Questõesde UNEMAT sobre Literatura
SAPO-CURURU
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Oh que sapo gordo!
Oh que sapo feio!
Sapo-cururu
Da beira do rio.
Quando o sapo coaxa,
Povoléu tem frio.
Que sapo mais danado,
Ó maninha, Ó maninha!
Sapo-cururu é o bicho
Pra comer de sobreposse.
Sapo-cururu
Da barriga inchada.
Vôte! Brinca com ele...
Sapo cururu é senador da República.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª edição. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
No texto de Bandeira está explícito o
procedimento de intertextualidade caracterizado pelo
diálogo que um texto estabelece com outro, o que faz
desse poema:
Mas ao cabo de três meses, João Romão, [...]
retornou à sua primitiva preocupação com o Miranda,
única rivalidade que verdadeiramente o estimulava.
Desde que o vizinho surgiu com o baronato, o vendeiro
transformava-se por dentro e por fora a causar pasmo.
Mandou fazer boas roupas e aos domingos refestelava-se de casaco branco e de meias, assentado defronte
da venda, a ler jornais. Depois deu para sair a passeio,
vestido de casemira, calçado e de gravata. [...] Já não
era o mesmo lambuzão.
Bertoleza é que continuava na cepa torta,
sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de
serviço, sem domingo nem dia santo; essa, em nada,
em nada absolutamente, participava das novas regalias
Vestibular 2016/2 Página 15
do amigo; pelo contrário, à medida que ele galgava
posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais
escrava e rasteira. [...] p.142
AZEVEDO, Aluisio. O cortiço. 5ª edição. São Paulo: Martin Claret,
2010.
A composição dos personagens é um dos
elementos a serem considerados na interpretação de
uma obra narrativa. No excerto destacado, tem-se o
caso de um personagem que não se modifica no
desenrolar da trama e de outro que se transforma na
perspectiva da ascensão social e, sobre essa
composição, observa-se que:
CUNHATÃ
Vinha do Pará
Chamava Siquê.
Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.
Piá branca nenhuma corria mais do que ela.
Tinha uma cicatriz no meio da testa:
- Que foi isto, Siquê?
Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:
- Minha mãe (a madrasta) estava costurando
Disse vai ver se tem fogo
Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo
Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na
brasa
Rui, riu, riu
Uêrêquitáua.
O ventilador era a coisa que roda.
Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20.ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993, p. 138.
O poema de Bandeira foi publicado em 1930 e
traz algumas palavras da língua indígena misturadas
ao português. Já em seu título comparece uma palavra
de origem da língua tupi, cunhatã, que significa
“menina, moça, mulher adolescente”.
Ao fazer o uso de
uma língua indígena nesse poema, observa-se que o
autor:
CUNHATÃ
Vinha do Pará
Chamava Siquê.
Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.
Piá branca nenhuma corria mais do que ela.
Tinha uma cicatriz no meio da testa:
- Que foi isto, Siquê?
Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:
- Minha mãe (a madrasta) estava costurando
Disse vai ver se tem fogo
Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo
Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa
Rui, riu, riu
Uêrêquitáua.
O ventilador era a coisa que roda.
Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 138.
O poema de Bandeira foi publicado em 1930 e traz algumas palavras da língua indígena misturadas ao português. Já em seu título comparece uma palavra de origem da língua tupi, cunhatã, que significa “menina, moça, mulher adolescente”.
Ao fazer o uso de
uma língua indígena nesse poema, observa-se que o
autor:
[...] Ela veio de longe, do São Francisco. Um
dia, tomou caminho, entrou na boca aberta do
Pará, e pegou a subir. Cada ano ameaçava um
punhado de léguas, mais perto, mais perto,
pertinho, fazendo medo no povo, porque era
sezão brava – “da tremedeira que não
desmontava” – matando muita gente” [...].
Em que conto de Sagarana, de Guimarães
Rosa, o tema da malária está presente?.
[...] Ela veio de longe, do São Francisco. Um dia, tomou caminho, entrou na boca aberta do Pará, e pegou a subir. Cada ano ameaçava um punhado de léguas, mais perto, mais perto, pertinho, fazendo medo no povo, porque era sezão brava – “da tremedeira que não desmontava” – matando muita gente” [...].
Em que conto de Sagarana, de Guimarães Rosa, o tema da malária está presente?.
Sobre o romance Dom Casmurro (1865), obra
produzida por Machado de Assis, pode-se
afirmar que o narrador-personagem, Bento
Santiago, expressa o desejo de:
“ [...] Verdes mares, que brilhais como líquida
esmeralda aos raios do sol nascente,
perlongando as alvas praias ensombradas de
coqueiros;
Serenais, verdes mares, e alisais docemente a
vaga impetuosa, para que o barco aventureiro
manso resvale à flor das águas. [...].
Considerando o excerto de Iracema (1865), de
José de Alencar, é correto afirmar.
“ [...] Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenais, verdes mares, e alisais docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. [...].
Considerando o excerto de Iracema (1865), de José de Alencar, é correto afirmar.
A ideia da morte parece ter sido o tema
principal da cultura medieval. Acreditava-se que
uma vida submetida ao julgamento
imediatamente deixava o corpo. Sabe-se que
cada uma das personagens do Auto da Barca
do Inferno (1517), de Gil Vicente, possui um
objeto terreno que não consegue se
desvincular.
No caso do judeu, do onzeiro e do frade, esses
objetos são respectivamente:
Em Triste fim de Policarpo Quaresma, a
composição narrativa em três partes
acompanha a ação da personagem principal,
desvendando as contradições do sistema que
marginalizam o cidadão.
Desta forma, é correto afirmar.
Em Triste fim de Policarpo Quaresma, a composição narrativa em três partes acompanha a ação da personagem principal, desvendando as contradições do sistema que marginalizam o cidadão.
Desta forma, é correto afirmar.
Leia o diálogo entre Pereira e Cirino, no
momento em que este deve adentrar-se ao
quarto de Inocência para examiná-la.
“Antes de sair da sala, deteve Pereira o
hóspede com ar de quem precisava tocar em
assunto de gravidade e ao mesmo tempo de
difícil explicação.
Afinal começou meio hesitante: - Sr. Cirino, eu cá sou homem muito bom de
gênio, muito amigo de todos, muito acomodado
e que tenho o coração perto da boca como
vosmecê deve ter visto... - Por certo – concordou o outro.
- Pois bem, mas... tenho um grande defeito:
sou muito desconfiado. Vai o doutor entrar no
interior da minha casa e... deve portar-se
como...
- Oh, Sr. Pereira! – atalhou Cirino com
animação, mas sem grande estranheza, pois
conhecia o zelo com que os homens do sertão
guardam da vista dos profanos os seus
aposentos domésticos – posso gabar-me de ter
sido recebido no seio de muita família honesta
e sei proceder como devo”.
(TAUNAY, 1994, p. 39).
Com relação à postura do narrador diante dos
costumes que caracterizam o sertanejo
brasileiro na obra citada, assinale a alternativa
correta.
Com relação à obra Sagarana, de Guimarães
Rosa, leia as afirmações e assinale a
alternativa correta.
I. A tendência regionalista assume caráter
de experiência estética universal,
fundindo o real e o mítico.
II. A invenção linguística é parte de
estudos e levantamento minucioso da
língua portuguesa.
III. O sertão é redimensionado para além
da geografia, ainda que dele se extraia
a matéria-prima.
IV. O pitoresco e o realismo exótico
ganham força pela revisão da tradição
ficcional inaugurada pela obra.
Com relação à obra Sagarana, de Guimarães Rosa, leia as afirmações e assinale a alternativa correta.
I. A tendência regionalista assume caráter de experiência estética universal, fundindo o real e o mítico.
II. A invenção linguística é parte de estudos e levantamento minucioso da língua portuguesa.
III. O sertão é redimensionado para além da geografia, ainda que dele se extraia a matéria-prima.
IV. O pitoresco e o realismo exótico ganham força pela revisão da tradição ficcional inaugurada pela obra.
Leia o poema de Manoel de Barros extraído do
Livro das Ignorãças (1993):
“Ocupo muito de mim com o meu
desconhecer./ Sou um sujeito letrado em
dicionários./ Não tenho mais que 100 palavras./
Pelo menos uma vez por dia me vou no Morais
ou no Viterbo. -/ A fim de consertar minha
ignorãça,/ mas só acrescenta./ Despesas para
minha erudição tiro nos almanaques:/ - Ser ou
não ser, eis a questão./ Ou na porta dos
cemitérios:/ - Lembra que és pó e que ao pó tu
voltarás./ Ou no verso das folhinhas:/- Conhece-te a ti mesmo./ Ou na boca do
povinho:/ - Coisa que não acaba no mundo é
gente besta / e pau seco./ Etc / Etc / Etc / Maior
que o infinito é a encomenda.”
Assinale a alternativa correta.
Leia o poema de Manoel de Barros extraído do Livro das Ignorãças (1993):
“Ocupo muito de mim com o meu desconhecer./ Sou um sujeito letrado em dicionários./ Não tenho mais que 100 palavras./ Pelo menos uma vez por dia me vou no Morais ou no Viterbo. -/ A fim de consertar minha ignorãça,/ mas só acrescenta./ Despesas para minha erudição tiro nos almanaques:/ - Ser ou não ser, eis a questão./ Ou na porta dos cemitérios:/ - Lembra que és pó e que ao pó tu voltarás./ Ou no verso das folhinhas:/- Conhece-te a ti mesmo./ Ou na boca do povinho:/ - Coisa que não acaba no mundo é gente besta / e pau seco./ Etc / Etc / Etc / Maior que o infinito é a encomenda.”
Assinale a alternativa correta.
O conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”
do livro Sagarana (1984), de João Guimarães
Rosa, apresenta uma transformação existencial
que está associada à:
Entre as personagens mais famosas da
Literatura Brasileira estão Iracema (1992), de
José de Alencar, e Capitu do livro Dom
Casmurro (1994), de Machado de Assis. Estas
personagens situadas em contextos diferentes
apresentam traços em comum.
Considerando o fator criticidade, identifique
esses traços.
Sobre a obra literária portuguesa, o Auto da Barca
do Inferno, obra satírica de Gil Vicente (1465 –
1537), é incorreto afirmar.
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se
poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a
minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar
pelo nascimento, duas considerações me levaram
a adotar diferente método: a primeira é que eu
não sou propriamente um autor defunto, mas um
defunto autor, para quem a campa foi outro
berço”.
O fragmento acima pertence à obra de referência
na Literatura Brasileira do séc. XIX, sendo
considerado o primeiro romance realista de nossa
literatura.
Dentre as alternativas, indique o título da referida
obra literária.
A obra Sagarana, de Guimarães Rosa, cinde uma
das mais belas coletâneas de contos/novelas da
Literatura contemporânea do Brasil, segundo a
crítica. Uma de suas narrativas mais densas tem
com enredo a vida de um valentão arrependido
que, depois de ter sido deixado quase morto pelos
capangas do adversário, levou anos a restaurar a saúde do corpo e amansar o espírito sedento de
vingança.
Assinale a alternativa que indica o título a que se
refere o texto.
A obra Sagarana, de Guimarães Rosa, cinde uma das mais belas coletâneas de contos/novelas da Literatura contemporânea do Brasil, segundo a crítica. Uma de suas narrativas mais densas tem com enredo a vida de um valentão arrependido que, depois de ter sido deixado quase morto pelos capangas do adversário, levou anos a restaurar a saúde do corpo e amansar o espírito sedento de vingança.
Assinale a alternativa que indica o título a que se refere o texto.
Aluísio Azevedo tinha estabelecido um plano
como romancista: “traçar um grande painel da
sociedade brasileira, com a intenção declarada de
reunir todos os tipos brasileiros, bons e maus, de
seu tempo e compendiar, em forma de romance,
fatos de nossa vida pública que jamais serão
apresentados pela História”.
Assim, ao lançar, em 1890, O Cortiço, o autor
coloca no romance as seguintes personagens
ficcionais que contracenam, exceto:
“Autos” são modalidades do teatro medieval cujo
assunto é basicamente religioso. No Auto da Barca
do Inferno, de Gil Vicente, e no Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna, a religião
domina os temas.
Assinale a alternativa correta.
“Autos” são modalidades do teatro medieval cujo assunto é basicamente religioso. No Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, e no Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, a religião domina os temas.
Assinale a alternativa correta.