Questão a7d74ba1-b6
Prova:IF Sudeste - MG 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia atentamente o poema que se segue.


BUSCANDO A CRISTO


A vós correndo vou, braços sagrados,

Nessa cruz sacrossanta descobertos

Que, para receber-me, estais abertos,

E, por não castigar-me, estais cravados.


A vós, divinos olhos, eclipsados

De tanto sangue e lágrimas abertos,

Pois, para perdoar-me, estais despertos,

E, por não condenar-me, estais fechados.


A vós, pregados pés, por não deixar-me,

A vós, sangue vertido, para ungir-me,

A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me.


A vós, lado patente, quero unir-me,

A vós, cravos preciosos, quero atar-me,

Para ficar unido, atado e firme.


MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (org.). Gregório de Matos: poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro/Cultrix, s.d., p. 282.


Marque a alternativa CORRETA que melhor expressa o desejo do eu lírico no último terceto.

A
A consciência de que Deus está a sua espera para que haja remissão dos pecados.
B
A união espiritual com Cristo representado pelo desejo de união física.
C

A proximidade de se estar perto de uma cruz quando acometido por problemas.

D
A necessidade do castigo para que os pecados sejam perdoados.
E
A busca do perdão enquanto se está no plano terreno para a salvação da alma.

Gabarito comentado

I
Igor Valente Monitor do Qconcursos

Comentário da questão – Interpretação de Texto Poético

Tema central: A questão exige interpretação do texto poético, destacando como o eu lírico expressa seu desejo de comunhão com Cristo nos versos finais. Trata-se de compreender o sentido figurado e espiritual das imagens presentes no último terceto do poema de Gregório de Matos.

Justificativa da alternativa correta (B): A alternativa B – "A união espiritual com Cristo representado pelo desejo de união física." – está correta porque, nos versos finais, o eu lírico fala em unir-se ao "lado patente" e atar-se aos "cravos preciosos", finalizando com o desejo de permanecer "unido, atado e firme". Essa linguagem, típica da metonímia (figura em que a parte representa o todo), revela que o verdadeiro objetivo é uma união espiritual, simbolizada pelos elementos físicos da crucificação. Conforme Cunha & Cintra, a metonímia permite aprofundar o sentimento religioso tornando-o concreto no poema.

Análise das alternativas incorretas:

A) Fala da espera passiva pela remissão dos pecados, mas o terceto mostra ação e desejo de aproximação do eu lírico, não apenas consciência da espera.

C) Reduz o poema à ideia de aproximação física com a cruz diante de dificuldades, o que limita a profundidade simbólica do desejo do eu lírico presente no último terceto.

D) Menciona a "necessidade do castigo", interpretação incompatível com a tônica do poema, que exalta o acolhimento e o perdão divinos.

E) Embora aborde a busca pelo perdão, não traduz o desejo explícito de “união” que se evidencia nos versos finais.

Estratégias de Interpretação: Atente sempre ao sentido figurado dos vocábulos, palavras de ação (unir, atar), e à progressão das ideias do poema. No soneto, a conclusão geralmente traz a síntese, aqui representada pelo desejo de união espiritual.

Referência: Bechara e Cunha & Cintra destacam que, nesse tipo de poesia, os elementos físicos remetem à representação simbólica do sagrado (metonímia) e o sentido pleno decorre da união de forma e conteúdo.

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