem em protagonistas da contemporaneidade” incorreria num mau emprego do “a”, que deve ser condenado no português, de acordo com Maria Helena de Moura Neves.
D
“ao modo de que”, considerando-se a 1.ª e a 2.ª explanações, também poderia ser uma expressão aceita, considerando-se a gramática normativa.
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UESPI 2011 - Português - Regência, Sintaxe

Analise como se fez a regência dos verbos no seguinte trecho: “a literatura acompanha a trajetória humana e, por meio de palavras, constroi mundos familiares – em que pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos”. Também estaria correta a regência dos verbos na alternativa:

A
A literatura acompanha à trajetória humana e, por meio de palavras, constrói mundos familiares – a que pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos.
B
A literatura acompanha a trajetória humana e, por meio de palavras, constrói aos mundos familiares – do qual pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos.
C
A literatura acompanha a trajetória humana e, por meio de palavras, constroi mundos familiares – aos quais pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos.
D
A literatura acompanha a trajetória humana e, por meio de palavras, constroi mundos familiares – nos quais pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos.
E
A literatura acompanha à trajetória humana e, por meio de palavras, constrói mundos familiares – aonde pessoas semelhantes a nós vivem problemas idênticos.
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UESPI 2011 - Português - Regência, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal

Observe o trecho: “[a literatura] constroi mundos familiares (...) e mundos fantásticos, povoados por seres imaginários, cuja existência é garantida somente por meio das palavras que lhes dão vida”. Em relação ao segmento sublinhado também seria correto dizer:

A
cuja a existência é assegurada.
B
a cuja existência é garantida.
C
cujo existência é mantida.
D
cujas existências são garantidas.
E
da qual existência é garantida.
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UFBA 2013 - Português - Regência, Sintaxe

"Todas estas palavras da baronesa lisonjeavam o sobrinho, em cujos lábios pairava agora um sorriso de íntima satisfação. De quando em quando não ouvia ele nada do que lhe dizia a tia; seus ouvidos voltavam-se para dentro; ele escutava-se a si próprio." (ASSIS, 2013, p. 31).


O uso da preposição diante do pronome relativo está de acordo com a regência do verbo, visto que o que se pode constatar na frase de Machado de Assis é que o em foi usado por causa do verbo pairar, que rege o seu complemento de forma indireta, precisando do auxílio da preposição.

Esse tipo de explicação e a respectiva exemplificação fazem parte do corpo teórico da gramática tradicional, cuja premissa básica, historicamente construída, é “a arte de falar e escrever corretamente”

C
Certo
E
Errado
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UENP 2018 - Português - Uso dos conectivos, Regência, Crase, Sintaxe

Em relação aos recursos linguístico-semânticos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.

I. Na oração “Os móveis para bonecas obedecem à arte vitoriana”, a presença da preposição a deve-se à exigência feita pelo verbo.

II. Em “O artesão expõe suas peças no Calçadão de Londrina, esquina com Hugo Cabral, de segunda a sexta”, não se emprega a crase porque o a é uma mera preposição.

III. Em “Dinheiro é maravilhoso, mas chega um período em que ele não é mais tão importante”, o conectivo “mas” estabelece uma relação de oposição com a ideia expressa anteriormente.

IV. Em “Então, os avós e pais construíam os brinquedos de forma artesanal” a partícula “então” estabelece uma relação de alternância.

Assinale a alternativa correta.

Leia o texto a seguir e responda à questão. 
Entalhando a felicidade
“Madeira é um elemento que tem que ser respeitado. Eu nasci numa casa de madeira, me criei numa casa de madeira. Ela era feita com árvores retiradas dali, da região”, conta José Belaque, 63. O artesão expõe suas peças no Calçadão de Londrina, esquina com Hugo Cabral, de segunda a sexta. Após uma vida dedicada ao trabalho contínuo e sistemático, Belaque parece ter encontrado, na madeira, a felicidade.
As peças são criadas para discursar. Os móveis para bonecas obedecem à arte vitoriana, período que estudou em um trabalho como guia turístico. Formas, desenhos, cores, tudo leva ao passado. “A minimização, ou seja, a cozinha do adulto que tinha nas fazendas, agora é feita para as bonecas. A criança vai aprendendo, por meio do brinquedo, a história”, afirma.
História na expressão e na própria madeira. “Isso tudo é um resgate. Foi uma árvore que deu frutos, sombra, conforto e de repente ela se torna um elemento positivo”, defende. “Quando eu era criança, não tinha indústria de brinquedos e a gente queria brincar. Então, os avós e pais construíam os brinquedos de uma forma artesanal. Eu quis voltar num tempo em que se construíam os brinquedos, elementos decorativos e móveis dentro de casa”, afirma.
Há quatro anos, tomou a decisão de viver da arte após a constatação de ter realizado bons trabalhos em sua carreira, já satisfeito com o ponto aonde tinha chegado. A oficina funciona no fundo da casa de Belaque. “Eu estou fazendo uma coisa que amo fazer, na hora em que tenho interesse, então eu digo que estou no período fetal. Eu almoço quando tenho fome, levanto quando o corpo pede, trabalho e me estendo até de madrugada quando estou empolgado”, sorri.
E vai criando conforme suas crenças e constatações expressas na madeira. Recicladas e não recicladas, afirma usar mais o pínus por questão de respeito e custo. As madeiras de primeira linha que possui são controladas e faz questão de afirmar: “Eu só trabalho com aquelas que têm o selo de controle, se não tiver eu não aceito, não compro. Não dou força para criar-se esse comércio”, argumenta.
No fim, o resultado é a felicidade baseada no respeito pela natureza, pela arte e pela sua história. “Dinheiro é maravilhoso, mas chega um período em que ele não é mais tão importante, porque a felicidade não é o dinheiro que traz. É você realizar aquilo que gosta de fazer. Isso é felicidade”, acredita.
(Adaptado de: GONÇALVES, É. Entalhando a felicidade. Londrina: Folha de Londrina, Folha Mais, 26 e 27 de maio de 2018, p. 1). 
A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
7ad9a35b-b0
PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Regência, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As palavras envolvem aspectos estruturais, semânticos e frásicos, construindo sentidos em instâncias enunciativas. Identifique quais afirmativas abaixo representam corretamente o texto 3. Depois, assinale a alternativa correta.


I - A palavra jaz, em “A Europa jaz”, refere-se ao verbo jazer, significando estar imóvel, sereno, quieto, apoiado.

II - No trecho “E toldam-lhe românticos cabelos” o pronome “lhe” é complemento do verbo transitivo, referindo-se à Europa.

III - A expressão “românticos” cabelos traduz a peculiaridade da cor loura da mulher europeia.

IV - A expressão “esfíngico e fatal” representa o olhar transparente, límpido e determinado do observador.


A alternativa que contém apenas itens corretos é:

TEXTO 03

PRIMEIRO
OS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apóia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.
(PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret,
2009. p. 27.)
A
I e III
B
II e IV
C
I e II
D
II e III
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Advérbios, Regência, Variação Linguística, Tipologia Textual, Sintaxe, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

TEXTO 04

      Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. [...]

       Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

      Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

      – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

      A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

         – Anda, excomungado.

   O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. [...]

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 100. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 9-10)



Sobre o trecho “Arrastaram-se para lá, devagar [...] o menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás”, retirado do texto 04, indique a única alternativa verdadeira:

A
A palavra devagar exerce o papel de advérbio, pois modifica o verbo, enriquecendo o significado global do predicado da sentença.
B
O trecho referido constitui-se num parágrafo narrativo, no qual as formas verbais representam a celeridade das ações das personagens, mostrando a transmutação da realidade.
C
A expressão “escanchado no quarto” significa “montado nas costas” e é uma variável linguística muito utilizada no sul do Brasil.
D
Em “presa ao cinturão”, presenciamos um caso de regência verbal, pois o verbo rege complemento introduzido pela preposição a.
1d8f5911-b0
FGV 2015 - Português - Regência, Sintaxe

Das seguintes propostas de substituição para o trecho sublinhado em “os poucos de que dispomos”, a única que requer o uso de preposição antes do pronome “que”, tal como ocorre no referido trecho, é:

À margem de Memórias de um sargento de milícias
    É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?
    Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.
Paulo Rónai, Encontros com o Brasil, Rio de Janeiro:
Edições de Janeiro, 2014. 
A
que podemos nos valer.
B
que resgatamos.
C
que sobrevivem.
D
que nos restam.
E
que podemos consultar.
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UNEB 2017 - Português - Regência, Colocação Pronominal, Vocativo e Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Diferença entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal, Adjunto Adverbial e Aposto, Sintaxe, Morfologia - Pronomes

Há a identificação correta de um fato de morfossintaxe devidamente marcado em

I. “não lhe basta o que já sabe? (l. 1-2) – Caso de colocação pronominal.

II. “Pedro Archanjo ria da pressa” (l. 3) – Conectivo que marca uma regência.

III. “Longa e árida seria a relação” (l. 10) – Função de predicativo do sujeito.

IV. “por ocasião do assalto à oficina” ( l. 29-30) – Objeto indireto.

V. “gostava de tê-los à mão” (l. 34) – Adjunto adverbial.

A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

TEXTO:

AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 175-176.

A
I e III.
B
II e IV.
C
II e III.
D
I, II e V
E
III, IV e V.
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UDESC 2016 - Português - Interpretação de Textos, Parênteses, Regência, Sintaxe, Conjunções: Relação de causa e consequência, Pontuação, Morfologia, Uso da Vírgula, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Assinale a alternativa incorreta em relação à obra Esaú e Jacó, Machado de Assis, e ao Texto 4.

A
Da leitura do texto, infere-se que Flora, filha de Batista e D. Cláudia, hesita na escolha entre Pedro e Paulo, pois não consegue decidir qual dos irmãos deve ocupar definitivamente o coração dela.
B
Em “Meteu-se na cama, e, se não dormiu logo, também não se demorou muito” (linha 18) as palavras destacadas são, na morfologia, pronome reflexivo, conjunção subordinada condicional e conjunção subordinada integrante, sequencialmente.
C
Em “A lamparina (agora nova) alumiava” (linhas 13 e 14) os parênteses podem ser substituídos por vírgulas sem que haja transgressão quanto à pontuação no texto.
D
Da leitura da obra, infere-se que, embora a narrativa apresente fatos políticos do final do século XIX, também faz referência a outros elementos, não menos importantes para a construção do enredo, a exemplo, as fases da vida dos irmãos Pedro e Paulo, o amor dos gêmeos pela mesma mulher.
E
Quanto à regência verbal, o verbo chamar em “chamando-lhe dorminhoca” (linha 21) também aceita a seguinte construção: chamando-a de dorminhoca.
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UDESC 2017 - Português - Interpretação de Textos, Regência, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as proposições em relação à obra Vitória Valentina, Elvira Vigna, e ao Texto 4.

I. Pela leitura do excerto infere-se que é unânime pensar que a presença da mãe é fundamental para o desenvolvimento e o equilíbrio da criança, assim Carla foi chamada para minimizar a ausência da figura materna.
II. Da leitura do texto, infere-se que Lu não era apenas mimado, mas também tímido e reservado, pois usava o note para fazer seus registros.
III. Em: “MAS LU POUCO A VIA” se o pronome destacado for substituído por LHE, ocorre transgressão quanto à regência do verbo VER.
IV. Infere-se da leitura da obra que a personagem Carla simboliza a liberdade porque, ao invés de casar com Stan (um homem rico), prefere ficar sozinha, livre e cuidar da própria vida.
V. Em: “TODO MUNDO ACHA” ao se acrescentar o vocábulo O antes da palavra MUNDO, ocorre mudança de significado na expressão.

Assinale a alternativa correta.

TEXTO 4


A PARTE BOA ERA LU.

TENTOU ESCOLA.

DOIS DIAS.

NO TERCEIRO,

SE JOGOU NO CHÃO.

NEM ARRASTADO.

JÁ NÃO FALAVA,

DESCONFIARAM:

ELE ESTAVA COM

ALGUM PROBLEMA.

SÓ PODIA SER A MÃE.

FUGIU DALI.

ISSO DÁ PROBLEMA,

MÃE FUGIR.

TODO MUNDO ACHA.

PROBLEMA CERTO.

CLARO QUE É.

MAS TINHA MAIS.

LU PODIA NÃO FALAR,

MAS COMPUTAVA.

E A MÃE LEVOU O NOTE.

ESTÁ CERTO.

RUIM, MÃE IR.

MAS LU POUCO A VIA.

ERA CHEGADA

A UMA BALADA.

ALI, NO MEIO DO NADA.

QUEM CUIDAVA DELE

ERA O PAI.

SEMPRE FOI.

SEM A MÃE, FOI RUIM.

SEM O NOTE, FOI PIOR.

DAÍ QUEREREM

UMA BABÁ.

PRESENÇA FEMININA.

PODIA AJUDAR.

E CHAMARAM CARLA.


VIGNA, Elvira. Vitória Valentina.1ª. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016.

A
Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
B
Somente as afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras.
C
Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
D
Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
E
Todas as afirmativas são verdadeiras.
cbd8af84-b0
UNEB 2017 - Português - Regência, Análise sintática, Sintaxe, Morfologia, Morfologia - Pronomes

A análise de fragmento retirado do texto de Adonias Filho está correta em


I. No período “O Largo da Palma, tão quieto e assim vazio de gente, talvez seja agora o mais tranquilo recanto de Salvador da Bahia.” (l. 1-4), existem duas orações.

II. Em “talvez bêbada ou uma epiléptica, quase a alcançar a escadaria do pátio da igreja.” (l. 11-13), o “a” em negrito, nas duas ocorrências, pertence à mesma classe gramatical.

III. O trecho “As árvores, as lâmpadas fracas nos postes de cimento e o vento manso.” (l. 8-10) constitui uma frase nominal, utilizada para descrição de cenário.

IV. O “o”, em “Vendo-o agora, nesta penumbra” (l. 31), é um pronome e se refere a “Largo da Palma”. (l. 23-24).

V. O verbo destacado em “penso na mulher que morreu em meus braços.” (l. 33-34) está usado como transitivo direto.


A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a

ADONIAS FILHO. Um corpo sem nome. ____. O largo da Palma. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 73 e p. 80. 

A
I e III.
B
II e IV.
C
III e IV.
D
I, II e V.
E
II, III e V.
ffb39603-b0
UEA 2012 - Português - Regência, Sintaxe

O bagre é um peixe de grande porte e é necessário manter, ao longo do ano, bons estoques desse pescado de que dependem muitas populações e mercados.

No trecho transcrito, observa-se que a preposição de foi empregada para atender à regência do verbo depender.

De acordo com a norma-padrão, também está corretamente empregada a preposição destacada em:

Instrução: Para responder a questão, leia o texto Peixes ameaçados na Amazônia, de Aldem Bourscheit.

    Um relatório em poder do Ibama, de setembro de 2009, revela declínio nos estoques da dourada (também conhecida por bagre), do filhote e de outras espécies de grandes peixes no rio Madeira. A análise sobre a quantidade de peixes capturada entre abril e agosto de 2009 foi baseada em dados de colônias de pescadores, dos principais portos de desembarque de pescado, de comunidades ribeirinhas e de outros pontos de amostragem no trecho do rio Madeira entre Porto Velho e Guajará Mirim, e parte do rio Mamoré.
     O documento não conclui que as obras das usinas de Santo Antônio e de Jirau sejam responsáveis pelo fenômeno, considerando que ele é decorrente de uma associação de causas possíveis, porém pescadores apontam problemas causados pelas explosões de dinamites para a construção das barragens.
    Especialistas comentam que o levantamento deixa clara a importância da manutenção da saúde do rio para a sobrevivência de vários peixes e das populações que deles dependem, no Brasil ou nos países vizinhos.
    Para o pesquisador em biologia aquática Jansen Zuanon, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apesar de inconclusivo sobre as causas no declínio da pesca naquele período, o relatório atesta a estreita ligação entre os peixes do Madeira e seus ciclos de cheias e vazantes. “O estudo mostra que esses peixes dependem da dinâmica hidrológica e de indicadores ambientais relacionados à qualidade da água para completar suas migrações ao longo do rio. Isso significa que não só a barragem, mas também as alterações na dinâmica hidrológica do rio, provocadas pelas obras, podem afetar negativamente as populações de grandes bagres e de diversas outras espécies de peixes que habitam aquela bacia.”
     O bagre é um peixe de grande porte e é necessário manter, ao longo do ano, bons estoques desse pescado de que dependem muitas populações e mercados. A espécie tem grande valor comercial nos estados do Pará, Amapá, Amazonas e Rondônia e em regiões da Colômbia, Bolívia e Peru. Suas crias crescem no estuário amazônico, na região de Belém, e migram até três mil quilômetros rio acima para se reproduzir, desovando em regiões mais elevadas de países vizinhos.
(www.oeco.com.br. Adaptado.)
A
O parecer, de que acreditam muitos pesquisadores, aponta que uma associação de causas é a responsável pelas alterações ambientais.
B
O uso de dinamites nas construções de barragens, a que aludem alguns pescadores, seria um dos fatores para a diminuição dos peixes.
C
Os estados do Pará, Amapá, Amazonas e Rondônia são aqueles a que o bagre apresenta grande valor comercial.
D
A relação entre peixes e hábitat, de que interferem os ciclos de cheias e vazantes, caracteriza a dinâmica hidrológica da região.
E
As regiões, com que esses peixes chegam durante a migração, são as mais elevadas dos países vizinhos
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UDESC 2017 - Português - Interpretação de Textos, Regência, Colocação Pronominal, Sintaxe, Encontros consonantais: Dígrafos, Fonologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 4.

I. Dígrafo é o encontro de duas letras para representar um só fonema. Nos vocábulos “Amanhã” (linha 3), “romper” (linha 3) e “passeios” (linha 8) ocorre dígrafo.
II. No romance Lucíola, a protagonista, ainda que resgatada pelo amor de Paulo, continua a prostituir-se, levando, também, a irmã, Ana, à prostituição.
III. Da leitura da estrutura “ Apesar da revelação da véspera” (linha 10), infere-se o momento em que Lúcia conta a Paulo sobre a troca do verdadeiro nome dela com o da amiga que morreu tísica, e que isso fez para aliviar o desgosto do pai, ao sabê-la prostituta.
IV.Em “fizemos um dos mais belos passeios de que se pode gozar” (linhas 8 e 9) a preposição destacada não pode ser retirada, devido à regência, uma vez que é exigida pela palavra que a antecede.
V. Nas estruturas “Quando me chamas assim” (linha 17) e “beijo que me envolve toda (linha 18), em relação à colocação pronominal, ocorre próclise, de acordo com a língua padrão culta, devido às partículas atrativas conjunção subordinada temporal e pronome relativo, sequencialmente.

Assinale a alternativa correta.

A
Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
B
Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras.
C
Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
D
Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
E
Somente as afirmativas I, III, IV e V são verdadeiras.
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UDESC 2017 - Português - Flexão verbal de número (singular, plural), Interpretação de Textos, Flexão verbal de pessoa (1ª, 2ª, 3ª pessoa), Morfologia - Verbos, Regência, Crase, Coesão e coerência, Sintaxe, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 4.

I. Da estrutura “onde vou viver a minha nova existência” (linha 4), infere-se a decisão de Lúcia deixar no passado a vida de cortesã e iniciar uma nova vida com simplicidade e recato.
II. As palavras desejar e carecer em “ Desejo...careço de entrar apoiada” (linhas 3 e 4) apresentam a mesma regência, pois ambas exigem como complemento as funções sintáticas objeto indireto e complemento nominal, sequencialmente.
III. Em “Venha-me buscar” (linha 3) e “chama-me Maria” (linha 13) não há uniformidade de tratamento, quanto ao emprego do modo imperativo, uma vez que na primeira oração empregou-se a 3ª pessoa singular, e na segunda oração ocorreu o emprego da 2ª pessoa singular.
IV. O uso do sinal gráfico da crase é facultativo em “dava à sua beleza” (linha 7), assim como em “Partimos a pé” (linha 8)
V. No romance Lucíola, o personagem-narrador, Paulo, deixa fluir o seu “eu”, quando expõe seus sentimentos em relação ao que sentiu, viu e idealizou junto à mulher amada, evidenciando-se o subjetivismo – característica da Estética Romântica.

Assinale a alternativa correta.

A
Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
B
Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
C
Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras.
D
Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
E
Todas as afirmativas são verdadeiras.
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UDESC 2017 - Português - Interpretação de Textos, Regência, Sintaxe, Pontuação, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as proposições em relação à obra Melhores poemas, Manuel Bandeira, e ao Texto 1, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.

( ) A leitura da estrofe sete leva o leitor a inferir que o poeta dá preferência ao lirismo mais autêntico, dos loucos, dos bêbedos e dos clowns, não preso a valores sociais, em detrimento de um lirismo tradicional.
( ) Nos versos “Quero antes o lirismo dos loucos” (20) e “O lirismo difícil e pungente dos bêbedos” (22) se os vocábulos destacados forem substituídos por pelos, não há prejuízo quanto ao sentido original do texto e quanto à regência.
( ) Nos versos “Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com” (17) e “cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de” (18) os vocábulos assinalados, embora possuam classificação gramatical diferente, não se flexionam para indicar o gênero masculino ou feminino, sendo que a indicação de gênero ocorre por meio de modificadores.
( ) O sinal gráfico ( [ ) nos versos 4, 6, 18 e 19, usado para intercalar as estruturas poéticas – versos, assume uma outra função, a de reforçar o descomprometimento com as regras gramaticais, conferindo à nova forma de escrever também um novo valor poético e literário.
( ) No verso “Quero antes o lirismo dos loucos” (20) o verbo, quanto à transitividade, é bitransitivo, pois tem como complementos verbais objeto direto – lirismo, e objeto indireto dos loucos.

Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.

Texto 1

POÉTICA

BANDEIRA, Manuel, Melhores poemas, 17° ed. – São Paulo: Global, 2015, p.64

A
F – F – F – V – F
B
V – V – V – F – F
C
V – V – F – V – F
D
V – F – V – V – F
E
F – F – V – F – F
460dc802-ba
UFRGS 2019 - Português - Regência, Crase, Morfologia - Pronomes

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 14, 40, 48 e 73, nessa ordem.


A
a – as quais – lhe – em que as
B
à – com as quais – lhes – das quais as
C
à – que – os – cuja
D
a – por que – lhe – de que as
E
à – pelas quais – lhes – cujas
74da1232-51
UNIFESP 2018 - Português - Regência, Sintaxe

Em “Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma” (3º parágrafo), o termo sublinhado é um verbo

Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.


      A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, que não mandava capiná-la?

      Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoa dos. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a lapidar1 a doida, isolada e agreste no seu jardim.

      Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.

      Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos racontos2 antigos abusava-se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura com a família
 se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava dois ou três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantar em casa da doida, passaram a ser, na cidade, expressões de castigo e símbolos de irrisão3.

      Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso.

      Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis l amentavam o fato, sugeriam que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era longe, os parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade. Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.

                                                                                  (Contos de aprendiz, 2012.)

1 lapidar: apedrejar.

2 raconto: relato, narrativa.

3 irrisão: zombaria.

A
de ligação.
B
transitivo direto e indireto.
C
transitivo direto.
D
intransitivo.
E
transitivo indireto.
74bee795-51
UNIFESP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Uso dos conectivos, Regência, Sintaxe, Redação - Reescritura de texto

Assinale a alternativa em que se verifica a análise correta de um fato linguístico presente na tira.

Examine a tira de André Dahmer para responder às questões .


                  

A
Em “Viu, Senhor?” (3° quadrinho), o termo “Senhor” exerce a função sintática de sujeito do verbo “viu”.
B
Em “um cão nervoso correndo em círculos, amarrado ao poste da ignorância” (2° quadrinho), a oposição entre os termos “correndo” e “amarrado” configura um pleonasmo.
C
Em “A humanidade é isso” (2° quadrinho), o termo “isso” retoma o conteúdo de um enunciado expresso no quadrinho anterior.
D
Em “Ele vai voltar atrás, você vai ver” (3° quadrinho), a expressão “voltar atrás” constitui uma redundância.
E
Em “Ele vai voltar atrás, você vai ver” (3° quadrinho), a expressão “voltar atrás” pode ser substituída por “se arrepender”.