Questõessobre Modernismo

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ULBRA 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

O trecho a seguir pertence a Simões Lopes Neto. Assinale a alternativa correta com relação às suas características.

“Eu, desde guri conheci o lagoão já tapado pelos capins, mas o lugar sempre respeitado como um tremedal perigoso: até contavam de um mascate que aí atolou-se e sumiu-se com duas mulas cargueiras e canastras e tudo... Mais de uma rês magra ajudei a tirar de lá; iam à grama verde e atolavam-se logo, até a papada. Só cruzam ali por cima as perdizes e algum cusco leviano.”

(Contos gauchescos. Editora, Leitura XXI, 2011)

A
A linguagem e a narração em primeira pessoa pertencem ao personagem Blau Nunes, que se tornou um ícone do Romance de 30 no sertão mineiro.
B
As características da linguagem permitem afirmar que o trecho pertence ao conto Meu sertão, característico do neorrealismo brasileiro focado na exaltação da natureza.
C
As características da paisagem permitem afirmar que se trata de obra típica do Realismo brasileiro.
D
Pela paisagem e pelo tema sinalizado, pode-se afirmar que é uma obra típica do regionalismo, cujo protagonista é um retirante nordestino.
E
As expressões tipicamente regionais indicam tratar-se do conto No manantial, narrado em primeira pessoa pelo velho peão e guerreiro Blau Nunes, protagonista do livro.
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CESMAC 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Nova Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente, protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor [...]
Estou farto do lirismo namorador
Político,
Raquítico, Sifilítico.
(Manuel Bandeira)

Este poema de Manuel Bandeira pode ser entendido como:
1) aversão declarada aos cânones aceitos por escolas literárias que privilegiavam a perfeição da ‘forma poética’.
2) manifestação dos novos ideais literários propostos pelas vanguardas do Modernismo brasileiro.
3) expressão da reiterada aspiração de que voltassem os modelos poéticos defendidos pela produção da ‘Arte pela Arte’.
4) demarcação da função estética do fazer poético, a qual se furta a se ajustar aos limites puristas impostos pelas normas linguísticas.
5) anuência ao imaginário das escolas do Romantismo que enalteciam as expressões do lirismo e do envolvimento amoroso.

Estão corretas

A
1, 2, 3, 4 e 5.
B
1, 2 e 4, apenas.
C
1, 3 e 5, apenas.
D
3 e 4, apenas.
E
4 e 5, apenas.
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CESMAC 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Analise o fragmento de um poema, transcrito abaixo.


Procura da poesia


Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

[...]

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

Tem mil faces secretas sob a face neutra

E te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou

terrível, que lhe deres:

Trouxeste a chave?

(Carlos Drummond de Andrade).


O ‘como fazer poesia’ constitui também um tema sobre o qual se debruçaram e se debruçam os autores. Cada poeta é cativo dos cânones de sua escola literária; uns mais, outros menos. No poema mostrado acima, Drummond: 


A
imagina as palavras como plurissignificativas e misteriosas, embora ostentem a aparência de neutralidade.
B
idealiza o leitor da poesia como sendo um mero decodificador diante das muitas faces das palavras.
C
concebe a recepção da poesia como sendo uma atividade solitária; acredita na inutilidade de interagir com as palavras.
D
julga que o encantamento da poesia emana dos sentidos das palavras, que, pelos princípios do Modernismo, se conformam aos ideais europeus.
E
admite que o território das palavras pode ser explorado com o fim de se descobrir os segredos da perfeição poética.
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CESMAC 2019 - Literatura - Modernismo, Realismo, Escolas Literárias

Segundo Afrânio Coutinho, o fragmento “Notas de Teoria literária”:

“A ficção distingue-se de história e da biografia, por estas serem narrativas de fatos reais. A ficção é produto da imaginação criadora, embora, como toda arte, suas raízes mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue das outras formas de narrativa é que ela é uma transfiguração ou transmutação da realidade, feita pelo espírito do artista, este imprevisível e inesgotável laboratório. A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da realidade, uma reinterpretação, uma revisão. É o espetáculo da vida através do olhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade”.

(Afrânio Coutinho. Notas de Teoria Literária).

O fragmento apresentado acima confirma a concepção de que a narrativa de ficção, embora tenha origem na experiência real, seja uma transfiguração da realidade, a exemplo das seguintes criações do Romance brasileiro:

1) Machado de Assis, em Memórias póstumas de Brás Cubas, que dá voz a um defunto, que narra, logo no primeiro capítulo, os pormenores de sua morte.
2) Graciliano Ramos, em Vidas Secas, que pretendendo manter indícios do Simbolismo, afastou-se dos princípios literários românticos.
3) Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas, que optou por transfigurar não apenas traços da realidade, mas entrou pela área linguística e a reinterpretou também.
4) Clarice Lispector, em A hora da Estrela, que, fiel à ficção, questiona sua própria habilidade para compor uma narração no gênero ‘romance’.

Estão corretas

A
1, 2, 3 e 4.
B
2 e 3, apenas.
C
2, 3 e 4, apenas. 
D
1 e 2, apenas.
E
1, 3 e 4, apenas.
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Esamc 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Fabiano, ao refletir sobre suas condições de trabalho, compara-se a um negro que trabalha e nunca recebe carta de alforria. A comparação é baseada na:

A
lembrança do processo escravocrata brasileiro, em que negros trabalhavam como propriedades de seus patrões;
B
ausência de perspectiva de crescimento profissional na fazenda onde trabalha, por motivo de sua limitação intelectual;
C
falta de conhecimento histórico de Fabiano, que se revela preconceituoso ao comparar sua condição à de um escravo;
D
maneira como Fabiano, aos poucos, conquista melhoras em sua condição de trabalho, enquanto os escravos não obtinham alforria.
E
aproximação de Fabiano aos seus antepassados, escravos negros alforriados; entretanto, Fabiano continua sem real liberdade.
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CÁSPER LÍBERO 2012 - Literatura - Vanguardas Europeias, Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Lembrança do mundo antigo, apresentado a seguir, que integra Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar que o poema:


Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos.Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

A
opõe a um mundo injusto e brutal – que se cobria de sangue, quando o poeta o concebeu – a tranquilidade, os atos simples da vida que parecem mitológicos, fábulas de um passado extinto.
B
integra a fase surrealista do poeta, na qual ele elabora uma síntese de elementos quotidianos tratados como fantásticos e descreve cenas de absoluta suprarrealidade.
C
é um retrato fraternal e solidário de um tipo de experiência social vivida largamente na década de 1940, quando o poeta o concebeu. Experiência essa que desconhece a tristeza e abraça o mais veemente lirismo, calcado na experimentação linguística.
D
retrata o mundo caduco que se anunciou com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, mas o poeta entusiasma-se com uma nova ordem social que deixa de ser imaginária e se transforma em realidade palpável.
E
registra fotograficamente o cotidiano da década de 1930 – época em Sentimento do mundo foi publicado –, o terra-a-terra mais elementar, levando a fotografia a assumir elevações de símbolo.
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CÁSPER LÍBERO 2012 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que caracteriza corretamente Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade:

A
Prevalecem no livro longas e densas descrições sem comentários de um mundo absurdo e sem sentido, como se os poemas fossem espelhos da vida circunstante.
B
O poeta troca o registro meramente descritivo pela acentuação do humor, presente em tantos poemas. Neles, a “vida besta” se dilui como algo exterior para interiorizar-se, fazer-se estado de espírito.
C
Há no livro um misto de condenação e de esperança: condenação do mundo errado, esperança de um mundo certo, cheio de beleza e de justiça. O mundo caduco é enterrado em numerosos poemas, e entrevê-se, utopicamente, a vida futura.
D
É um livro de suavização: embora ainda se irrite vez por outra, ou ressuscite o complexo de culpa, o poeta se entrega ao amor crepuscular, pacifica-se dos velhos ressentimentos e declara que o espetáculo do mundo pede para ser visto.
E
Mudando os próprios rumos, o poeta recrimina-se diante dos morticínios, da guerra, da trucidação coletiva e por não ter escutado “voz de gente”, isto é, por não ter participado dos problemas de seus semelhantes.
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EINSTEIN 2018 - Literatura - Simbolismo, Modernismo, Realismo, Escolas Literárias, Arcadismo, Romantismo

 Se, na Europa, este movimento é um protesto cultural, se o “mal do século”, a saudade do paraíso perdido são as consequências da industrialização e da ascensão da burguesia; no Brasil, onde a sociedade do Império compreende apenas grandes proprietários escravocratas e uma burguesia nascente, o movimento, produto de importação, corresponde a uma afirmação nacionalista.                     


   (Paul Teyssier. Dicionário de literatura brasileira, 2003. Adaptado.)


O movimento a que o texto se refere é o

A
Simbolismo.
B
Realismo.
C
Arcadismo.
D
Romantismo.
E
Modernismo.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar que:

A
O conto “Amor” trata do sentido do espanto de Ana perante o cego. Na narrativa, a palavra diária capta essa apreensão dos atos e das coisas falsamente estáticas e parece confirmar sua insignificância.
B
Em “A imitação da rosa”, Armanda pressente o perigo da beleza das rosas, mas não se desvencilha delas, guardando-as como a um troféu. Maneira eficaz de converter um perigo em prova de gentileza consigo mesma.
C
No conto “Feliz aniversário”, a autora, em vez de retratar a falsa alegria que trazem os parentes da velha aniversariante – com palavras, gestos e animação simulados –, prefere explorar o silêncio interior da anciã amargurada.
D
Em “O búfalo”, a personagem adota a prática anarquista do amor cristão ante a dificuldade de odiar.
E
No conto “Uma galinha”, a personagem escapa da sua situação de mediocridade confortável ao lutar contra a domesticação de si mesma e da natureza.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que caracteriza corretamente os versos do poema Consoada, que integra a coletânea 50 poemas escolhidos pelo autor, de Manuel Bandeira, apresentados a seguir:


Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
– Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

A
À primeira vista, o leitor se encontra diante do mero registro de um momento banal. Trata-se do instante do repousar de um sujeito solitário em seu quarto, numa noite escura e serena, quando tudo parece convidar ao recolhimento e à prolongação do repouso.
B
A matéria do poema parece ter passado por um processo de simplificação para virar poesia. A morte indesejada de um pobre-diabo, logo depois de esbaldar-se, tem, pela natureza do assunto e dos dados escolhidos, o ar da ocorrência banal, contada a seco, sem comentário ou explicação.
C
O poema trata de uma aparição da Morte aos olhos de um sujeito, que, estático, desfruta o momento, impulsionado pelo vislumbre da relação sensorial, intelectual e afetiva que ele estabeleceu até aquele momento com a vida.
D
A musicalidade do poema suscita o livre devaneio diante da Morte: segue o movimento natural do sono, induzindo ao sonho e evocando, através dele, o mito, que religa em imagem os elementos materiais do cotidiano.
E
O poema parece consistir num pequeno quadro da espera de uma ceia ou refeição noturna: um Eu aguarda, com algumas expectativas, a chegada, ao cair da noite, de uma visita esperada. A convidada imaginária, que ele não sabe como tratar, é obviamente a Morte, a que alude apenas de forma oblíqua, mas decide recebê-la com naturalidade.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Laços de família, de Clarice Lispector, é correto afirmar que:

A
A autora trata de uma realidade criada, acidentalmente situada em uma região precisa, através da qual os personagens são vistos como seres fatalmente cercados pela violência e pela desgraça.
B
O conflito espiritual e a introspecção compreendem a tônica dos contos, nos quais os personagens desnudam-se diante do leitor, arrancados que foram de sua dolorosa solidão.
C
A autora articula os problemas sociais do tempo com os grandes e eternos problemas do homem, voltando seus olhos para a burguesia, classe que vive cotidianamente a experiência do ódio, da piedade, da caridade e do egoísmo.
D
Os contos expressam uma visão penetrante das situações familiares, sobre as quais a autora projeta um olhar simultaneamente demorado e instantâneo, procurando captar as reações íntimas das personagens.
E
Contista da linha introspectiva, levando a problemática do homem ao extremo limite, a autora explora enredos de aparência simples, no geral acontecendo no meio do agreste, mas de grande complexidade subjetiva e simbólica.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que caracteriza corretamente os versos do poema Maçã, que integra a coletânea 50 poemas escolhidos pelo autor, de Manuel Bandeira, apresentados a seguir:


Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre de cujo umbigo pende ainda
[o cordão placentário

És vermelha como o amor divino

Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente

E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.

A
Logo à primeira vista, o poema chama a atenção pelo aspecto gustativo. A figura da maçã impõe-se ao leitor, desde o princípio, como um objeto para o paladar.
B
A figura da maçã impõe-se ao leitor, desde o princípio, como um objeto para o olhar. O efeito geral é o de um quadro estático, onde apenas se desloca o olhar e palpita a vida latente – espécie de natureza morta.
C
A maçã é vista unicamente por fora, mediante comparações em que se distinguem, antes, suas formas por lados opostos; em seguida, a plenitude de sua cor.
D
A maçã é vista unicamente por dentro, até a intimidade das sementes e a latência de vida em seu interior.
E
A maçã é olhada diversas vezes, por partes, no todo e por dentro, até ser situada no tempo histórico, em relação a alguns eventos importantes para o poeta.
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UEG 2019 - Literatura - Vanguardas Europeias, Modernismo, Escolas Literárias

Nota-se, tanto no poema quanto na pintura apresentados, o retrato de um sentimento de


MUNCH, Edvard. Kneeling Female Nude Crying, (1919).Disponível em:<https://br.pinterest.com/pin/256494141249676234/?lp=true>. Acesso em: 12 mar. 2019.




Soneto da separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


MORAES, Vinícius de. Soneto da separação. In: Antologia poética.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.177.

A
angústia
B
arrependimento
C
contentamento
D
êxtase
E
recato
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UEG 2019 - Literatura - Vanguardas Europeias, Modernismo, Escolas Literárias

O soneto, embora modernista, é modulado por um tom romântico, ao passo que a pintura é


MUNCH, Edvard. Kneeling Female Nude Crying, (1919).Disponível em:<https://br.pinterest.com/pin/256494141249676234/?lp=true>. Acesso em: 12 mar. 2019.




Soneto da separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


MORAES, Vinícius de. Soneto da separação. In: Antologia poética.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p.177.

A
realista, porque mimetiza a realidade epidérmica.
B
surrealista, pois dialoga com o automatismo psíquico.
C
impressionista, já que contrasta tons claros e escuros.
D
dadaísta, uma vez que indica o niilismo perante a vida.
E
expressionista, por revelar realidades subjetivas e emocionais.
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UFPR 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:

- Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
da tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre
com a mesma chama mortiça.
[...]

Sim, o melhor é apressar
o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se finda.

(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-187.)

Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.

A
O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com lamparinas, e, nessa situação, a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada pelas limitações da época e por sua própria ignorância.
B
A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que Severino testemunha ao longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um fator de atraso na vida dos nordestinos.
C
Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos desenvolvidas da Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições naturais, mas por uma estrutura social excludente.
D
O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua terra, visto que, sem preparo, eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a pena procurar desenvolver sua própria região.
E
Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua viagem havia sido inútil, entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio Capibaribe.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Segundo Alfredo Bosi, em “História concisa da literatura brasileira”, “o realismo de Graciliano não é orgânico nem espontâneo. É crítico. O ‘herói’ é sempre um problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo” (BOSI, 1982, p. 454). Entre as passagens do livro “São Bernardo” abaixo descritas, aponte aquela que NÃO corrobora a afirmação do referido estudioso:

A
“Os outros continuavam a zumbir. Sebo! Uns insetos. Não valia a pena prestar atenção a semelhantes insignificâncias. Gente besta.”
B
“O mundo que me cercava ia-se tornando um horrível estrupício. E o outro, o grande, era uma balbúrdia, uma confusão dos demônios, estrupício muito maior.”
C
“Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro [...]”.
D
“Conforme declarei, Madalena possuía um excelente coração. Descobri nela manifestações de ternura que me sensibilizaram.”
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FGV 2012 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Texto para as questão.


Poema


Encontrado por Thiago de Mello

No Itinerário de Pasárgada


Vênus luzia sobre nós tão grande,

Tão intensa, tão bela, que chegava

A parecer escandalosa, e dava

Vontade de morrer.

Manuel Bandeira



Nesse breve poema de Bandeira, manifesta-se um aspecto que alguns de seus principais estudiosos consideram central e decisivo na obra do poeta, a saber,

A
a aversão tipicamente modernista ao belo natural.
B
a rejeição do que é grande e, também, do que é sublime.
C
o sestro romântico de transfigurar a paisagem.
D
a conjugação da maior expansão vital e do sentimento de morte.
E
o erotismo de caráter amoral, que contamina todo o cosmo.
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FAG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

A respeito do Romance “Dôra, Doralina” de Rachel de Queiroz, assinale a alternativa correta:

A
No título do poema é possível perceber a preocupação do eu lírico em relação ao seu futuro e ao de sua família caso viesse a falecer. Uma das características mais marcantes do movimento romântico o eu lírico fantasia sobre o momento de sua morte.
B
Observa-se a dimensão simbólica do indivíduo em retornar para casa, é o momento do resgate da identidade da personagem, pois, a mesma afirma: “O círculo se fechou, a cobra mordeu o rabo: eu acabei voltando para a Soledade. Voltava sozinha, voltava de vez. E era diferente”.
C
Permanece o lirismo, a que se acrescenta agora o sensualismo vazado num erotismo que oscila entre o explícito e o requintado; mas essa sensualidade não vulgariza o amor, que sempre aparece como sentimento nobre e transcendente.
D
É uma obra onde se entrelaçam o novelesco e o lírico, através de um narrador em primeira pessoa. Traz uma narrativa pesada, cheia de confusões; protestos; abstenções; amor de irmão com irmã deixando a narrativa ostensiva e cansativa.
E
O sentimento da injustiça, da solidão, da saudade, o temor do futuro e a perspectiva da morte rompem constantemente o equilíbrio clássico. As convenções, embora ainda presentes, não sustentam o equilíbrio neoclássico.
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FAG 2019 - Literatura - Barroco, Simbolismo, Modernismo, Escolas Literárias, Romantismo

Considerando a inserção do Conto “O homem que sabia javanês” nos estilos de época da literatura brasileira, a obra de Lima Barreto pertence ao:

A
Pré-Modernismo, pois apresenta tom coloquial através de linguagem simples e de fácil entendimento.
B
Romantismo, visto que se apresentam impregnados de forte emoção com a intenção de fugir da realidade.
C
Modernismo, pois utiliza o diálogo em sua composição, estratégia comum aos primeiros poetas modernos.
D
Simbolismo, pois se utiliza do soneto, gênero poético clássico cultuado pelos poetas vinculados à tradição.
E
Barroco, marcada por uma forte linguagem culta e erudita.
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ULBRA 2011 - Literatura - Modernismo, Realismo, Escolas Literárias

A partir dos anos de 1950, um fenômeno marca a ficção brasileira, que é um conjunto de relatos focalizados no mundo rural, mas distantes do padrão realista centrado no chamado romance de 30. Nesse contexto, localiza-se o romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, cuja publicação, em 1956, abre espaço para um novo modelo narrativo no país. Sobre esse romance e tendência, marque a alternativa INCORRETA.

A
Em Grande sertão: veredas, o espaço narrado é lugar de conflitos entre o mundo rural e o mundo urbano.
B
Em Grande sertão: veredas, o espaço sertanejo é descrito em minúcias, sendo, pois, o ponto de partida da história.
C
Guimarães Rosa, em Grande sertão: veredas, mostra personagens que questionam o mundo e a si próprios, buscando repostas para sua existência.
D
A personagem Riobaldo, ex-jagunço, em Grande sertão: veredas, decide narrar sua vida a um doutor que não fala, limita-se a escutar, a fazer alguns poucos gestos e a rir de vez em quando.
E
A presença do demônio é irrelevante no romance de Guimarães Rosa, pois Riobaldo tem dúvidas quanto à existência desse ser, mostrando, ao final, que teme o desconhecido.