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IF Sudeste - MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia atentamente o poema a seguir.

TRISTE HORIZONTE

Por que não vais a Belo Horizonte? a saudade cicia
e continua branda: Volta lá.
Tudo é belo e cantante na coleção de perfumes
das avenidas que levam ao amor,
nos espelhos de luz e penumbra onde se projetam
os puros jogos de viver.
Anda! Volta lá, volta já.

E eu respondo, carrancudo: Não.
Não voltarei para ver o que não merece ser visto,
o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser.
Não o passado cor-de-cores fantásticas,
Belo Horizonte sorrindo púbere núbil sensual sem malícia,
lugar de ler os clássicos e amar as artes novas,
lugar muito especial pela graça do clima
e pelo gosto, que não tem preço,
de falar mal do Governo no lendário Bar do Ponto.
Cidade aberta aos estudantes do mundo inteiro, inclusive Alagoas,
"maravilha de milhares de brilhos vidrilhos"
mariodeandrademente celebrada.
Não, Mário, Belo Horizonte não era uma tolice como as outras.
Era uma provinciana saudável, de carnes leves pesseguíneas.
Era um remanso, era um remanso
para fugir às partes agitadas do Brasil
sorrindo do Rio de Janeiro e de São Paulo: tão prafentrex, as duas!
e nós lá: macio-amesendados
na calma e na verde brisa irônica. . .

Esquecer, quero esquecer é a brutal Belo Horizonte
que se empavonava sobre o corpo crucificado da primeira.
Quero não saber da traição de seus santos.
Eles a protegiam, agora protegem-se a si mesmos.
São José, no centro mesmo da cidade, explora estacionamento de automóveis.
São José dendroclasta não deixa de pé sequer um pé-de-pau
onde amarrar o burrinho numa parada no caminho do Egito.
São José vai entrar feio no comércio de imóveis,
vendendo seus jardins reservados a Deus.
São Pedro instala supermercado.
Nossa Senhora das Dores,
amizade da gente na Floresta,
(vi crescer sua igreja à sombra do Padre Artur)
abre caderneta de poupança,
lojas de acessórios para carros,
papelaria, aviários, pães-de-queijo.

Terão endoidecido esses meus santos
e a dolorida mãe de Deus?
Ou foi em nome deles que pastores
deixam de pastorear para faturar?
Não escutem a voz de Jeremias
(e é o Senhor que fala por sua boa de vergasta):
"Eu vos introduzi numa terra fértil,
e depois de lá entrardes a profanastes.
Ai dos pastores que perdem e despedaçam
o rebanho de minha pastagem!
Eis que os visitarei para castigar a esperteza de seus desígnios".

Fujo
da ignóbil visão de tendas obstruindo as alamedas do Senhor.
Tento fugir da própria cidade, reconfortar-me
em seu austero píncaro serrano.
De lá verei uma longínqua, purificada Belo Horizonte
sem escutar os rumos dos negócios abafando a litania dos fiéis.
Lá o imenso azul desenha ainda as mensagens
de esperança nos homens pacificados - os doces mineiros
que teimam em existir no caos e no tráfico.
Em vão tento a escalada.
Cassetetes e revólveres me barram
a subida que era alegria dominical de minha gente.
Proibido escalar. Proibido sentir
o ar de liberdade destes cimos,
proibido viver a selvagem intimidade destas pedras
que se vão desfazendo em forma de dinheiro.
Esta serra tem dono. Não mais a natureza
a governa. Desfaz-se, com o minério
uma antiga aliança , um rito da cidade. Desiste ou leva bala. Encurralado todos,
a Serra do Curral, os moradores
cá embaixo. Jeremias me avisa:
"Foi assolada toda a serra; de improviso
derrubaram minhas tendas, abateram meus pavilhões.
Vi os montes, e eis que tremiam.
E todos os outeiros estremeciam.
Olhei a terra, e eis que estava vazia,
sem nada nada nada".

Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez
o impróprio convite.
Não quero mais, não quero ver-te,
meu Triste Horizonte e destroçado amor.

ANDRADE, Carlos Drummond de. “Triste horizonte”. In: Estado de Minas, 2o caderno, p. 1, 15 ago. 1976.

Em relação ao poema, analise as assertivas a seguir.

I. Carlos Drummond de Andrade lamenta as perdas sofridas e anseia esquecer as discrepâncias entre a cidade de que se lembra afetivamente e a que se ergue diante de seu olhar.
II. Pode-se dizer que o pacato e o efêmero, a tradição e a modernidade são contradições que foram registradas por Carlos Drummond de Andrade.
III. O receio de Carlos Drummond de Andrade em retornar a Belo Horizonte se relaciona à inconformidade com as transformações que atravessaram a cidade.
IV. Carlos Drummond de Andrade demonstra um receio de aceitar o convite de seu alterego de retornar à cidade de Belo Horizonte.

Marque a alternativa CORRETA.

A
Somente as alternativas I e II estão corretas.
B
Somente as alternativas II e III estão corretas.
C
Somente as alternativas III e IV estão corretas.
D
Somente a alternativa III está correta.
E
Somente as alternativas I, II e III estão corretas.
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IF Sudeste - MG 2018 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Leia atentamente o fragmento I-Juca-Pirama.

Em fundos vasos d'alvacenta argila

Ferve o cauim;

Enche-se as copas, o prazer começa,

Reina o festim.


O prisioneiro, cuja morte anseia,

Sentado está,

O prisioneiro, que outro sol no ocaso

Jamais verá!


A dura corda, que lhe enlaça o colo,

Mostra-lhe o fim

Da vida escura, que será mais breve

Do que o festim!


Contudo os olhos d'ignóbil pranto

Secos estão;

Mudos os lábios não descerram queixas

Do coração.


Mais um martírio, que encobrir não pode

Em rugas faz

A mentirosa placidez do rosto

Na fronte audaz!


Que tens, guerreiro? Que temor te assalta

No passo horrendo?

Honra das tabas que nascer te viram,

Folga morrendo.


Folga morrendo; porque além dos Andes

Revive o forte,

Que soube ufano contrastar os medos

Da fria morte.


GONÇALVES, Dias. Poesia e Prosa Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998, p. 380-381.


Considerando o poema como um todo e seu conhecimento sobre o Romantismo brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.

A
O fragmento demonstra que o índio é uma figura destemida da morte e das atrozes ações humanas que o homem “civilizado” impôs a ele.
B
O fragmento demonstra que o índio sabe lidar com seus medos e angústias como qualquer outro homem dito “civilizado”.
C
O fragmento demonstra que o índio é uma figura que representa a 3ª geração romântica, preocupada com questões sociais e mais próxima da literatura realista.
D
O fragmento demonstra que o índio será sacrificado por seus inimigos, mas não se queixará de seu destino nem chorará pela sua morte, já que pretende ser tomado como espectro do homem dito “civilizado”.
E
O fragmento demonstra que o heroísmo indígena é essencial para a geração que procurava afirmar a identidade cultural de uma nação recém-constituída.
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IF Sudeste - MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia atentamente o poema que se segue.


BUSCANDO A CRISTO


A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas abertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.


MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro/Cultrix, s.d., p. 282.


Marque a alternativa CORRETA que melhor expressa o desejo do eu lírico no último terceto.

A
A consciência de que Deus está a sua espera para que haja remissão dos pecados.
B
A união espiritual com Cristo representado pelo desejo de união física.
C

A proximidade de se estar perto de uma cruz quando acometido por problemas.

D
A necessidade do castigo para que os pecados sejam perdoados.
E
A busca do perdão enquanto se está no plano terreno para a salvação da alma.
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IF Sudeste - MG 2018 - Literatura - Escolas Literárias, Arcadismo

Analise as seguintes proposições a respeito do Arcadismo.

I. Pode-se dizer que o pastor convida sua amada a gozar o quanto antes os prazeres do amor, porque a vida é breve, e o futuro é incerto.
II. Pode-se dizer que o eu-lírico idealiza uma paisagem agradável e propícia aos encontros amorosos.
III. Pode-se dizer que se trata de uma época de lutas e polêmicas religiosas que valorizou muito a arte da oratória, tendo como um de seus maiores expoentes Gregório de Matos.
IV. Pode-se dizer que, contrariamente à arte do Renascimento, o Arcadismo pregava uma exaltação dos sentimentos, e a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, envolvendo emocionalmente os ouvintes.

Marque a alternativa CORRETA.

A
Somente a alternativa I está correta.
B
Somente a alternativa II está correta.
C
Somente a alternativa III está correta.
D
Somente as alternativas I e II estão corretas.
E
Somente a alternativa III e IV estão corretas.
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IF Sudeste - MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia atentamente o texto apresentados a seguir.

TEXTO 1
Saudosa Maloca

Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contá
Que acá onde agora está
Esse adifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado

Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derrubá

Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração

Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"

E hoje nós pega páia nas gramas do jardim
E prá esquecê, nós cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossas vidas.

BARBOSA, Adoniran. Saudosa maloca. Disponível em: <http://m.letras.mus.br/adoniranbarbosa> . Acesso em: 17 abr. 2018.


Analise as seguintes proposições a respeito do texto I.
I. A canção trata do processo de urbanização dos grandes centros urbanos que transforma as casas em edifícios.
II. A canção trata de três homens expulsos da casa abandonada que haviam invadido porque em seu lugar será construído um edifício.
III. A canção tematiza a moradia, mas pelo lado daqueles que não a possuem.

Marque a alternativa CORRETA.

A
Somente as alternativas I e II estão corretas.
B
Somente as alternativas II e III estão corretas.
C
Somente a alternativa I está correta.
D
Somente a alternativa III está correta.
E
As alternativas I, II e III estão corretas.
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IF Sudeste - MG 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o seguinte soneto.

RECORDO AINDA...

Recordo ainda... e nada mais me importa...

Aqueles dias de uma luz tão mansa

Que me deixavam, sempre, de lembrança,

Algum brinquedo novo à minha porta...


Mas veio um vento de Desesperança

Soprando cinzas pela noite morta!

E eu pendurei na galharia torta

Todos os meus brinquedos de criança...


Estrada afora após segui... Mas, aí,

Embora idade e senso eu aparente

Não vos iludais o velho que aqui vai:


Eu quero os meus brinquedos novamente!

Sou um pobre menino... acreditai!...

Que envelheceu, um dia, de repente!...


QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 2003, p. 42.


Marque a alternativa que identifica CORRETAMENTE o eu lírico do soneto.

A
Um senhor idoso nos momentos finais de sua vida.
B
Um jovem que devaneia sobre a velhice.
C
Um homem adulto que recorda momentos alegres de sua infância.
D
Um menino pobre que imagina como seria sua velhice.
E
Uma criança que está fazendo uso de seus brinquedos.