Questõesde PUC - RS sobre Interpretação de Textos

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Foram encontradas 188 questões
671ddab3-2a
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , leia o trecho do conto Trezentas onças e, considerando também o seu contexto, preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

A estrada estendia-se deserta; à esquerda os campos desdobravam-se a perder de vista, serenos, verdes, clareados pela luz macia do sol morrente, manchados de pontas de gado que iam se arrolhando nos paradouros da noite; à direita, o sol, muito baixo, vermelho-dourado, entrando em massa de nuvens de beiradas luminosas. Nos atoleiros, secos, nem um quero-quero: uma que outra perdiz, sorrateira, piava de manso por entre os pastos maduros; e longe, entre o resto da luz que fugia de um lado e a noite que vinha, peneirada, do outro, alvejava a brancura de um joão- grande, voando, sereno, quase sem mover as asas, como uma despedida triste, em que a gente também não sacode os braços... Foi caindo uma aragem fresca; e um silêncio grande, em tudo.

( ) O autor deste conto, que pertence à obra Contos gauchescos, é Simões Lopes Neto.
( ) O narrador utiliza-se de uma série de adjetivos em sua descrição para dar vida a uma cena que traz o amanhecer no campo.
( ) O trecho descreve o campo como um lugar em que a imensidão compactua com a solidão, sendo espaço também de melancolia.
( ) Outra obra do mesmo autor de Trezentas onças é Lendas do Sul.

O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

A
V – V – V – V
B
V – F – V – V
C
F – F – V – V
D
F – V – F – F
E
V – F – F – F
61709902-2a
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos

Com relação às obras dos autores dos textos das questões anteriores, Lya Luft e Chico Buarque, assinale a única afirmativa INCORRETA:

A
Chico Buarque é também autor de textos dramáticos, como Gota d’água e Ópera do Malandro.
B
Lya Luft é autora de diversas obras, entre elas As parceiras, Reunião de família e Exílio.
C
Benjamim e Budapeste são alguns dos romances publicados por Chico Buarque.
D
Adepta de uma linguagem essencialmente realista e objetiva, as obras de Lya Luft são um retrato do mundo urbano e de suas mazelas sociais.
E
Chico Buarque, em seus romances, trabalha com questões caras à contemporaneidade, como a fragmentação do sujeito.
607ea9bd-2a
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , leia o trecho da canção de Chico Buarque e analise a obra de arte do artista chinês Wang Keping, Silêncio, levando em consideração que ambas foram proibidas em seus países nos anos 1970.

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa (...)

                        imagem-008.jpg

Por serem obras produzidas e proibidas em regimes autoritários, é possível associar a canção e a escultura à(s) seguinte(s) temática(s):

I. O silenciamento do indivíduo
II. A alienação do sujeito
III. A força da violência

Está/Estão correta(s) a(s) temática(s)

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
I e III, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.
5f8e41de-2a
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos

Buzinas. Máquinas. Sirenes. A modernidade grita. Na rua, os sons entorpecem os nossos sentidos, mas quase nem mais os percebemos nesta sinfonia diária de ruídos. Dentro de casa, muitas vezes nos refugiamos junto ao barulho: música alta, televisão ligada, eletrodomésticos em funcionamento. Ainda há lugar para o silêncio no nosso mundo de hoje? Dentro da literatura, há. E sempre houve. Literatura que também denunciou outros silêncios, como aquele forjado pelas ditaduras. Concentre-se e escute o som do silêncio, ao responder as questões que seguem nesta prova.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , leia a crônica Um pouco de silêncio, de Lya Luft, e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade. Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. (...) Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho. Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação. Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma. Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se a amizade ou o amor se arrumasse em loja. (...) Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema. O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. (...) O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras. Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas. Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no meu ombro de criaça e disse: – Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar.(...) Então, por favor, deem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.

( ) No excerto, é possível perceber a crítica da autora ao isolamento de certos indivíduos, que não conseguem viver em comunidade.
( ) A crônica tem um caráter pedagógico, uma vez que faz um alerta sobre crianças com problemas de socialização, que não brincam, não pulam, não se divertem juntamente às demais.
( ) A autora insinua, em diferentes momentos do texto, a extrema preocupação que as pessoas têm com a opinião dos outros.
( ) A narradora associa o silêncio com a capacidade de reflexão ao olhar para si mesmo.

O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

A
V – V – V – V
B
V – F – V – V
C
F – F – V – V
D
V – F – F – F
E
F – V – F – F
62625c83-2a
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , leia o trecho da obra de Eça de Queirós.

Daí a pouco as pessoas que estavam nas lojas viram atravessar a Praça, entre a corpulência vagarosa do cônego Dias e a figura esguia do coadjutor, um homem um pouco curvado, com um capote de padre. Soube- se que era o pároco novo; e disse-se logo na botica que era uma ‘boa figura de homem’. (...) Eram quase nove horas, a noite cerrara. Em redor da Praça as casas estavam já adormecidas: das lojas debaixo da arcada saía a luz triste dos candeeiros de petróleo, entreviam-se dentro figuras sonolentas, caturrando em cavaqueira, ao balcão. As ruas que vinham dar à Praça, tortuosas, tenebrosas, com um lampião mortiço, pareciam desabitadas. E no silêncio o sino da Sé dava vagarosamente o toque das almas.

Com base no trecho e em seu contexto, assinale a única afirmativa INCORRETA.

A
O trecho pertence à obra O crime do Padre Amaro, cujo enredo traz uma relação amorosa entre um padre e uma mulher.
B
Eça de Queirós, autor da obra Os Maias, pertenceu à escola realista do século XIX e é considerado um dos maiores escritores portugueses.
C
O excerto apresenta uma característica do estilo de Eça de Queirós: a capacidade descritiva, que se evidencia quando o autor procura fotografar a realidade.
D
O trecho apresenta uma primeira repercussão da chegada do novo pároco, já reforçando uma imagem mais ‘carnal’ do que ‘espiritual’.
E
A obra à qual este trecho pertence apresenta um olhar benevolente para a igreja católica.
6e408cc3-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia


INSTRUÇÃO: Para responder à questão 28, analise as afirmações sobre a organização do texto 1.

I. Parte do particular para o geral.

II. Vale-se de linguagem figurada.

III. Trata, no 2º e no 3º parágrafos, de situações recorrentes no Brasil.

IV. Estabelece um contraste entre a realidade brasileira e a de países desenvolvidos.

Estão corretas apenas as afirmativas

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
I e II.
B
I e III.
C
II e III.
D
II e IV.
E
III e IV.
6d3a89c1-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Sintaxe, Orações coordenadas sindéticas: Aditivas, Adversativas, Alternativas, Conclusivas...


A relação estabelecida no texto pelo nexo indicado NÃO está correta em

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
"não (...) apenas ...mas" (linhas 16 e 17) - adição
B
"Pois" (linha 41) - causa
C
"ora...ora" (linhas 51 e 52) - alternância
D
"Se" (linha 57) - condição
E
"então" (linha 59) - conclusão
700df15e-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Assinale a alternativa correta sobre os textos 1 e 2.



TEXTO 2

No Brasil, 38% dos universitários são analfabetos funcionais.Pesquisa aponta que estudantes não consegueminterpretar e associar informações.


A
O texto 1 credita à tecnologia a atual ausência de pensamento crítico e de criatividade.
B
O texto 2 apresenta a causa do analfabetismo funcional.
C
No texto 1, pode-se depreender que o autor é um escritor renomado, o que se confirma pela utilização da palavra "escriba" (linha 10).
D
Ambos os textos pertencem ao mesmo gênero textual.
E
Os dois textos valem-se de tipos diferentes de pesquisa para discorrer sobre o tema.
69a5f29f-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia


Para o autor, o analfabetismo funcional

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
restringe a ascensão pessoal e profissional.
B
provém do uso inadequado da língua culta.
C
transforma-nos em "invertebrados intelectuais".
D
aplica-se a indivíduos que não conseguem identificar letras e números.
E
impossibilita a ascensão das empresas ao topo da pirâmide corporativa.
67db8601-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Sintaxe


Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 12, 49 e 56.

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
falta – faltam – se multiplica
B
faltam – faltam – se multiplicam
C
falta – falta – multiplica-se
D
faltam – falta – multiplicam-se
E
falta – faltam- multiplicam-se
68c164c6-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia


INSTRUÇÃO: Para responder à questão 22, considere o que o texto apresenta sobre “empresa” e “academia”.

I.Na empresa há queixa da escassez de profissionais para a gerência.

II. Tanto na empresa quanto na academia, há profissionais que se expressam de forma ininteligível.

III. Se, nas empresas, os profissionais tentam "tapar o sol com uma peneira de powerpoints" (linhas 53 e 54), na academia isso é feito com "textos caudalosos, impenetráveis e ocos" (linhas 56 e 57).

Tem (Têm) suporte no texto a(s) afirmativa(s)

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
III, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.
6b70b88e-03
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Quanto ao sentido das palavras do texto, é correto afirmar que

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
"analfabeto" (linha 01) e "análises" (linha 48) têm o mesmo prefixo.
B
"hermáticos" (linha 29) e "impenetráveis" (linha 57) estão relacionadas por sinonímia.
C
A palavra "tal" tem o mesmo sentido nas linhas 36 e 41.
D
"facultativa" (linha 43) está empregada em sentido conotativo.
E
"céleres" (linha 60) poderia ser substituída por seu sinônimo "exaltados".
6a8b416e-03
PUC - RS 2014 - Português - Interpretação de Textos


INSTRUÇÃO: Para responder à questão 24, analise as afrmações a seguir sobre os recursos linguísticos empregados pelo autor como estratégia argumentativa, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

( ) O emprego de vocabulário mais erudito, como “vernáculo" (linha 17) e "pupilos" (linha 24), contrasta com tema desenvolvido no texto.

( ) A enumeração de adjetivos nas linhas 29, 54 e 55, 56 e 57 revela a avaliação parcimoniosa do autor em relação aos textos produzidos no mundo acadêmico.

( ) O raciocínio que encerra a argumentação (linhas 57 a 60) indica que "aprender a escrever" e "aprender a pensar" são atividades equivalentes e interdependentes.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

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WOOD JR, Thomaz. Analfabetismo funcional.
(fragmento adaptado) In: http://www.cartacapital.com.br/
revista/758/analfabetismo-funcional-6202.html,
publicado
em 24/7/2013.

A
V – F – V
B
F – V – F
C
V – F – F
D
F – F – V
E
V – V – V
1838bd7a-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 40, leia o excerto do poema denominado “Graciliano Ramos”, de João Cabral de Melo Neto.

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca:
de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara.
Falo somente do que falo:
do seco e de suas paisagens,
Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre:
que reduz tudo ao espinhaço,
cresta o simplesmente folhagem,
folha prolixa, folharada,
onde possa esconder- se na fraude.
Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:
e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua.
Falo somente para quem falo:
quem padece sono de morto
e precisa um despertador
acre, como o sol sobre o olho:
que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso,
e bate nas pálpebras como
se bate numa porta a socos.

I. O poema de João Cabral dialoga com o imaginário acre e violento presente no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

II. O poema se dirige aos que sofrem com as radicais condições da caatinga nordestina, onde o sol é estridente, atingindo as pálpebras como se bate numa porta a socos.

III. Apesar de todas as adversidades sertanejas, a natureza local possibilita um momento para cultivar uma multiplicidade de alimentos.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:

A
II, apenas.
B
III, apenas.
C
I e II, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
166dc5e4-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 38, ler o excerto do conto “Mineirinho”, de Clarice Lispector, e preencher os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

“É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá- las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir- se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. (...) No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me fez ouvir o primeiro tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina – porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.”

( ) O narrador não compreende plenamente por que está sensibilizado com a morte de um facínora que matou muitas pessoas.

( ) A cozinheira apresenta- se bastante confortável em discutir a morte do Mineirinho.

( ) Ao longo da contagem dos tiros que abateram o criminoso, o narrador vai se apiedando progressivamente, culminando no décimo terceiro tiro, momento em que se coloca no lugar do próprio facínora.

( ) A certa altura do conto, o narrador, movido pela lei da sobrevivência, chega a aceitar o extermínio de facínoras como o Mineirinho.

A sequência correta, de cima para baixo, é

A
V – V – F – F
B
V – F – F – V
C
V – F – V – V
D
F – F – V – V
E
F – V – F – F
1751e3e8-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 39, leia o fragmento do conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de João Guimarães Rosa.

O cavalo de Nhô Augusto obedeceu para diante; as ferraduras tinham e deram fogo no lajeado; e o cavaleiro, em pé nos estribos, trouxe a taca no ar, querendo a figura do velho. Mas o Major piscou, apenas, e encolheu a cabeça, porque mais não era preciso, e os capangas pulavam de cada beirada, e eram só pernas e braços. – Frecha, povo! Desmancha! Já os porretes caíam em cima do cavaleiro, que nem pinotes de matrinxãs na rede. Pauladas na cabeça, nos ombros, nas coxas. Nhô Augusto desceu o corpo e caiu. Ainda se ajoelhou em terra, querendo firmar- se nas mãos, mas isso só lhe serviu para poder ver as caras horríveis dos seus próprios bate- paus, e, no, meio deles, o capiauzinho mongo que amava a mulher- a toa Sariema. E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar na rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa- mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança. (...) Puxaram e arrastaram Nhô Augusto, pelo atalho do rancho do Barranco, que ficou sendo um caminho de pragas e judiação. E quando chegaram ao rancho do Barranco, ao fim da légua, o Nhô Augusto já vinha quase que só carregado, meio nu, todo picado de faca, quebrado de pancadas e enlameado grosso, poeira com sangue. Empurraram- no para o chão, e ele nem se moveu. (...) E, aí, quando tudo esteve a ponto, abrasaram o ferro com a marca do gado do Major – que soía ser um triângulo inscrito numa circunferência –, e imprimiram-na, com chiado, chamusco e fumaça, na polpa glútea direita de Nhô Augusto. Mas recuaram todos, num susto, porque Nhô Augusto viveu- se, com um berro e um salto, medonhos.

Considerando o fragmento acima, todas as afirmativas são corretas, EXCETO:

A
Nhô Augusto é surpreendido numa emboscada na qual os capangas o esperam para iniciar um violento castigo.
B
No meio de tamanha violência, Nhô Augusto não consegue reconhecer seus algozes.
C
“Capiau de testa peluda, com cabelo quase nos olhos” é uma espécie de homem que cultiva a memória para exercitar a vingança.
D
Nhô Augusto é submetido a terrível tortura quando o seu corpo desnudo é queimado com um fero de marcar o gado.
E
Apesar de toda a violência dos porretes e das picadas de faca, Nhô Augusto sobrevive, espantando a todos com urro tremendo.
1022dfb9-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Desde as tragédias gregas, a violência sempre instigou a criação literária. O conflito entre nativos e europeus no tempo das descobertas, as batalhas sangrentas no estabelecimento das fronteiras do pampa, o mundo sem lei do sertanejo, a degradação moral nos conglomerados urbanos são alguns dos enredos brutais que configuram o nosso imaginário literário. A violência, mais do que um problema do nosso cotidiano contemporâneo, é um tema recorrente, como atestam os textos desta prova.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 31, leia o excerto do conto “O caso da vara”, de Machado de Assis.

Todas as afirmativas estão corretamente associadas ao excerto, EXCETO:


Imagem 015.jpg


A
A reação condicionada de Lucrécia, ao abaixar a cabeça frente à violência sistemática de Sinhá Rita, é um exemplo do tratamento psicológico que Machado de Assis confere aos seus personagens.
B
O trecho apresenta um narrador que não se furta a tecer comentários e emitir opiniões sobre os personagens.
C
A passagem “Sinhá Rita tinha quarenta anos na certidão de batismo, e vinte e sete nos olhos” apresenta um caso de paralelismo recorrente dentro do estilo literário de Machado de Assis: a coordenação incomum de frases. Efeito similar observa-se, por exemplo, em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “Marcela amou- me durante quinze anos e onze contos de réis”
D
As expressões “amiga de rir” e “brava como diabo” demonstram contradições no comportamento de Sinhá Rita, que são ratificadas por suas ações no decorrer do conto.
E
O trecho possibilita um debate sobre a escravidão, o que exemplifica a profundidade na crítica social trazida por Machado de Assis em seus contos. Essa denúncia é diluída em seus romances, com menor preocupação social e mais centrados no indivíduo.
11efd23a-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 33, leia o excerto a seguir, no contexto do conto de Simões Lopes Neto, e as afirmativas, preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

“Foi então que um gaúcho gadelhudo, mui alto, canhoto, desprendeu da cintura as boleadeiras e fê- las roncar por cima da cabeça… e quando ia soltá- las, zunindo, com força pra rebentar as costelas dum boi manso, e que o negro estava cocando o tiro, de facão pronto pra cortar as sogas…, nesse mesmo momento e instante a velha Fermina entrou na roda, e ligeira como um gato, varejou no Bonifácio uma chocolateira de água fervendo, que trazia na mão, do chimarrão que estava chupando… O negro urrou como um touro na capa…; a rumo no mais avançou o braço, e fincou e suspendeu, levando a velha, estorcendo- se, atravessada no facão até o esse…; ao mesmo tempo, mandado por pulso de homem um bolaço cantou- lhe no tampo da cabeça e logo outro, no costilhar, e o negro caiu, como boi desnucado, de boca aberta, a língua pontuada, mexendo em tremura uma perna, onde a roseta da chilena tinia, miúdo…

Patrício, escuite!”


( ) As comparações com bichos ( boi manso, gato, touro na capa, boi desnucado) conferem aos personagens uma espécie de animalização, um instinto não racional que potencializa o tom violento da cena.

( ) Na leitura do trecho, torna- se evidente a força visual na escrita de Simões Lopes Neto, autor que detalhava, com riqueza, as ações de seus personagens, gerando tensão no relato.

( ) A utilização de expressões tipicamente urbanas do Rio Grande do Sul dá ao texto um caráter regionalista.

( ) O vaqueano Blau Nunes é o narrador da obra, personagem que testemunhou ou ouviu os causos que relata. Essa marca de oralidade torna- se ainda mais explícita com a passagem “Patrício, escuite!”.

( ) O trecho pertence ao conto “Negro Bonifácio”.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

A
F – F – V – F – F
B
V – V – F – V – F
C
V – F – V – V – V
D
V – V – F – V – V
E
F – V – V – F – F
1585eb63-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 37, ler o fragmento do poema “A morte do leiteiro”, de Carlos Drummond de Andrade.

Há pouco leite no país
é preciso entregá- lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá- lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
(...)
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este entrou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
(...)


Da garrafa estilhaçada.
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.

De acordo com o texto, afirma-se:

I. Em plena madrugada, o leiteiro cumpre um papel fundamental na distribuição de um leite bom que alimenta inclusive gente ruim.

II. Na sua ríspida e barulhenta marcha, o leiteiro acorda todos que dormem nas casas nas quais o leite é entregue.

III. De forma premeditada, o morador mata o raivoso leiteiro que se aproxima também para assaltá- lo.

IV. Devido a um trágico engano, um cidadão inocente é morto no exercício da profissão.

As afirmativas corretas são, apenas,

A
I e IV.
B
II e III.
C
II e IV.
D
I, II e III.
E
I, III e IV.
12d4667b-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 34, leia os textos que seguem.

Texto 1

(…)

É bem possível que eu um dia cegue.
No ardor desta letal tórrida zona,
A cor do sangue é a cor que me impressiona
E a que mais neste mundo me persegue!

Essa obsessão cromática me abate.
Não sei por que me vêm sempre à lembrança
O estômago esfaqueado de uma criança
E um pedaço de víscera escarlate.

(…)

Na ascensão barométrica da calma,
Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,
Que uma população doente do peito
Tossia sem remédio na minh’alma!

E o cuspo que essa hereditária tosse
Golfava, à guisa de ácido resíduo,
Não era o cuspo só de um indivíduo
Minado pela tísica precoce.

(…)

Imagem 017.jpg

Os versos do excerto e o texto crítico de Alfredo Bosi referem- se a

A
Carlos Drummond de Andrade.
B
Augusto dos Anjos.
C
Carlos Nejar.
D
João Cabral de Melo Neto.
E
Mário de Andrade.